Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
(Cena matinal, no quarto, a um domingo)
......................................................................................
Acumulam-se os comprimidos, as dores nas cruzes, os quilos a mais e as teimosias. O novo esfigmomanómetro, devidamente certificado, é disputado por uma matrona estremunhada, já que o seu anafado marido teve que se render à necessidade imperiosa de monitorizar a tensão arterial, na tentativa de levar uma vida mais saudável e activa, submetendo-se às caminhadas na passadeira lá de casa, que estacionava pacífica e silenciosa, substituindo estantes e cabides.
Ao manusear o dito aparelho, colocando a manga por cima do casaco do pijama, deu-se conta de que os tubos e o mostrador estavam pegajosos. Comentando, espantada, tal facto, ouve a resposta pronta e cândida, com a espontaneidade que só da verdade desponta:
- Ah, é que caiu em cima do bolo.
......................................................................................
Apercebi-me que, neste momento, e em muitos outros, para ser honesta, principalmente em vésperas de congressos, workshops e encontros, posso ser copiosamente acusada de assédio laboral.
Não basta termos regras e horários para levantar, para deitar, para comer, para dormir, para trabalhar, para amar, para educar filhos, para ser empático, para ser civilizado, para beber, para ser limpo, para ser saudável, para ser lindo, para ser magro, para andar, para correr, para falar, para cantar, agora também devemos ter aulas que nos ensinem a rir e temos que contabilizar a quantidade diária do mesmo.
No barco que procuro no silêncio das ondas
no desequilíbrio do fogo na água que me afoga
é frágil a raiz que me segura inteira
uma âncora perdida no turbilhão da viagem.
Esta série passou há muitos anos na nossa televisão, num tempo em que esperávamos ansiosamente por cada episódio num determinado dia da semana. É da BBC (1974) e excelente. Conta os movimentos políticos nos impérios austríaco, alemão e russo, de 1853 a 1918, com a queda das três coroas - Habsburgo, Hohenzollern e Romanov.
Neste momento saboreio-a ao ritmo de um episódio por dia. Não perdeu nada com a idade.
Um dia solar e frio, um começo de ano que será continuidade, a música.
Já há uns anos reflecti sobre a hipótese de se inovar os Concertos de Ano Novo do CCB. Nada tenho contra valsas e polkas, muito menos contra os vários Strauss, mas parece-me que os temas poderiam mudar. Com tanta e tão maravilhosa música que há, de autores e compositores portugueses e não só, era mais divertido se os concertos fossem diferentes todos os anos. Imagino até que ada maestro poderia divulgar o programa só in loco, para que a surpresa fosse completa.
Bem sei que é difícil mudar e alterar hábitos, mas acho que seria um luxo.
Este ano, apesar de pouca, houve alguma diferença, pois o maestro é mais delicado e introduziu valsas de Dmítri Shostakóvitch, que adoro. Foi um excelente começo de ano, que se adivinha difícil, trabalhoso e imprevisível.
Orquestra Metropolitana de Lisboa
direcção musical de Evgeny Bushkov
J. Strauss II Nova Polca Pizzicato, do 3.º ato da Opereta Princesa Ninette
D. Schostakovich Pizzicato Allegretto da suite do bailado A Ribeira Brilhante, op. 39a
D. Schostakovich Valsa do filme Michurin, op. 78
D. Schostakovich Valsa do filme Pirogov, op. 76
Bom 2019!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.