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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Sempre achei estranha a súbita e explosiva proliferação de unidades privadas de saúde nos últimos anos, pelo número e pela dimensão. Que me lembre, só na área da grande Lisboa, abriram dois grandes hospitais com valências de cuidados intensivos, urgências e oncologia: o Hospital dos Lusíadas (HPP Saúde) e o Hospital da Luz (Espírito Santo Saúde), para além de unidades mais pequenas, como as Clínicas CUF Cascais e CUF Torres Vedras (José de Mello-Saúde).
Não conseguia perceber se haveria capacidade económica na população para poder arcar com seguros de saúde que comportassem tratamentos oncológicos, por exemplo, ou internamentos prolongados em unidades de cuidados intensivos, ou terapêuticas onerosas para doenças do tipo da SIDA.
A partir desta notícia, que cita José Manuel Boquinhas, administrador dos HPP - Espero que a ideia de integrar os privados na rede (oncológica) vá para a frente - ficou tudo bastante mais claro. Como o próprio artigo indica, os doentes iniciam os tratamentos nos hospitais privados, os que dão lucro ao hospital e às seguradoras, e quando se lhes acaba a capacidade económica, são transferidos para o sistema público de saúde que, obviamente, não os pode recusar. Segundo o DN isto passa-se com 20 a 50% dos doentes oncológicos.
Como não há, de facto, poder económico que permita pagar seguros para a totalidade das despesas de saúde, os hospitais privados deixaram de ter clientes para se sustentarem. Daí a necessidade de acordos para entrarem nas redes de cuidados de saúde do SNS. Passará o estado a ser o seu cliente e pagador. Por vontade deles seria o estado a viabilizar economicamente estes projectos que, pelo menos agora, se revelam desajustados da realidade do país.
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