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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Manifestação do PS na Fonte Luminosa, na Alameda, em Lisboa (30-12-1975)
No dia 25 de Novembro de 1975 defrontaram-se duas concepções de sociedade - os defensores de um regime democrático multipartidário de tipo ocidental e os de um regime totalitário ditatorial de tipo comunista. Foi uma data fundamental para a consolidação da democracia portuguesa, tal como o 25 de Abril de 1974 foi a data fundacional desse mesmo regime. Ambas foram fracturantes e em ambas poderia ter eclodido uma guerra civil.
Aos militares que organizaram e concretizaram o golpe militar a 25 de Abril e aos que defenderam o regime democrático a 25 de Novembro, devemos o nosso reconhecimento e as nossas homenagens.
O PS foi o partido político mais importante no combate à deriva extremista e totalitária de 1975. Essa memória faz parte da sua e da nossa História recente. Durante muitos anos foi precisamente esse momento um dos grandes entraves ao entendimento entre o PS e os partidos que, no 25 de Novembro, representavam a facção antidemocrática. António Costa conseguiu ultrapassar ressentimentos e posicionamentos monolíticos, fazendo uma ponte indispensável entre o que unia o PS e os partidos à sua esquerda, seguindo a abertura do PCP, que a percebeu como a única forma de desapear a direita do poder.
Mas o PCP e o BE terão que perceber que o caminho reiniciado a 25 de Novembro foi aquele que permitiu que eles próprios sobrevivessem, para não falar da democracia e da liberdade. A existência da Geringonça não pode levar o PS a negar a sua história nem a sua identidade intrinsecamente democrática, para não ferir as sensibilidades dos seus parceiros.
Ao permitir que a direita e a extrema direita se mostrem como os únicos defensores do 25 de Novembro, reclamando-o como uma das suas vitórias, o PS acaba por se deixar colar aos que, nessa altura, estavam do lado do totalitarismo esquerdista, esquecendo que foi uma trave mestra da liberdade naqueles tempos revolucionários. Eu não o esqueço e penaliza-me muito que, no Parlamento, seja apenas a direita a querer homenagear o 25 de Novembro.
Adenda:
Grupo parlamentar do CDS/PP - Voto de saudação n.º 41/XIV – Pelo 44.º Aniversário do 25 de Novembro
Grupo parlamentar do PS - Voto de saudação n.º 53/XIV - À construção da Democracia em Portugal
Não celebrar o 25 de Novembro? “Mário Soares nunca tal permitiria”, garante Ana Gomes
Ramalho Eanes: “Não percebo que estigmatizem o 25 de novembro”
A ultra-direita, à qual se juntam o CDS e o PSD, não se cansam de falar da ideologia de género, propagada pela esquerda e pela extrema-esquerda, que está a corroer o País, as almas, a moral e os bons costumes. Valha a verdade, estou totalmente de acordo com a opinião de David Marçal exposta neste artigo.
Mas quem pratica ideologia de género é mesmo o governo. Mal soube que a DGS ia trocar, temporariamente (até à digtalização dos mesmos), as cores azul e cor-de-rosa dos Boletins de Saúde Infantil e Juvenil pela cor amarela, condizendo com a do Boletim do Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, apressou-se a reverter esta decisão, perigosíssima, como se depreende pela rapidez e forma como o fez (1 dia depois). João Almeida, essa excelsa figura, vigilante mor da tal ideologia, postou um pequeno texto na rede social X, antigo Twitter (é sempre assim que todos dizem) com a hashtag #naosomostodosamarelos.
Tal como assinala Sónia Sapage, com tantos assuntos graves e urgentes, este é o eleito para o top das prioridades.
