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Não sei porque é melhor a teoria de que o PS teria conspirado com os militares e o governo para o o encobrimento do achamento das armas roubadas em Tancos, do que a teoria de que o roubo de Tancos foi uma encenação para comprometer o governo, que deu tanto brado que depois foi preciso arranjar uma forma de encontrar as armas, e nisso estão conluiados militares e políticos da oposição.
Também não percebo a razão pela qual se acha que se o Ministro da Defesa sabia o Primeiro-ministro tinha que saber e se nega enfaticamente que o Presidente soubesse, mesmo sabendo que o seu ex-chefe da Casa Militar sabia.
Cada um pode escolher a teoria de que mais gosta e que mais se insere na busca de culpados e vítimas políticas, à medida das crenças individuais.
Mas o mais extraordinário é a mudança de princípios éticos de Rui Rio que num dia vitupera a Justiça e o Ministério Público, e com toda a razão, por causa dos julgamentos na praça pública, e no outro é ele que os faz.
Enfim, mais uma vez temos a Justiça a manobrar as eleições - outra das minha teorias da conspiração favoritas.
Tenho andado arredada dos blogues e das redes sociais. Mas isto é demasiado mau.
Para justificar um vídeo e uma música inacreditavelmente maus, que explora e multiplica todos os estereótipos de género e justifica a violência contra as mulheres, este "artista" faz declarações verdadeiramente abjectas.
Declaro-me, por isso, encartada feminista burguesa, com muita honra.
Máscara mortuária de Beethoven
Sempre acabo a dizer o mesmo. Não percam a peça Kiki Van Beethoven, não deixem para os últimos dias. Façam um favor a vós mesmos e vão ouvir o monólogo de Kiki, brilhantemente interpretado por Teresa Faria, à melhor sala de espectáculos do Poço do Bispo.
O autor da peça é Eric-Emmanuel Schmitt, a encenação de Natália Luísa. Sóbrio, simples, na luz, nos objectos em palco, no ambiente, na música que se ouve. Do riso às lágrimas, o encontro connosco, que nos perdemos.
E Beethoven.
Autoria: Eric-Emmanuel Schmitt; Encenação: Natália Luiza
Interpretação: Teresa Faria
Só até Domingo, 13 de Outubro
(Quarta a Sábado - 21:30; Domingo - 17:00)
Bilheteira: (+351) 91 999 12 13 / producao@teatromeridional.net / https://bit.ly/2GfOo8b
Teatro Meridional
A MELHOR Sala de Teatro do Poço do Bispo
Assunção Cristas
Se alguma dúvida existisse quanto ao que o CDS representa e propõe, aquela medida de possibilitar aos alunos que não conseguem nota para entrar na Universidade a entrada através das vagas para os alunos estrangeiros, a troco do pagamento da respectiva propina, é absolutamente emblemática da postura de uma certa direita (ou de toda?).
"(...) Esta proposta é socialmente injusta. Não é aceitável que haja uma repescagem com base na carteira, permitindo que um estudante com pior média aceda a um curso vedado a um estudante melhor apenas porque um paga e outro não. Se o CDS considera os numerus clausus baixos e quer mais portugueses no ensino superior público, o que tem a propor é simples: que se abram mais vagas. Ponto."
Como durante a semana não tenho tempo, dedico o fim de semana a ouvir programas de debate, entrevistas, etc. Hoje ouvi, entre outros, os debates do André Silva com o Rui Rio e o António Costas.
Quando acabaram senti uma (quase) irresistível vontade de fumar imensos cigarros, comer horrores de carne de bovinos poluentes, beber à fartazana e comprar vários carros a gasóleo.
Como dizia a minha avozinha: o que é demais é moléstia.
A menos de 1 mês das eleições legislativas, todos os esforços devem ser dirigidos ao combate à abstenção. Não há sondagens que resistam à contagem dos votos.
Os debates e as entrevistas têm corrido com civilidade e bonomia o que, quanto a mim, é uma bênção. Mas ainda faltam muitos dias de campanha, de redes sociais e directos pelas televisões, a chamarem sound bites, pelo que não me engano com tão bons augúrios.
A novidade destas eleições são o PAN, levado ao colo pelos media, e o PSD, vilipendiado pelos mesmos media. A verdade é que ninguém tem paciência para ler programas e vale a pena ir lendo o do PAN, que tem tiques de autoritarismo, como todos os que se acham iluminados e donos da verdade, e que se esquece de tantas áreas importantes da governação e da sociedade.
O BE tenta o impossível para crescer, principalmente à custa do PS. A demagogia e o oportunismo político do BE está bem patente na guerra às PPP e nas promessas de nacionalização de tudo o que mexe. Mais tiques de autoritarismo.
