É um comentário na linha dos que se ouvem em Portugal vindos de direita e "esquerda". Sobre os "direitos adquiridos", os "feriados a mais", etc... Como sabe, sou estrangeiro, e a pesar de que a minha vida laboral tem-se desenvolvido em Portugal, tenho a experiencia de ter trabalhado no meu pais. Além disso, tenho amigos espalhados por toda Europa a trabalhar. E pelo que sei e me contam, Portugal tem o pior sistema de desemprego, indemnizações e assistência social da Europa ocidental . Os salários mínimo e médio mais baixos, um dos mais baixos, complexos e injustos sistemas assistência ao desemprego, menos feriados (tendo em conta que os que calham em fim de semana se perdem, coisa que NEM NO JAPÃO ), e a possibilidade do trabalhador ter de indemnizar a própria empresa se deixa o seu posto sem o aviso prévio, e enquanto as 40 horas semanais eram uma conquista bem antiga noutras latitudes, cá se fazia a de 42h , numa de (se calhar) deixar clarinho que as coisas não eram assim por cá. E isso, com uma das maiores cargas fiscais e de pagamentos à SS do occidente.
No entanto, convém dizer, que também é surpreendente, no outro lado, o alto absentismo laboral, a noção do trabalho como simples presença fisica (ah, maldita fidalguia) e a pouca produtividade, que se entende quando olhamos para o ritmo de trabalho de quase todos os sectores, e que levava a situações absurdas como ao facto de que na Azambuja, a produção de cada carro custasse 500 euros mais do que custa em Saragoça, onde o ordenado médio de um trabalhador da empresa era de 2,5 vezes o da Azambuja. Tendo em conta que a mão de obra é o que encarece os produtos, é como para fazer-se muitas perguntas.
Ou seja, por um lado temos um mal funcionamento e má formação dos profissionais, aliada a ordenados exagerados dos quadros superiores (gestores). Mas não se pode culpar às "benesses" excessivas dos trabalhadores portugueses. Porque ganham mal e estão desprotegidos. E muito. Por isso, quando vão para fora, qualquer coisa lhes parece bem. É assim que assistimos a alguns casos de exploração.
E ai gostava de ver eu ao cansativo Carvalho da Silva, que está enquistado no cargo do seu sindicato, ao qual, em 8 anos, não vi conseguir NADA em termos de direitos laborais. Só agitou, chateou, arrastou a greves e afinal, estamos igual ou pior que nunca.
Comecem a chover as galhetas...