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A derrota do Presidente

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.12.08

A maior parte dos comentadores olha para a situação criada pelo conflito entre o Presidente e a Assembleia da República como um braço de ferro alimentado por Sócrates e pelo PS, não se sabe exactamente com que objectivo.

 

Como já aqui defendi, eu penso exactamente o contrário. Houve uma aposta política de Cavaco Silva que resolveu, a propósito da aprovação do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, independentemente das razões que lhe possam assistir, criar um incidente institucional, querendo forçar a Assembleia da República a rever uma lei que tinha sido aprovada por unanimidade. Não tendo pedido a fiscalização do artigo que motivou o veto político, Cavaco Silva arriscou e perdeu.

 

Perdeu não por causa de Sócrates e do PS. Perdeu por causa de toda a Assembleia da República. Os partidos com representação parlamentar, embora protestando o seu acordo com o Presidente, votaram outra vez favoravelmente o Estatuto, com excepção do PSD. Este , com a incrível falta de credibilidade e de senso a que nos tem habituado, falou muito, muito, muito, a favor do Sr. Presidente, que tinha toda a razão, mas absteve-se na votação e deu liberdade de voto para votar a favor, mas não contra.

 

Ou seja, Cavaco Silva jogou politicamente e perdeu. Ao dramatizar a situação como o fez, na primeira comunicação e nesta última, falando inclusivamente do irregular funcionamento das Instituições, de grave revés para a democracia, de falta de lealdade institucional, e não tendo levado até ao fim essa posição com a dissolução da Assembleia da República, o Presidente prestou um mau serviço ao país.

 

Adenda: não deixa de ser interessante o afã de Santana Lopes em comentar...

 

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publicado às 23:57


10 comentários

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De António P. a 30.12.2008 às 00:22

Boa nooite Sofia,
No fim do discurso do Presidente esta noite dei por mim, na minha solidão alentejana, a pensar exactamente o mesmo do que escreve neste belo post.
Acho que tem razão, nomeadamente no ponto de qual o objectivo da eventual guerra que alguns dizem que o PS queria comprar.
Cumprimentos
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De escrevinhadora a 30.12.2008 às 12:23

Concordo consigo e parece-me que Cavaco é transparente: o que ele quer é um sistema presidencialista, ponto final.
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De jrd a 30.12.2008 às 15:35

Os Açores já foram descobertos há muito por um tal Gonçalo Velho (?).
Cavaco vai ter de mudar de águas se quiser comprar uma batalha naval com vista às próximas eleições.
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De Ricardo S a 30.12.2008 às 16:20

Não podia estar mais de acordo, cara Sofia.
Subscrevo na integra.
Cumprimentos e boas entradas.
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De lino a 30.12.2008 às 18:57

Excelente posta! Totalmente de acordo.
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De Quintanilha a 30.12.2008 às 19:15

Concordo plenamente consigo. A legitimidade da Assembleia da República é tanta ou maior que a do Presidente da República. O que quer o homem?
Penso que, se existe algum "braço-de-ferro" ao Presidente Cavaco Silva se deve.
Uma caixa de Kompensan para o nosso Presidente se faz favor!
Agora falta a vingança. Ela aparecerá, ou não conheça eu os algarvios!
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De Quintanilha a 30.12.2008 às 19:22

Mais ainda: Na hipótese de dissolução da Assembleia da República, defendida por alguns, se o Eng. Sócrates viesse a ganhar de novo as eleições, o que era muito provável que acontecesse, qual o papel do Presidente Cavaco Silva? Não teria ele que se demitir?
Porque é que os comentadores pa praça ainda não se lembraram de explorar este tema?
Ou será que não dá jeito?

Sabe qual é a minha opinião? Cavaco Silva irá ser o primeiro Presidente a não fazer um segundo mandato.
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De Exsocialista a 31.12.2008 às 14:36

Não sendo um apreciador de Cavaco, acho que esta comunicação foi direitinha para o não Eng. Sócrates(recordo que nem a Ordem o reconheceu)trata-se de uma zanga de comadres ou talvez mais de dois galos a disputarem o galinheiro que é Portugal, pobre País. Bom 2009 a todos que aqui vêm particularmente para a Sofia
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De Quintanilha a 01.01.2009 às 12:29

Cavaco Silva convive mal com a democracia. O "servente de pedreiro" Sócrates (já que o xôr está tão incomodado com o título da criatura) pouco tem a ver com o assunto. O documento foi aprovado por maioria na Assembleia da República que tem tanta ou mais legitimidade para o fazer que o Presidente Cavaco. A vontade política e pessoal de Cavaco Silva não se pode sobrepôr a uma assembleia da República.
Parece que o homem ainda não entendeu isto!
Então ele que tenha a coragem de dissolver a Assembleia e vai ver o que lhe acontece!
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De Sofia Loureiro dos Santos a 31.12.2008 às 19:10

Obrigada a todos pelos comentários. Bom 2009, que deverá ser um interessante ano, pelo menos em termos políticos.

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