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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
A notícia da suspensão do acesso a canais russos, nomeadamente ao Russia Today, e ao Sputink (agência noticiosa) anúncio feito pela União Europeia, parece-me um precedente perigoso, com o qual não posso estar de acordo.
Os cidadãos têm que poder escolher ver e ouvir o que quiserem, por muitas mentiras que se propagandeiem. Nos países livres e democráticos não há nenhum organismo de censura para dizer o que é ou o que não é propaganda e que notícias são ou não falsas. Há, sim, capacidade de escolha e escrutínio pela sociedade.
A censura pura e simples, com a justificação de defender os cidadãos de propaganda mentirosa, é exactamente o mesmo que se passava em Portugal antes do 25 de Abril - também para a ditadura de Salazar e Caetano, a inexistência de liberdade de acesso à imprensa, aos livros, ao cinema, etc, era uma forma de proteger os cidadãos dos ataques nocivos dos subversivos.
Não podemos usar os métodos dos quais acusamos a Rússia, e com razão. Nas democracias a livre escolha pertence aos cidadãos, não aos governos, por muito bem intencionados que sejam.
A reacção do PCP à invasão da Ucrânia pela Rússia é inqualificável.
Afinal, aquela voz interior que sempre me murmurou ao ouvido que a aliança entre o PS e o PCP era estranha e contra natura, pois o PCP é um partido com tiques antidemocráticos e o PS é um partido fundador da democracia, tinha razão.
Na verdade aquilo que pensei ser passado voltou a grande velocidade - a cegueira ideológica do PCP que, para defender o indefensável, não se envergonha de negar as evidências.
E por isso eu própria me envergonhei. Durante os últimos seis anos esqueci esses mesmos tiques antidemocráticos e aceitei um governo apoiado pelo partido que defende Putin e o passo de gigante que deu para um conflito armado mundial.
Realmente é preciso traçar linhas vermelhas. E o PCP ultrapassou-a.
Acordámos hoje para uma realidade que não acreditávamos pudesse acontecer.
Para mim é muito difícil não estar assustada. Sabemos como e quando as guerras começam mas não sabemos quando e como acabam.
Lembramos a incredulidade das I e II Guerra Mundiais, os acontecimentos que ninguém julgava possíveis, o agudizar de conflitos em que ninguém acreditava.
Não sou crente. Não tenho fé na boa vontade dos Homens nem na bondade de um Deus inexistente.
Garden of Promises
Quero todas as flores.
Mas também podem ser só as brancas
ou só as vermelhas aquelas das cores
que se demoram.
Ou só mesmo uma única
como única é a haste que nos equilibra
de pétalas livres e redentoras.
Que seja apenas a flor que tens no riso
ou nas pálpebras cerradas de quem sonha.
Quero tudo o que na sua simplicidade
de abandono e paz
nos amanheça e nos inunde de esperança.
O Chega não tem direito a ter um Vice-presidente da Assembleia da República. Tem direito, isso sim, a propor um nome para o cargo.
Esse nome terá que ser votado pelos parlamentares.
O chumbo de nomes indicados para a representação parlamentar já aconteceu mais que uma vez e nunca se assistiu a este circo, montado pelos media, que o Chega muito bem aproveita.
A discussão do papel dos media na manipulação informativa, na legitimação de certas correntes políticas, nomeadamente da extrema-direita, é urgente.
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