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Enquanto

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.09.23

enquanto.jpg

Enquanto

 

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio

e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé

para ver como é;

enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas

e correr pelos interstícios das pedras,

pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;

enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,

órfãs de pais e de mães,

andarem acossadas pelas ruas

como matilhas de cães;

enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto

com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,

num silêncio de espanto

rasgado pelo grito da sereia estridente;

enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio

cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas

amassando na mesma lama de extermínio

os ossos dos homens e as traves das suas casas;

enquanto tudo isto acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,

enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,

o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA

António Gedeão

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publicado às 15:32

Para quem se esqueceu do essencial

Liberdade

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.09.23

Sérgio Godinho

 

Viemos com o peso do passado e da semente

Esperar tantos anos torna tudo mais urgente

e a sede de uma espera só se estanca na torrente

a sede de uma espera só se estanca na torrente

 

Vivemos tantos anos a falar pela calada

Só se pode querer tudo quando não se teve nada

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada

 

Ai...

Só há liberdade a sério quando houver

A paz, o pão

habitação

saúde, educação

Só há liberdade a sério quando houver

Liberdade de mudar e decidir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir

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publicado às 15:05

Boas notícias que fazem mal ao país

a ler com muita atenção

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.09.23

(...) As escolas abrem sem professores, os hospitais não conseguem responder ao aumento da procura, as entidades públicas não conseguem atrair nem reter quadros qualificados devido aos baixos salários que oferecem, os jovens não conseguem viver nas grandes cidades, os estudantes deslocados e/ou de baixos rendimentos não suportam os custos de frequência do ensino superior, os transportes públicos falham diariamente por avarias e falta de material e o investimento público está há uma década em níveis historicamente baixos. Apesar disto tudo, é com regozijo que nos anunciam que o Estado poupa mais do que promete. (...)

 

(...) Se em vez dos 0,4% alcançados em 2022 o Governo tivesse reduzido o défice para 0,9% do PIB – um valor, em qualquer modo, muito abaixo da meta estabelecida no OE (1,9%) –, teria libertado para a economia e para a sociedade cerca de 1,2 mil milhões de euros. Uma verba adicional destas daria, por exemplo, para aumentar o investimento em 500 milhões (ficando ainda assim abaixo do orçamentado), aumentar os salários da função pública em 1,9% (em vez de apenas 0,9%, muito abaixo da inflação registada), mais do que duplicar as verbas da acção social escolar do ensino superior, reintroduzir os estágios remunerados para novos professores dos ensinos básico e secundário (que em tempos ajudavam a atrair recém-licenciados para a profissão) e ainda reservar 300 milhões de euros para recuperar cirurgias em atraso no SNS. (...)

 

Ricardo Paes Mamede, Público, 25/09/2023

 

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publicado às 21:00

Em estudo das fases da Lua

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.09.23

lua outubro 2023.jpg

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publicado às 13:12

Acordes

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.09.23

El Pele

Vicente Amigo

Alberto Iglesias

Pedro Almodóvar

 

Ao longo da estrada

ouço a mistura dos sons e dos sentimentos

as luzes meio apagadas da manhã o nevoeiro

os cinzas e os riscos de vermelho que me acordam a alma

bato as palmas no ritmo do volante e

as cordas da guitarra arrepiam-me os dedos.

 

Tão tristes sinceros duros

os acordes desta estrada.

 

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publicado às 17:18

As previsões de há 6 anos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.09.23

expresso 2017.jpg

Expresso, 12 de Dezembro de 2017

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publicado às 17:08

Limão

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.09.23

limao espremido.jpg

Sinto que a vida me vai espremendo

como a um limão

transformando-me numa casca dura e seca

azeda e ácida

sedenta da frescura de uma rodela

em dias de Verão.

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publicado às 10:37


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