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Da imprevisibilidade capilar

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.07.22

Por muito que se esforcem os cabeleireiros, os cabelos são imprevisíveis.

Albert_Einstein_Head.jpg

Albert Einstein

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publicado às 12:58

Ipse Conjungat Vos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.07.22

salvador dali casamento.png

Salvador Dalí

 

Seremos as pregadeiras

Do mundo que nos calhar

Como pedras parideiras

Devotos mas sem altar

 

Serão os dias de flor

Sem cantos nem oração

Bálsamo que acalma a dor

Das feridas da paixão

 

E os abismos da tormenta

Que arrefecem madrugadas

Com salpicos de água benta

Serão asas prateadas

 

Seremos de terra e bruma

Anéis de vento e de mar

Nas vagas de amor e espuma

Sem medo de navegar

 

[17/Julho/2022]

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publicado às 12:35

Esta ansiedade palpável

por Sofia Loureiro dos Santos, em 16.07.22

a bundle of nerves.jpg

A Bundle of Nerves Sculpture

Alan Resnick

 

Esta ansiedade palpável

Com que me deito e levanto

Numa correria instável

Com que atraso e adianto

 

Os segundos sem ponteiros

De um tempo reversível

Os relógios desordeiros

De uma calma impossível

 

Esta fase treme e louca

De noitadas em vigília

Vira noites sem boca

E faz ranger a mobília

 

Vem a manhã corrompida

De cansaço inundada

Lembrar ao corpo que a vida

Acorda de madrugada

 

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publicado às 12:17

Neste manto liquefeito

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.07.22

salvador dali.png

Salvador Dalí

 

Neste manto liquefeito

De névoa quente e cinzenta

Procuro o ar rarefeito

Em que a vida se fragmenta

 

No pó parado e suspenso

De um sono intermitente

Um vago ardor de incenso

Um langor inconsciente

 

Calo o Bach e a flauta

A luz o olho o mundo

Na melodia sem pauta

Apago-me num segundo

 

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publicado às 16:58

Sífiso

por Sofia Loureiro dos Santos, em 04.07.22

Sífiso.jpg

Sisyphus

Ticiano

 

Recomeça....

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

 

[Miguel Torga]

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publicado às 21:19

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

a propósito de Romaria

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.07.22

NS_Aparecida.png

Deixo um vídeo que conta a história de Romaria, de Renato Teixeira, e algumas informações sobre Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

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publicado às 20:15

Romaria

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.07.22

Renato Teixeira

 

É de sonho e de pó

O destino de um só

Feito eu perdido em pensamentos

Sobre o meu cavalo

É de laço e de nó

De gibeira o jiló

Dessa vida cumprida a sol

 

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

 

O meu pai foi peão

Minha mãe, solidão

Meus irmãos perderam-se na vida

A custa de aventuras

Descasei, joguei

Investi, desisti

Se há sorte eu não sei, nunca vi

 

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

 

Me disseram, porém

Que eu viesse aqui

Pra pedir de romaria e prece

Paz nos desaventos

Como eu não sei rezar

Só queria mostrar

Meu olhar, meu olhar, meu olhar

 

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

 

Sou caipira pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

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publicado às 19:02

Tenderly

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.07.22

Chet Baker

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publicado às 18:41

Do ensimesmamento

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.07.22

Não sei se é resultado da pandemia se é apenas do passar dos anos e do encolher do corpo, das ideias, do mundo à nossa volta, do ensimesmamento a que nos votamos, da cada vez maior incapacidade de cumprir o assumimos como dever, a verdade é que sinto um cada vez maior isolamento.

A todos os níveis – familiar e profissional – e com todas as gerações. Vamos trocando mensagens, alguns telefonemas ou vídeo conferências, mas a vontade de estar junto, os abraços que foram banidos do nosso quotidiano, a moralização da pandemia com a instalação da culpa, tudo contribui para que estejamos cada vez mais sós.

E por isso as raras ocasiões em que se quebra esse hábito, viciante e desolador, fica um gosto bom de aconchego e carinho, aquele sentimento que perdura quando estar com alguém é um bem muito importante.

E como acontece desde tempos imemoriais, as refeições são uma boa razão para o convívio, a troca de ideias, o riso, a partilha de histórias. Começa-se por uma sangria de champanhe com frutos secos, continua-se com uma sardinhada, um naco na pedra, uns lagartos grelhados, os diversos e profusos brindes com os obrigatórios copos a baterem uns nos outros, melodia inconfundível de um almoço entre amigos.

Vivemos tempos em que aquilo que é mais essencial ao Homem, a sua sociabilidade, a sua necessidade de amar e ser amado, o toque das mãos, o sorriso, o olhar, a expressão facial, é agora uma memória que teima em ser enterrada, em nome de uma assépsia e de uma incrível nova ordem da esterilização da pele, do ar, do mundo.

Para além das ameaças bem reais que nos cercam, fabricamos mais medo e terror para nos transformarmos em gente que não se atreve a amar e que já se esqueceu do que era pensar nos outros e não em si mesmo.

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publicado às 18:29

Serena

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.07.22

tal golan.jpg

Tal Golan

 

No dia em que perder este cansaço

em que a angústia e a solidão

não forem mais que um barco afundado

poderei enfim desatar os soluços

e a terra onde me afundar será mais serena.

 

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publicado às 17:48


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