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O modelo alternativo

por Sofia Loureiro dos Santos, em 09.11.08

Mesmo que muito desagradada com a forma com algumas pessoas comentaram os meus posts anteriores, não deixo de procurar informação, quando me dizem que estou desinformada.

 

Uma comentadora (ceu) ordenou-me que fosse ao site da FENPROF, pois havia lá um modelo alternativo de avaliação do desempenho dos professores, para discussão pública.

 

Eu fui. Lá está o modelo alternativo, disponível também em pdf (desdobráveis A e B). Vou transcrever alguns parágrafos dos documentos:

 

(...) A FENPROF assume as suas posições de contestação ao modelo imposto pelo ME e as suas responsabilidades na construção de uma alternativa. O estabelecimento de quotas na avaliação e a criação de duas categorias que, só por si, determinam que mais de 2/3 dos docentes não chegarão ao topo da carreira, completam o quadro político, administrativo e economicista de um estatuto de carreira docente que inclui o modelo de avaliação que vigora. (...)

 

(...) Na sequência do Memorando:

  • Em 2007/2008 a avaliação foi suspensa para 92% dos docentes e, para os restantes, apenas se aplicou um processo simplificado, sem implicação na renovação ou celebração de novos contratos;
  • Em 2008/2009, a avaliação assume um carácter experimental, pois eventuais classificações negativas não produzirão efeitos, o processo é acompanhado por uma comissão paritária que integra os sindicatos e, para o final do ano lectivo (Junho e Julho de 2009), está já prevista a alteração do modelo. (...)

(...) Avaliação integrada e não individualizada:

A avaliação do desenvolvimento pessoal e profissional do Educador/Professor deve ser contextualizada, integrada nas suas experiências pessoais e deve ter em conta vectores e condicionantes da comunidade em que se insere. Tem de ser perspectivada num quadro mais amplo do que o pessoal, pois pressupõe a melhoria do serviço prestado pela instituição em que trabalha, bem como a melhoria da Educação na sua comunidade. (...)

 

(...) Co-avaliação, uma solução para um modelo integrado e participado:

A prática da co-avaliação implica que todos os elementos de uma determinada comunidade educativa possam ser avaliados mas também avaliadores. Mantendo-se a paridade profissional no reconhecimento de que estamos numa profissão em que temos todos a mesma habilitação de base e profissional, a co-avaliação resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares. (...)

 

Esclarece-nos a FENPROF de que não deverá haver graus na carreira, que haverá escalões de 1 a 8, a que se sobe de 4 em 4 anos desde que a classificação (não percebi a periodicidade) seja de Bom (só há 3 notas: Insuficiente, Bom e Muito Bom, sem quotas).

 

Esta é a alternativa para que tudo fique igual ao que era dantes: todos iguais, todos bons ou muito bons, todos a chegarem ao topo da carreira. O admirável mundo velho.

 

Será que a comentadora (ceu) tamém recomenda esta alternativa? Para mim isto não é avaliação.

 

Nota: bolds e sublinhados meus.

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publicado às 22:02


10 comentários

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De Transdisciplinar a 09.11.2008 às 23:36

Bastou-me dia e meio sem ver os posts alheios para descobrir, com estupefacção, a querela em que a Sofia está metida. Dei-me ao cuidado de recuar, ler os seus posts e os comentários vários, para ficar com uma ideia precisa daquilo que se estava a discutir. Perante tal avalanche, não vou alongá-la com glosas que não acrescentariam grande coisa à clareza do debate. Mas quero manifestar-lhe o meu apoio dizendo, p. e., que estou totalmente de acordo com o seu post "A Escola Pública" de sábado 8.
:))
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De professor-na-clandestinidade a 11.11.2008 às 23:43

Começo por esclarecer que sou professor há mais de 22 anos.
Adianto também que não me reconheço nestas manifestações, nem na histeria manifestada pelos meus colegas.

Não é politicamente correcto dizê-lo, mas o que se passa é que a qualidade pedagógica e humana da maioria dos professores é muito, muito baixa. A maioria dos meus colegas formou-se com notas anormalmente fracas, acabaram para vir para o ensino apenas aqueles que não encontraram melhor alternativa de emprego. A maioria não são professores, são funcionários do Ministério da Educação, e que como parte do seu contrato de trabalho têm de aturar miúdos durante umas quantas horas por semana. As 'bestas' como alguns se lhes referem dentro da sala de professores, para gáudio geral.

Estão 100.000 professores na rua? Ou 100.000 funcionários que apenas vêm os seus privilégios ameaçados? 100.000 parasitas do Estado que apenas querem direitos, mas recusam quaisquer deveres, quaisquer obrigações de prestar contas à sociedade que lhes dá de comer?