“Os boletins de saúde infantil e juvenil, onde os pais registam as informações mais importantes da saúde e crescimentos dos filhos, já não são cor-de-rosa ou azuis e passaram a ter uma nova cor universal: o amarelo. Mas a mudança, segundo explica a Direcção-Geral da Saúde (DGS), será apenas temporária, já que se está a preparar a "desmaterialização" deste caderno. (…)
(…) "Atendendo à fase de transição em que nos encontramos, considerou-se importante abdicar das cores diferentes — o digital não terá cor — e, por uma questão gráfica, alinhar a cor à do boletim do Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, a cor amarela", refere a DGS, (…)"
“ (…) a DGS explica que os boletins rosa e azuis vão afinal voltar, "por decisão do Ministério da Saúde" do Governo de Luís Montenegro. (…)"
Nunca percebi porque se chama Magusto à tradição de comer castanhas assadas com Jeropiga.
Segundo o Priberam:
- Castanha - "Origem etimológica: latim castanea, - ae"
- Assada - "Origem etimológica: latim asso, - are"
- Magusto: "Origem etimológica: origem duvidosa, talvez do latimustus, - a, - um, particípio passado de uro, urere, queimar."
No que parece estarem todos de acordo é que há uma lenda associada a esta festa, que se relaciona com o bom sentimento de um soldado romano Martinho de Tours (Martinus Turonensis) que viveu no século IV e foi, posteriormente, o São Martinho. Este Santo, que não comungava das novas ideologias da pós-verdade e da ultra-direita tramontana, egoísta, individualista, racista, xenófoba e sexista, tendo-se aproximado de um pobre quase nu, num dia frio e chuvoso, resolveu dividir a sua capa em duas, usando a espada, para que o coitado se cobrisse. Deu-se então um milagre (que deve ter pesado na sua canonização) e o dia tornou-se suave e solarengo - daí o Verão de São Martinho. A ciência, no entanto, embora confirme o fenómeno, é bem mais desinteressante que a história popular:
"(...) Ora, este evento climático, tem uma explicação meteorológica. O período de transição entre o verão e o inverno traduz-se na união do anticiclone subtropical do Atlântico Norte (Anticiclone dos Açores) com o Anticiclone da Sibéria. Durante este processo, a variabilidade do estado do tempo é elevada, com sucessivas passagens da Frente Polar. Contudo, no período em torno da primeira década de Novembro, ocorre em média um abrandamento e, até, uma inversão do fluxo zonal (de oeste) em altitude. Tal inversão, traduz num enfraquecimento ou mesmo bloqueio da Frente Polar sobre a Europa do Sul e, por vezes, verificando-se a predominância de dias com menos nebulosidade e menos precipitação, ou seja, uma relativa melhoria do estado do tempo. (...)"
É uma altura em que, em nome de todos os bons rituais cristãos e familiares, se podem comer castanhas cozidas e / ou assadas, acompanhadas de Jeropiga (ou vinho novo). Ao contrário do Magusto, que se celebra em terras portuguesas, galegas e até estremenhas, em áreas em que a língua (e os costumes) têm origens galaico-portuguesas, a Jeropiga é apenas portuguesa.
Resolvi fazer castanhas assadas no forno, usando esta receita.
1. Pré aquecer o forno a 200 graus
2. Lavar as castanhas
3. Fazer-lhes um golpe lateral, mas que não as divida (cuidado, que este procedimento é perigoso)
4. Colocar as castanhas num recipiente, cobertas com água a que se adicionou sal grosso
5. Ao fim de 20 minutos, espalham-se pelo tabuleiro do forno e cobrem-se com mais sal grosso
6. Vão 40 minutos a assar (eu revolvi-as ao fim de 20 minutos)
7. A seguir tempera-se com alecrim, deitam-se numa tigela e cobrem-se com um pano
8. Dez minutos depois, comem-se
Não ficaram nada mal. A Jeropiga já tinha desaparecido do supermercado, por isso foi substituída por Moscatel de Favaios.
E, na busca de um momento musical que representasse esta ocasião gastronómico-religiosa-artesanal, tenho a certeza de que deixaria orgulhoso alguém que, tantas vezes, descobriu as canções mais extraordinárias e hilariantes, a propósito de tudo e de nada.
Espero não te desmerecer, meu querido companheiro de tantos Magustos.
Domingo soalheiro e radioso.
