por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.11.06
Esqueço-me muitas vezes de abrir a janela e deixar esfriar a pele, secar afogueamentos de paixões inúteis, estéreis, frívolas, respirar a humidade da noite, sentir as luzes que se movimentam nas casas, viver para lá dos compromissos, da tortura do controlo.
Outras margens me esperam, outras viagens planeadas, outros acasos surgirão. Na roda do imparável, microcosmos no universo, pequenas moléculas num organismo que se move lentamente em direcção ao caos.
Desenho fronteiras quando escrevo
letras e sementes inventadas.
Para lá do poema apetecido
guardo as palavras cobiçadas
na sombra do sonho proibido.
(pintura de Irene Gomes: os moinhos de vento)