O que mais me angustia é que há um erro de princípio na reforma da educação: ela não se fará com os professores (como é politicamente correcto dizer) porque estes não o são. Apenas se fará com OUTROS professores; dignos dessa profissão e cujo nome foi usurpado.

Escusado será dizer que não me atrevo a manifestar publicamente o meu desacordo perante os meus colegas na escola. Uma maioria esmagadora, ameaçadora, mesquinha e incapaz de discutir com quem discorda, apenas insultar. Estou refém dos meus colegas, tal como os pais dos alunos e todos aqueles que querem ver o seu país evoluir baseado no esforço e no mérito;

Estamos todos reféns porque hão-de vir paralisações e suspensões de aulas. Hão-de arranjar maneira de parar as aulas para pressionar os pais, mas sem greves, pois essas lhes afectam o vencimento que querem garantido no final dos 14 meses. Os alunos são as primeiras vítimas porque eles não têm, nem terão, quaisquer escrúpulos em os sacrificar à manutenção das suas mordomias, aos interesses políticos de terceiros. Quando ouvi o Manuel Alegre (em quem votei), dizer as barbaridades que hoje disse sobre a Ministra percebi o quanto esta é uma luta política de que os meus medíocres 'colegas' são meros peões.

Continue Senhora Ministra, continue, que não lhe faltem as forças, é o que todos os professores dignos desse nome, mas que têm de permanecer calados, clandestinos dentro das suas próprias escolas, lhe imploram.
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De Transdisciplinar a 12.11.2008 às 00:48

È óbvio que este comentário se não destina a mim mas a Sofia Loureiro dos Santos. Mas como me apareceu no meu mail , e não querendo que se pense que deixo os meus comentários sem resposta, venho dizer que o li atentamente e que o reenvio para os directamente interessados na matéria.
A minha longa experiência como professor universitário (actualmente aposentado, infelizmente, por imposição da idade) não me permite falar, com conhecimento directo de causa, daquilo que se passa nos outros níveis de ensino.
Acompanho o que se passa, com preocupação, como cidadão. E foi como tal que, perante tantos dislates, tive o impulso de manifestar o meu acordo a Sofia.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 12.11.2008 às 19:37

Obrigada pelo seu testemunho.
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De João Soares a 15.11.2008 às 01:19

Cara Sofia
Lamento que entre na onda de denegrir os professores. A avaliação dos docentes é o meio de uma política de Educação desastrosa deste Governo. A razão de fundo está em "despachar" os professores mais velhos e silenciar os professores da geração 30 40 anos, "ocupá-los e dar mérito a profesosres com competências administrativas (será isso que o País quer?) e pouco tempo para leccionar. Se ler o novo ECD a palavra ensinar desapareceu. Acha que um professor titular é melhor professor? Tendo como critérios de selacção os últimos 7 anos?
Acha interessante basear-se na avaliação de 1 ou até 3 aulas que sejam num ano lectivo, quando em média cada professor tem cerca de 100 aulas?
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De Anônimo a 16.11.2008 às 02:04

A minha cara amiga não está desinformada, até sabe muito bem o que se passa, não quer é admitir, só o desespero é que faz com que uma série de PS boys tentem denegrir os Professores na Blogoesfera
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De carlosbarbosaoliveira a 10.11.2008 às 16:17

No meio disto tudo, há uma coisa que me escapa. Partindo do princípio que o método de avaliação é bom ( o do Ministério, porque este que aqui nos traz, concordo plenamente, é um retrocesso a tempos que ninguém de bomsenso quer voltar), porque razão não se aplica aos alunos também um método de avaliação, em vez de lhes ser concedida a passagem administrativa obrigatória?
É um erro crasso que vai contribuir para desigualdades futuras.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 10.11.2008 às 22:42

Tenho escrito inúmeras vezes que é absolutamente indispensável fazer uma avaliação séria e exigente, nomeadamente com a promoção dos exames nacionais. É uma excelente maneira de avaliar, também, os professores.
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De Ricardo S a 11.11.2008 às 20:03

Gostava de saber se, nesta manifestação, houve algum professor a reinvindicar o direito de ensinar Marx nas escolas da Madeira, algo que não é fácil atentendo às "pressões" para não ensinar um dos maiores filósofos de sempre. Ou Manuel Alegre, que acusou a Ministra de "tiques autoritários"...

Cumprimentos.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 11.11.2008 às 23:07

Nunca vi uma manifestação de professores contra a idiotice de programas, a multiplicação de disciplinas que só servem para preencher mais uns lugares na Escola, a má qualidade dos manuais escolares, etc , etc .

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