Por Madrid, vagarosamente, caminhando na zona mais central, turística e mediática – Gran Vía, Plaza Mayor, Plaza del Callao, Puerta del Sol, a estátua símbolo da cidade - El Oso y el Madroño – as gentes, o bulício, as lojas, as fotos, tudo o que numa prazenteira manhã se pode desfrutar.
O Urso de Madrid
Demos com o Museo de San Isidro, na Plaza de San Andrés, que nos leva pela história das origens de Madrid. Uma boa surpresa, daquelas que descobrimos a deambular pelos lugares que queremos conhecer.
Como me disse o meu anfitrião e querido guia, os espanhóis, pelo menos os madrilenos, são muito parecidos connosco, fisicamente e na forma de estar no mundo. Sim, são mais barulhentos, mais informais, mais desinibidos – estas generalizações são sempre um pouco disparatadas. Por isso não se sente como um estrangeiro. E, na verdade, estamos a uma hora de viagem. Demora-se mais tempo a chegar a Bragança. Será que são mais felizes?
Plaza del Callao
Não me despedi de Madrid. Tenciono continuar a fazer visitas mais amiúdes, para respirar o ar de uma cidade contente com ela própria. E depois de um belo almoço, cujo restaurante ocupa um separador de uma calle, regressei ao aeroporto, rumo a Lisboa.
Até breve.
Hoje foi quando barrava o pão com manteiga. De repente apareceste, com as tuas mãos desajeitadas, a pegar numa chávena grande para que eu te deitasse o café, antes de rumares ao teu assento no escritório.
Outras vezes, quando me emociono a ver um filme, o que não é nada difícil nem raro, vejo-te a entrar pela porta, com aquele sorriso ternurento e gozão, que me deixava irritada e envergonhada, pela fraqueza que mostrava, mesmo sendo a ti.
Não precisava de marcar um encontro contigo, pois encontrávamo-nos, mesmo sem combinarmos. Numa pergunta, numa razão, numa ternura, numa discussão, numa espera, num silêncio, num desespero, numa diversão.
Acabaste por faltar ao último encontro, sem me dizeres porquê.
E eu, mesmo que não queira, ainda te espero, mesmo que saiba que não vens. Podias, pelo menos, encostares-te a mim, como costumavas fazer, e dizeres os disparates que me faziam rir. Só mais esta vez. Só mais uma vez.
O meu coração está cheio hoje, cheio de gratidão pela confiança que depositaram em mim, cheio de amor pelo nosso país e cheio de determinação. O resultado destas eleições não é o que queríamos, não é aquilo por que lutámos, não é aquilo em que votámos, mas ouçam-me quando digo que a luz da promessa da América arderá sempre, enquanto nunca desistirmos e enquanto continuarmos a lutar.
Ao meu querido Doug e à nossa família, amo-te muito. Ao Presidente Biden, obrigada pela fé e apoio. Ao Governador Walz e à família Walz, sei que o vosso serviço à nossa nação vai continuar. E à minha extraordinária equipa, aos voluntários que deram tanto de si, aos membros das mesas de voto e aos funcionários eleitorais locais, agradeço-vos. Agradeço-vos a todos.
Estou muito orgulhosa da corrida que fizemos e da forma como a fizemos – e da forma como a fizemos. Ao longo dos 107 dias desta campanha, tivemos a intenção de construir comunidades e coligações, juntando pessoas de todos os quadrantes e origens, unidas pelo amor ao país, com entusiasmo e alegria na nossa luta pelo futuro da América.
E fizemo-lo com a consciência de que todos temos muito mais em comum do que aquilo que nos separa atualmente. Sei que as pessoas estão a sentir e a viver uma série de emoções neste momento. Eu percebo, mas temos de aceitar os resultados destas eleições. Hoje cedo, falei com o Presidente eleito Trump e felicitei-o pela sua vitória. Disse-lhe também que o ajudaremos a ele e à sua equipa na transição e que nos empenharemos numa transferência de poder pacífica.
