Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Ao organizarmos uma sociedade que confia em grupos para lhe providenciar apoio social, segurança, educação, justiça, o que é que esses grupos quererão em troca desse tipo de serviços?
Para quem não tem poder económico para os comprar, esses serviços passam a ser encarados como dádivas de alguns, sendo o preço a pagar por eles a fidelidade e a clientelização, mesmo que os que provêm às necessidades sejam movidos por algo como a noção religiosa e moral do bem e do mal.
Se a sociedade encarar esses serviços como um direito dos cidadãos, tenderá a criar organismos que os assegurem, sem ser em troca de gratidão ou de dinheiro (utilizador/pagador) com a contribuição obrigatória de todos os cidadãos. Ou seja é um dever quando chega a hora de pagar e é um direito quando chega a hora de receber. É pedida a solidariedade de todos para todos, através dos impostos, não dependendo ninguém da bondade ou da caridade cristã de qualquer dos seus concidadãos.
O Estado não é uma entidade abstracta e não serve apenas para assegurar a existência de um país. Tem outros deveres e outras obrigações. Ao querermos esvaziar as funções do Estado, retirando-lhe o dever de prover determinados serviços aos cidadãos, chamando-lhe estado regulador e não prestador, estamos a correr o risco de passarmos a depender totalmente dos detentores do poder económico e/ou religioso.
Será que não aprendemos nada?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
À venda na livraria Ler Devagar