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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Nos dias em que passo
devagar dormente
como posso
distraída eloquente
em compasso
com gente decente.
Ultrapasso
o canto prudente
e desosso
a mente.
Um documentário muito interessante sobre a descoberta do esqueleto de Ricardo III de Inglaterra.
Domenico Scarlatti K.84
Jean Rondeau
Por muito que gostasse que o BREXIT voltasse atrás e se transformasse em BREMAIN, não concordo com quem defende um novo referendo.
Democraticamente o Reino Unido decidiu-se pelo BREXIT. A incompetência e incapacidade de quem entretanto, tem estado à frente da negociação com a UE, a ambição de Theresa May que aceitou negociar aquilo em que não acredita, a cobardia e oportunismo de quem lutou pelo BREXIT e não assumiu as suas responsabilidades, não podem ser os argumentos para se repetir um referendo. Mas podem ser justificação para novas eleições em que os partidos clarifiquem o que farão quanto ao BREXIT, caso as vençam.
Se repetirmos referendos sempre que há manifestações e/ou incompetência de governantes, teremos que fazer já eleições em França a propósito dos vandalismos pseudomanifestantes dos coletes amarelos, e termos que referendar a interrupção voluntária da gravidez em Espanha, obedecendo à manifestação que ocorreu.
A democracia tem os seus ritos e as suas regras. O recurso ao referendo não pode ser usado para reverter a própria democracia representativa.
Dói-me o azul do mundo
capa de engano lodo
em que frágeis caules esmagados
despedem a vida
surdos cegos aprisionados.
Parece que estamos todos adormecidos, atarantados, gaseados pelos horrores que vão acontecendo por esse mundo. O ataque terrorista na Nova Zelândia, anteriormente o de Pittsbrugh, o vandalismo destruidor dos coletes amarelos em França, nomeadamente em Paris, Trump, Bolsonaro e semelhantes, a crise da Venezuela, o Brexit, enfim, todo um corolário quotidiano de precipitação para abismos que nos gelam e que não sabemos como parar.
Por isso é uma frescura de alma e uma esperança dar conta de algumas pérolas, inesperadas e surpreendentes, como este movimento:
A acreditar na sondagem que saiu ontem, do ICS/ISCTE, esta solução governativa tem hipótese de se repetir. O PS não tem maioria absoluta mas a esquerda soma mais votos que a direita.
É interessante ver que a líder com pior imagem é Assunção Cristas, e que a maioria dos participantes acha que este governo tem feito um bom trabalho. Há, no entanto, 17% de pessoas que dizem não saber em quem votar, o que é muitíssimo expressivo e significativo.
António Costa tem que mobilizar o seu eleitorado, não só para que não se verifique uma vitória da direita, como para que seja o partido mais votado, como ainda para que não fique refém dos partidos à sua esquerda. Por outro lado, terá que negociar um programa de governo antes das eleições, pois os objectivos da próxima legislatura terão que ser mais ambiciosos do que reverter a desgraça anterior. António Costa não tem tarefa fácil e, a avaliar pela última campanha legislativa, convém que lhe corra melhor.
Rui Rio parece estar bastante mal classificado, mesmo dentro de que vota no seu partido. Mas ainda é muito cedo, e teremos europeias e autárquicas* entretanto, pelo que tudo isto ainda pode mudar.
*Por lapso escrevi autárquicas mas, na relaidade, como me lembrou um comentador, são eleições para a Região Autónoma da Madeira.
Alan LeQuire
Não tenho género nem genes
que me distanciem de ti
outro género e outros genes
tão semelhantes a mim.
Tão diferentes entre si
todos pequenos e grandes
todos juntos e separados
nas diversidade e abundância
de génios e gente.
Lado a lado sem segredo
somos género humano
decente
sem medo.
Como poderei amar se ainda não inventei
quem me acompanhe pelas bordas da vida
gastando dedos a separar versos
gastando ventos a rasgar saudades
nos espelhos em que me vejo dissolvida?
Tenho ensaiado alguns textos sobre diversos assuntos que considero importantes, mas quando chego a meio, desisto. Ou porque já passaram alguns dias sobre o assunto e já não é actual, havendo mais uns milhares para falar, ou porque já se disse tudo e o seu contrário, pelo que nada acrescentaria.
E assim vou deixando passar as oportunidades de me exprimir, desistindo da veemência, adiando as opiniões, duvidando das certezas entretanto experimentadas. Tudo acaba por se relativizar e desvanecer.
E, no fim do dia, qual era mesmo a notícia?
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