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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness"
A campanha presidencial dos EUA adquiriu, desde a desistência de Joe Biden, uma centralidade e uma importância que já se previam, mas com uma direção mais ou menos inesperada, com o seu quê de revolucionária.
Pela primeira vez desde há muitos anos, é a luta por valores humanistas, a pela comunidade, pela verdade, pela honestidade, pelo respeito pelos outros, pelo serviço público, pelo direito à procura da felicidade, em confronto com o primado do momentâneo, do materialismo, do egocentrismo, da exclusão, da marginalização, da glorificação do poder pelo poder, da razia de tudo o que nos cola como seres humanos – amor, empatia, compaixão.
Os democratas perceberam que é fundamental que estes valores sejam recuperados, que a vivência em democracia depende da decência e da vontade de servir os outros, muito mais do que a vontade de se servir a si próprio.
Há uma diferença fundamental nestas duas visões da sociedade e da política. Os republicanos tentam arrastar Kamala Harris para as explicações económico-financeiras da sua presidência, tentando marcar a agenda com os únicos temas que sabem que podem assustar o povo - imigração, crise, desemprego. Porque a sua liderança é pelo medo, pela mentira, pela vingança.
Espero que Kamala Harris marque a agenda pela diferença de valores, responda não às provocações de Trump, mas aquilo que considera fundamental num Presidente dos EUA, com um poder de influência mundial.
É hora de voltarmos ao futuro, sendo revolucionariamente alegres e audazes, verdadeiros e capazes de desafiar os azedumes, as traições e os enganosos milionários.
Trump ou Kamala? “Teria muita dificuldade” em escolher
Hugo Soares tem “discordâncias profundíssimas com a forma de estar e de fazer política de Donald Trump”, mas não suficientes para ter a certeza de que votaria em Kamala Harris. Se fosse eleitor nos EUA e tivesse de votar no sufrágio marcado para novembro, “teria muita dificuldade” em escolher entre o candidato do Partido Republicano e a do Partido Democrata. A entrevista do secretário-geral do PSD ao Expresso foi feita na terça-feira, poucas horas antes do aparecimento do casal Obama na convenção dos democratas, em Chicago, e, questionado sobre a disputa que está no centro da política internacional, Hugo Soares respondeu que conhece “muito pouco” de Kamala Harris, que não foi uma vice-presidente com “destaque que desse para o mundo conhecer profundamente o seu pensamento”.
Estes são momentos definidores decisivos para quem assume cargos políticos.
Ter dúvidas entre um criminoso, anti-democrata, desequilibrado, vigarista, trapaceiro, sexista, predador, racista como Donald Trump, e outra qualquer candidata que, por muito mal que se conheça, tem mostrado ser o contrário de tudo isso, inclusivamente nos anos que já passou em serviço público nas várias funções exercidas, nomeadamente como Vice Presidente dos Estados Unidos, é definidor de quem o diz.
E é precisamente essa a escolha que, em novembro, será a dos americanos.
E será a escolha de todos nós, em qualquer momento das nossas vidas.
(...)
The vice president held advantages of at least 4 points in four state polls from The New York Times and Siena College — Arizona, Michigan, Pennsylvania and Wisconsin — that alone would hand Harris enough electoral votes to win the presidency, even if she lost the other swing states.
The former president is still well within striking distance, even after struggling to regain his footing against a new opponent. According to the latest FiveThirtyEight polling averages, Trump would only need to flip one of the three “blue wall” states — Michigan, Pennsylvania or Wisconsin — in order to win in November, as long as he takes all of the states where he is currently ahead of Harris in polling averages. (...)
Não deixa de ser interessante o número de vezes que se repete a inconsistência e imprecisão das propostas económicas de Kamala Harris, como se houvesse, do lado de Trump, alguma proposta que se pudesse classificar como tal.
E também se repete, vezes sem conta, que os americanos confiam mais em Trump que em Kamala Harris, precisamente no que diz respeito às áreas económicas.
Confesso que todas estas considerações me deixam cada vez mais perplexa. É que Donald Trump não diz nada que se aproveite, em nenhum campo político ou social, só profere inanidades e insultos.
Não deixa de me surpreender como é possível sequer comparar uma a outro.
Não deixa de me inquietar como é possível, num país como os EUA, haver um indivíduo como Donald Trump a disputar, pela segunda vez, o cargo de Presidente.
Nunca he tenido nada
y ahora tengo todavía menos.
Cada vez menos.
Restas de nada
que van dejando nada en mis bolsillos,
en mis cajones, en mi avara memoria.
Atesoro el tesoro
que nada vale para los demás.
Cruzo los dedos para que me dure
la cotidiana posibilidad
de darte el beso de las buenas noches
y el de los buenos días.
[Amalia Bautista in Azul el agua
La Bella Varsovia - 2022]
Nunca tive nada
e agora tenho menos ainda.
Cada vez menos.
Sobras de nada
que vão deixando nada nos meus bolsos,
nas minhas gavetas, na minha avara memória.
Valorizo o tesouro
que nada vale para os outros.
Cruzo os dedos para que dure
a quotidiana possibilidade
de te dar um beijo de boas noites
e um de bons dias.
[Tradução minha]
1.
Ao meu lado
naquele espaço que já não preenches
ouço uma voz ausente.
No silêncio desta tarde morna e quieta
aguardo um respirar uma pergunta
um chamamento
aqueles pequenos nomes que inventavas
e que eu sabia
num misto de ternura e indignação
serem só nossos.
Ao meu lado
dói-me tanto já não seres.
2.
Tantos móveis lençóis
chávenas pratos copos
almofadas roupa quartos
esponjas sabonetes
tudo tão grande tanto espaço
num desperdício evidente.
E eu tão minúscula encolhida quase inexistente
que não preciso de nada mas de nada
de nada
a não ser de ti
que não estás.
3.
Deixo as janelas abertas
para que o vento abane a casa.
Batem portas voam cortinas
num ruído da mais profunda
solidão intemporal.
Chico Buarque e Nara Leão
música de Sivuca
(...)
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.
Com excepção do futebol, e para além dos próprios desportistas, treinadores, família e amigos, as restantes modalidades parecem inexistentes aos olhos dos media e dos governantes.
No entanto, quando chegam os Campeonatos Europeus e Mundiais e os Jogos Olímpicos, exigimos aos atletas feitos e medalhas para nos refastelarmos de orgulho nacional.
São Olímpicos, sim, todos os atletas que dedicam a vida nas mais difíceis circunstâncias, abdicando de tudo, sem qualquer reconhecimento, e que têm a pressão insuportável de um País que espera aquilo que nunca dá.
Parabéns a todos os atletas que nos engrandecem, com ou sem medalhas. Nós é que lhes somos devedores.
In averages for swing states, where control of the White House rests, Harris led in Michigan by two points, Pennsylvania by 1.1 point and Wisconsin by 1.8 points. Trump led in Arizona by less than half a point and in Georgia by half a point.
The New York Times – 10/08/2024
As sondagens com os prováveis eleitores realizadas para o The New York Times pelo Siena College mostravam Harris a liderar Trump por uma margem idêntica de 50% a 46% no Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
(…)
Estes números são uma inversão das sondagens realizadas nos estados que, durante quase um ano, mostraram Trump empatado ou ligeiramente à frente do presidente democrata Joe Biden, que desistiu da corrida no mês passado e apoiou Harris.
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