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........já depois das entradas, em 2024

por Sofia Loureiro dos Santos, em 19.01.24

caos in motion arne quinze.png

Chaos in Motion

Arne Quinze

 

Seguiram as festas, boas e menos boas, saiu o ano e entrou o outro, de formas mais ou menos inusitadas.

E aqui estamos no início, que não é início nem fim, mas um contínuo que teimamos em dividir em parcelas mais ou menos significativas, mais ou menos histriónicas, mas ou menos românticas, de um ano que se avizinha louco.

Em Portugal, eleições à vista. O nosso protagonista presidencial, que tanto falou, opinou, ameaçou e ironizou durante o ano da maioria absoluta de um governo que nunca o soube ser, está hoje perdido em parte incerta, depois dos casos que lhe souberam indigitar, tentando resguardar-se após o caso das gémeas brasileiras, a polémica decisão de dissolver o Parlamento, etc.

Polémica não seria, mas tudo ele transformou em polémica, a propósito da controvérsia no seio do Conselho de Estado.

Caminhamos a passos largos para aquilo a que temos assistido noutros países – fragmentação dos parlamentos, radicalização do discurso político, predominantemente à direita, demagogia e populismo sem pejo.

Vou assistindo às notícias das televisões, ouvindo as rádios e lendo os jornais – eu pertenço a essa já mumificada geração que ainda o faz – e encolho-me cada vez mais com as perspetivas.

A crise dos media tradicionais, infelizmente, não me parece resolúvel. As novas gerações não leem jornais, não veem televisão, não sei se ouvem rádio. Estão absorvidos e mergulhados em grupos que não se entrecruzam de redes sociais, vivem uma realidade paralela à nossa, não acreditam nas evidências e não lhes interessa o mundo.

Não digo isto por ser ranzinza, embora também o seja. Todas estas coisas são cíclicas e a sociedade de há 50 anos era muito diferente da de agora. Já não há quase ninguém que tenha vivido a II Guerra Mundial, nada do que se passou já tem eco nos mais novos.

A intolerância, o anti-semitismo, a xenofobia, resultantes predominantemente da gritante desigualdade social, da pobreza de tantos e da opulência de tão poucos, as regras que são ditadas por entidades sem rosto, que podem ser de fundos obscuros ou de outra coisa qualquer, a desumanização e o egoísmo das nossas sociedades de consumo desenfreado, com as novas ideologias fraturantes, que muitas vezes não são mais que a comercialização do politicamente correto e da imagem, o policiamento da linguagem, a proibição e rescrição de eventos e de livros, crescem inexoravelmente.

É muitíssimo preocupante ver jornais como o DN a desaparecerem e a TSF, que revolucionou a rádio em Portugal, que é sinónimo de mudança e liberdade, independentemente de gostarmos mais ou menos do estilo, também a estiolar. Assino 2 jornais diários, que são os que leio. Ouço permanentemente rádio, várias. Vejo as notícias e alguns poucos programas de informação e entretenimento na televisão portuguesa. Mas sou um dinossauro e estou a desaparecer.

E a democracia, o pluralismo, o debate de ideias, o confronto das fontes e das informações, tudo isso que amamos, que é a essência da nossa liberdade e da nossa forma de vida, está ameaçado.

No resto do mundo as notícias não são melhores – as guerras, os autoritarismos a subir, a instabilidade, as revoltas, a intolerância, o medo.

Enfim, nada de auspicioso, este início de 2024.

Mas cá continuamos. Enquanto pudermos.

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Zhanna Martin

Nota: Só me falta dizer que no meu tempo é que era bom. Espero sinceramente que esteja apenas a demonstrar a minha velhice, tal como tantas vezes ouvi pais e avós manifestarem.

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