por Sofia Loureiro dos Santos, em 12.03.08
Ao contrário do que Vitalino Canas diz, quando se faz um balanço de um período de trabalho, podemos orgulhar-nos e apontar os objectivos atingidos, as vitórias, mas obrigatoriamente devemos reconhecer as derrotas, os erros, o que não foi conseguido, para que se perceba porquê.
Os erros podem e devem ter uma função pedagógica – evitar que se repitam, corrigir actuações infelizes, reorientar o esforço noutra direcção.
A esquizofrenia dos avanços e dos recuos existe, mas é o próprio PS um dos grandes responsáveis por este estado psicótico, pois insiste em repetir exaustivamente chavões e palavras descabidas em relação ao governo. Uma das coisas que se pede ao partido do governo é que seja uma ponte entre o executivo e a população que o elegeu. Se, no partido, apenas se ouvem vozes glorificantes, que acham que estudar os erros cometidos, porque foram cometidos erros, obviamente, é uma perca de tempo, não me espanta que os cidadãos que apoiaram e votaram neste PS saiam à rua.
Mais do que as políticas que têm sido desenvolvidas, melhor ou pior, é a vã glória, este estilo de arrogância bacoca que leva as pessoas a indignar-se, pois tanto pedantismo da parte daqueles que deviam estar atentos, respeitando as críticas e tentando rebatê-las com resultados, não com oratória vazia, são um hino à ira da tal classe média que está farta da crise.
Gosto que haja firmeza e capacidade de decidir. Ainda bem que um governo democraticamente eleito não tem medo de decidir. O que se dispensa são estes porta-vozes que armam uma parede invisível, em volta dos governantes, que oculta a realidade, na esperança de se manterem encostados ao poder.