Um princípio fundamental da democracia americana é que, quando perdemos uma eleição, aceitamos os resultados. Este princípio, tal como qualquer outro, distingue a democracia da monarquia ou da tirania, e qualquer pessoa que procure a confiança do público deve honrá-lo. Ao mesmo tempo, na nossa nação, devemos lealdade não a um presidente ou a um partido, mas à Constituição dos Estados Unidos, e lealdade à nossa consciência e ao nosso Deus. A minha lealdade a estes três princípios é a razão pela qual estou aqui para dizer que, embora conceda esta eleição, não concedo a luta que alimenta esta campanha, a luta pela liberdade, pela oportunidade, pela justiça e pela dignidade de todas as pessoas, uma luta pelos ideais que estão no coração da nossa nação, os ideais que reflectem a América no seu melhor. Essa é uma luta de que nunca desistirei.
Nunca desistirei da luta por um futuro em que os americanos possam perseguir os seus sonhos, ambições e aspirações, em que as mulheres da América tenham a liberdade de tomar decisões sobre o seu próprio corpo e não tenham o seu governo a dizer-lhes o que fazer. Nunca desistiremos da luta para proteger as nossas escolas e as nossas ruas da violência das armas.
E na América, nunca desistiremos da luta pela nossa democracia, pelo Estado de direito, pela igualdade de justiça e pela ideia sagrada de que cada um de nós, independentemente de quem somos ou de onde começámos, tem certos direitos e liberdades fundamentais que devem ser respeitados e defendidos.
E continuaremos a travar esta luta nas urnas de voto, nos tribunais e na praça pública, e também a travaremos de formas mais silenciosas, na forma como vivemos as nossas vidas, tratando-nos uns aos outros com bondade e respeito, olhando na cara de um estranho e vendo um vizinho, usando sempre a nossa força para erguer as pessoas e lutar pela dignidade que todas as pessoas merecem. A luta pela nossa liberdade vai exigir muito trabalho. Mas, como sempre digo, gostamos de trabalho árduo, o trabalho árduo é um bom trabalho. O trabalho árduo pode ser um trabalho alegre. E a luta pelo nosso país vale sempre a pena. Vale sempre a pena.
Para os jovens que estão a assistir, é normal sentirem-se tristes e desiludidos, mas saibam que vai correr tudo bem. Na campanha, eu costumava dizer que quando lutamos, ganhamos. Mas o que se passa é o seguinte: por vezes, a luta demora algum tempo. Isso não significa que não vamos ganhar. Isso não significa que não vamos ganhar. O importante é que nunca desistam. Nunca desistam. Nunca deixes de tentar fazer do mundo um lugar melhor. Tu tens poder. Tens poder, e nunca dês ouvidos quando alguém te diz que algo é impossível porque nunca foi feito antes.
Têm a capacidade de fazer um bem extraordinário no mundo. E assim, para todos os que estão a assistir, não desesperem. Esta não é uma altura para levantar as mãos. Este é um momento para arregaçar as mangas.
É altura de nos organizarmos, de nos mobilizarmos e de nos mantermos empenhados em prol da liberdade, da justiça e do futuro que todos sabemos que podemos construir juntos. Muitos de vós sabem que comecei como procurador e, ao longo da minha carreira, vi pessoas nos piores momentos das suas vidas, pessoas que tinham sofrido grandes danos e grande dor e que, no entanto, encontraram dentro de si a força, a coragem e a determinação para tomar uma posição, para lutar pela justiça, para lutar por si próprias, para lutar pelos outros. Por isso, que a sua coragem seja a nossa inspiração. Que a sua determinação seja a nossa carga.
E termino com isto: há um adágio que um historiador apelidou de lei da história, verdadeira para todas as sociedades ao longo dos tempos: só quando está suficientemente escuro é que se podem ver as estrelas. Sei que muitas pessoas sentem que estamos a entrar numa época sombria, mas, para bem de todos nós, espero que não seja esse o caso. Mas é o seguinte, América, se assim for, vamos encher o céu com a luz de mil milhões de estrelas brilhantes, a luz do otimismo, da fé, da verdade e do lema da Universidade de Howard, Veritas et Utilitas, (“Verdade e Serviço”).
