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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Será que os americanos dão mais importância à fuga aos impostos que a todas as outras misérias de Trump?
Neurótica, eu?
Nem pensar. Estou calma e serena, aliás como sempre.
É claro que toda esta situação é desafiante, mas estamos à altura dos acontecimentos.
Tenho mantido uma distância confortável dos telejornais, comentadores e programas de (des)informação, tal a vontade de usar todos os métodos de tortura conhecidos e desconhecidos em todos os que me aparecem pela frente, perorando sobre vírus, medidas de saúde pública, estatísticas de infecções e óbitos.
Também me tenho poupado a tudo o que nos mostre como esta experiência nos melhora e enriquece, principalmente no vocabulário vernáculo e na criatividade com que se procuram projécteis à mão de semear.
Estou portanto a evoluir no sentido positivo de alguém que vê fantásticas oportunidades no obscurantismo e na histeria das redes sociais, na ignorância e demissão dos nossos jornalistas, na mediatização da insanidade.
Neurótica, eu?
Nem pensar!
Muito me separa de muitas posições e opiniões de Ana Gomes. Mas aplaudo a sua candidatura presidencial.
Nunca acreditei na candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Depois não acreditei na sua vitória. Depois espantei-me com a sua capacidade de serenar, apaziguar e descrispar a nossa sociedade e da forma como prestigiou o cargo presidencial após a desgraça fúnebre do Excelentíssimo Aziúme.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa tem tido ultimamente intervenções, das demasiadas que ao longo do mandato se multiplicaram, em que se esquece (verdadeiramente ou estrategicamente) que não é para comentador nem para professor que o cargo de Presidente da República existe.
É indispensável que haja debate político. Ana Gomes é muito bem vinda.
Yes I understand
That every life must end
As we sit alone
I know someday we must go
Oh, I'm a lucky man
To count on both hands
The ones I love
Some folks just have one
Yeah, others they got none
Stay with me
Let's just breathe
Practiced on our sins
Never gonna let me win
Under everything
Just another human being
Yeah, I don't want to hurt
There's so much in this world
To make me bleed
Stay with me
You're all I see
Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
What if I did and I'm a fool you see
No one knows this more than me
'Cause I come clean
I wonder everyday
As I look upon your face
Everything you gave
And nothing you would take
Nothing you would take
Everything you gave
Did I say that I need you?
Oh, did I say that I want you?
What if I did and I'm a fool you see
No one knows this more than me
'Cause I come clean
Nothing you would take
Everything you gave
Hold me 'til I die
Meet you on the other side
Não ficámos melhores nem mais solidários nem mais atentos nem mais espirituais. Não ficámos mais calmos nem mais produtivos nem mais descansados. Não encontrámos a resposta ao vazio nem solução para a desilusão nem cura para a ansiedade.
Ficámos mais medrosos mais preconceituosos mais cobardes mais descrentes mais tristes mais sozinhos mais abandonados mais presos. Estamos mais pobres.
Encerrámo-nos nas nossas certezas e olhamos os outros como ameaças. Corremos as cortinas temendo a contaminação das ideias das dúvidas dos corpos dos excessos. Transformámos o exíguo em desmando. Avaros de ternura e de entrega.
Não. Não estamos melhor. Estamos muito pior.
Lonely Tree, Lonely People, The Tree Hugger Project
Agnieszka Gradzik & Wiktor Szostalo
Arrancaremos da pele esta penugem
ninhos de impurezas parasitas
mesmo que amaciem de ternura
abraços e quenturas de amantes.
Lavaremos da cor e da saudade
os olhos que de lágrimas dispersas
atentam ao sorriso disfarçado
que as rugas já não podem esconder.
Seremos puros e lisos como o sol
queimados de tantas luas solitárias
esbeltos e eternos imolados
em estacas de ócio e de tristeza
sem raízes sem pó e sem ninguém
que segure o infinito que habitamos.
Não sei o que se passa com os candeeiros. Não alumiam. Não percebo porquê. São os mesmos há trinta e tal anos e deve ser por isso. Foram perdendo vigor.
O que é um enorme aborrecimento porque ler está a transformar-se num exercício de grande exigência. Inclino-me para o candeeiro para iluminar a página, afasto o livro e levanto o queixo, tentado usar a progressividade dos óculos. O livro fica de novo na sombra. Tiro os óculos e tento usar a miopia não corrigida.
Viro e reviro o candeeiro mas ele de mortiço não passa.
Acho que vou ter que comprar uns lampiões para colar ao lado da cama, que se transformará num óptimo banco de jardim.
Ou então ler ao microscópio.
Anna Chromy
Não dei por ele. Este manto de tristeza
que me vai afogando. Como água lamacenta
que alastra. Uma nódoa de sono. Uma infinita
cama de grades. Não dei por ela. Esta lassidão
da desistência. Sopro.
E não desaparece.
Acordei com as dores dos pássaros
asas sem voo pesadas de azul.
A casa como casulo de insectos
nas metamorfoses do silêncio
enrolados e secos de humanidade.
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