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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Nada do que se está a passar no SNS, em termos de escassez de recursos humanos, pelo menos médicos, é novidade e estava prevista e diagnosticada há décadas. Gostaria muito de ouvir alguém, nomeadamente jornalista, a informar sobre o seguinte:
Estes problemas não são de agora e chega a ser pornográfico ouvir agentes políticos e jornalistas repetirem aquilo que existe há décadas como se fosse novidade, ouvir repetir mentiras sobre as PPP, como se o SNS se resumisse a 4 hospitais em PPP.
É tudo demasiado triste e muito cansativo.
https://www.edulog.pt/artigos/em-analise/em-debate-ha-falta-de-medicos-em-portugal
https://www.spp.pt/UserFiles/file/Publicacoes/Estudo_Evolucao_Prospectiva_Medicos_Relatorio.pdf
Do ensino das gaivotas pelo areal dos sentidos
alisamos dúvidas esfregamos asas
recebemos das ondas o primordial alimento
de olharmos o mundo no bico do vento.
Ella Fitzgerald & Duke Ellington
Cole Porter
Birds do it, bees do it
Even educated fleas do it
Let's do it, let's fall in love
In Spain, the best upper sets do it
Lithuanians and let's do it
Let's do it, let's fall in love
The dutch in old Amsterdam do it
Not to mention the fins
Folks in Siam do it, think of Siamese twins
Some Argentines, without means, do it
People say in Boston even beans do it
Let's do it, let's fall in love
Romantic sponges, they say, do it
Oysters down in oyster bay do it
Let's do it, let's fall in love
Cold cape cod clams, 'gainst their wish, do it
Even lazy jellyfish, do it
Let's do it, let's fall in love
Electric eels I might add do it
Though it shocks em I know
Why ask if shad do it, waiter bring me
"shad roe"
In shallow shoals english soles do it
Goldfish in the privacy of bowls do it
Let's do it, let's fall in love
In old Japan, all the Japs do it
Up in Lapland little laps do it
Let's do it, let's fall in love
The chimpanzees in the zoos do it
Some courageous kangaroos do it
Let's do it, let's Fall in love
I'm sure giraffes on the sly do it
Even eagles as they fly do it
Let's do it, let's fall In love
Electric eels I might add do it
Though it shocks em I know
Why ask if shad do it, garcon de
"shad roe"
The world admits bears in pits do it
Even pekingeses at the Ritz do it
Let's do it, let's Fall in love
The royal set sans regret did it
And they considered it fun
Marie Antoinette did it
With or without napoleon
Que marinais sob tão pora luva
de esbanforida pel retinada
não dão volpúcia de imajar anteada
a que moltínea se adamenta ocuva?
Bocam dedetos calcurando a fuva
que arfala e dúpia de antegor tutada,
e que tessalta de nigrors nevada.
Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!
Labiliperta-se infanal a esvebe,
agluta, acedirasma, sucamina,
e maniter suavira o termidodo.
Que marinais dulcífima contebe,
ejacicasto, ejacifasto, arina!...
Que marinais, tão pora luva, todo..
Jorge de Sena num documentário da RTP 2, de 2005.
Realizadora: Joana Pontes
Jorge de Sena
Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós. sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
New York Times’s Global Edition Is Ending Daily Political Cartoons
Tudo isto motivado por um cartoon do António que o poderoso lóbi da direita radical israelita conseguiu fazer passar por anti-semita e nazi.
O mundo está a ficar cada vez mais perigoso e autoritário. Assim se vai acabando o jornalismo livre.
O meu menino de oiro
de oiro fino
a carne e a alma
do meu destino.
O meu menino santo
santo menino
que inunda os cantos
do meu destino.
Nota: roubado a Zeca Afonso
O discurso de João Miguel Tavares, mesmo antes de ter sido proferido, já tinha vários detractores, apenas porque era dele, João Miguel Tavares, comentador encartado do Governo Sombra e opinante do Público, que cresceu e se diferenciou à custa de gritar contra José Sócrates.
Não tenho qualquer simpatia pela figura e discordo de quase tudo o que ele diz. Por outro lado, não tenho Marcelo Rebelo de Sousa na conta de tonto, pelo que a escolha de João Miguel Tavares para organizar as cerimónias comemorativas do Dia de Portugal me mereceu, pelo menos, o benefício da dúvida. E li com atenção o discurso que ontem fez.
João Miguel Tavares aponta ao país aquilo que a geração dele pensa do mesmo. O desencanto, a desilusão, a falta de perspectivas de futuro, pelo menos a sua incerteza, a crescente desigualdade de oportunidades, o fosso entre o interior pobre e o litoral rico, a perpetuação das chamadas elites, o divórcio com a política.
Todos os problemas existem e são importantes. O problema de João Miguel Tavares, como de muitos outros, é a repetição do mantra nós e eles, significando nós - o povo, por inerência bom, honesto e ingénuo, eles - os políticos, por inerência pérfidos, incompetentes, desonestos e ladrões.
A responsabilidade do estado do país é nossa, de todos. Os políticos são pessoas iguais a nós, uns melhores outros piores, que nós próprios escolhemos, por acção e, cada vez mais frequentemente, por omissão. O que gostaria de ter ouvido a João Miguel Tavares não era pedir aos políticos que nos dessem alguma coisa em que acreditar, mas o repto à sua e às gerações mais jovens para participarem na vida pública, que é um dever, para votarem, para se manifestarem, para contribuírem e fazerem política, que é responsabilidade de todos. Critico, por isso, e nesse sentido, o seu discurso, populista no apelo do nós contra eles.
Mas as reacções que fui lendo ao longo do dia por pessoas que se concebem de esquerda, que não se cansam de apregoar valores de igualdade, tolerância, respeito pelas diferenças e pela liberdade de expressão de pensamento, acabam por adubar e fazer crescer os populismos, arrasando qualquer opinião que, mesmo que remotamente, ponha em causa os seus dogmas. É precisamente esse arregimentar de tropas, esse encurralar de facções, que muito contribui para o aumento do cansaço e da exaustão perante o exagero e o tremendismo, e que afasta as pessoas da intervenção pública e do activismo político. Não há qualquer interesse em ouvir e tentar entender, mas sim arrasar um lado, independentemente do gradiente do outro. Ao reduzir todos à mesma substância, emparceira-se João Miguel Tavares com André Ventura. A sanha é a mesma.
João Miguel Tavares foi populista mas não só, e o seu carisma aumenta na proporção inversa do desprezo a que é votado pelas patrulhas de esquerda que, de tão limpas e puras no seu esquerdismo, chegam a ser tão demagógicas quanto ele.
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