E que esse trabalho nos guie, mesmo perante os contratempos, em direção à extraordinária promessa dos Estados Unidos da América, agradeço-vos a todos. Que Deus vos abençoe, e que Deus abençoe os Estados Unidos da América.
Há uma trilogia do realizador canadiano Denys Arcand, cujo primeiro filme é de 1986, o segundo de 2003 e o último de 2007, em que os títulos são para mim, a imagem dos EUA.
A inegável e estrondosa vitória de Trump nestas eleições convoca-nos para o que aí vem e para tentar perceber como foi possível chegar até aqui. Não faltarão explicações de comentadores e especialistas, políticos, politólogos e jornalistas. Para mim é incompreensível.
Como é possível um indivíduo que acicata o ódio, que é criminoso, vigarista, mentiroso, ignorante, racista, misógino, xenófobo, boçal, enfim, tudo aquilo que rasga, deslaça e divide as sociedades, tudo aquilo que estávamos habituados a considerar características inaceitáveis em qualquer ser humano, é eleito, pela segunda vez, Presidente dos EUA.
Que é feito dos valores de sã convivência que enformam o mundo ocidental do pós-guerra, o civismo, a cidadania, a humanidade, a solidariedade, a empatia, a defesa dos mais frágeis, a inclusão, a tolerância, a democracia, a liberdade? O mais assustador não é a existência de pessoas como Trump, é a quantidade de eleitores que nele depositam a sua confiança e nele votam, que concordam com o que ele diz, que comungam da sua ideologia. O mais assustador é observar, impotente, ao alastrar do trumpismo pela Europa e pelo mundo, assistir ao crescer e ao espalhar da extrema direita, cada vez mais forte e mais agressiva.
Putin e todos os ditadores que se prezam, tal como os seus aprendizes e admiradores, não tardaram a saudar a vitória de Trump.
Kamala Harris, ao contrário do que ouvi repetir vezes sem conta, não deixou de anunciar medidas concretas, não deixou de mostrar qual o plano económico que defendia, não deixou de pugnar pela decência, pela salubridade da vida e do serviço público. Os democratas lutaram, mas parece que já não há armas para vencer este tipo de batalhas.
Trump ganhou a Presidência, o Senado e o controlo da Câmara dos Representantes. Trump teve mais votos, no total, que Kamala Harris. Veremos o que vai acontecer nos EUA, na Europa e no resto do mundo.
Mas o título que me surge é mesmo A Idade das Trevas.
O Princípio da Incerteza (03/11/2024)
Subscrevo totalmente as afirmações de Alexandra Leitão (a partir dos 38:02 minutos).
É exactamente isso.
Esta é uma escolha entre valores, aqueles que nos enformam e para os quais não imaginaria que se suscitassem dúvidas.
A democracia e a liberdade, os direitos humanos, os direitos das mulheres e o racismo e a xenofobia, a mais que exigível urbanidade e a total boçalidade.
O que me assusta é a normalização e a equiparação entre as duas candidaturas, para não falar do facto de ser possível haver uma segunda candidatura de Trump, mais ainda de haver tanta gente disponível para votar nele e ainda menorizar Kamala Harris, mentindo reiteradamente pelo mantra da falta de projecto político, pela negação das propostas que tem.
Este é um dia definidor das próximas décadas, para os EUA, para a Europa e para o Mundo.
(…) Normalmente, o voto da minoria negra vai esmagadoramente para os democratas. Desceu de valores que se aproximaram dos 90% com Joe Biden para menos de 70%. A resposta foi simples: porque a candidata é mulher, mesmo sendo ela própria negra. (…)
(…) O ex-Presidente manifesta um desprezo absoluto pelas mulheres. Para Harris, a mulher negra que se atreveu a desafiá-lo, reserva os piores insultos. Uma mulher inteligente, preparada, ao mesmo tempo forte e elegante, é uma afronta à sua masculinidade. Este sentimento difuso está presente na América que vota. (…)
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