Habituámo-nos a pensar que a uniformização era a chave para maior rigor e maior eficiência. Cada vez estou mais em desacordo. As experiências diversas na saúde, na educação, em todas as áreas da sociedade deveriam ser avaliadas individualmente e acarinhadas, caso os resultados fossem positivos. Fala-se muito da satisfação das pessoas mas não se respeitam as suas necessidades e não se aplaudem as iniciativas que vão de encontro a essas mesmas necessidades.
Espero mais manipulação, desinformação e títulos tremendistas nas próximas semanas. É preciso não esmorecer e duvidar de tudo o que se lê e ouve. E depois escolher e ir votar. Votar é o mais importante de tudo. A decisão é sempre nossa.
Sobe a uma árvore irmão e ajeita os olhos entre as folhas
entreabre as janelas dos pássaros e esvazia devagar o medo.
Se ouvires murmúrios de silêncio e lágrimas de solidão
saberás que em segredo são outros os ramos que te olham.
As asas que abnegadamente constróis voam pelas luzes
com que palpitam os corações no escuro do mundo.
Parte um dos ramos irmão como partiste os muros da vida.
Pode ser que sim, pode ser que esteja com um ataque de misantropia e que o meu tédio seja imenso e se estenda a vários géneros. Mesmo assim ainda não estou completamente enclausurada.
Vou vivendo a minha vidinha, espreitando as notícias, confesso que com a dita melancolia e muita desesperança, de vez em quando com sobressaltos e aumento de frequência cardíaca, afundada nas análises e nos compromissos vários que vou somando, mesmo querendo diminuí-los, omnipresentes treinos, algumas opíparas refeições, confecção de licores e experimentação de receitas de bolos.
Enfim, nada de queixas nem de lamúrias. Aproximamo-nos a largos passos das legislativas e, diga-se em abono da verdade, os debates e as entrevistas até têm sido civilizados, o que é muito bom sinal e decorre de alguns dos protagonistas e da descompressão a que se assistiu na nossa vida política, após estes 4 anos de Geringonça e de Presidente Marcelo.
Gostaria muito que a abstenção fosse menor que a que se tem verificado, mas não tenho grande fé. As sondagens que dão muitos votos ao PS e muito poucos ao PSD podem induzir à não participação eleitoral. Não estou assim tão convencida da irrelevância e incapacidade eleitoral de Rui Rio. Acho que tem feito muito boas entrevistas. Mas eu sou aquela que nunca acerta, portanto estarei, muito provavelmente, enganada.
Nunca conseguirei entender a razão de tantas páginas escritas sobre o pedido de maiorias absolutas pelos líderes partidários. É um enigma. Como se alguém votasse mais ou menos num partido por lhe ter sido pedido que se lhe desse uma maioria absoluta. E o raciocínio de não votar para impedir a dita maioria também me parece abstruso, pois no limite, esse partido até poderia perder.
O que é preciso é votar e estar atento a fenómenos populistas de direita e de esquerda, para não alimentar projectos mais ou menos totalitários, travestidos de boas intenções. E vigiar as inúmeras manipulações que se preparam ou que já estão em acção. Acreditemos que o voto ainda é aquele que traduz o nosso pensamento e a nossa vontade. Pelo menos a 6 de Outubro.
Um beijo de súbito e ao fundo uma régua inteira de rio
Foi o dia em que perdi tudo quase tudo as chaves do carro
até o chão Não teve importância alguma porque
sequer me lembrava onde deixara o carro
Acontece-me muito de manhã esquecer-me do lugar
onde à noite estacionei a realidade
O melhor por vezes é sermos mesmo despojados de tudo
quanto menos tivermos menos perdemos
por exemplo o tempo Quanto menos juntarmos
menos desarrumamos por exemplo a vida
sem quinquilharia barata ao fundo da carteira
mais facilmente as coisas nos sobrevêm à mão
por exemplo a solidão
Até esse beijo súbito preso na moldura de um rio inútil
se terá perdido no meio das bugigangas todas que juntámos,
os filhos os livros os brincos (tantos brincos se perdem numa vida)
as ferramentas as casas a papelada a mobília as
roupas as tralhas e as palavras as memórias os bibelots
que já eram dos avós: os velhos guardam sempre tanto lixo
tantos fios eléctricos embaraçados tanta meia sem par
tanto amor desirmanado por aí
por onde?
Nesta confusão de tudo recolhermos em desalinho
Como encontrar, então, de súbito
o beijo ao precisarmos dele
ou a moldura
ou mesmo o tejo imóvel lá por dentro?
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