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Prosas Bíblicas - Livro 1

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.11.18

prosas biblicas 1.jpg

 

23.

 

Pus-me ao sol a depurar

Em busca da tua essência

Sentimentos a crestar

Em rios de decadência

 

Passam noites passam dias

O tempo corre e dilata

Corpos sofrem agonias

As almas viram sucata

 

Sacudi estrelas e pó

Resíduo do que ficou

Na verdade estou só

Nada de novo mudou

 

in Prosas Bíblicas, Livro 1 (pág. 35)

na Ler Devagar

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publicado às 22:18

Prosas Bíblicas - Livro 1

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.11.18

prosas biblicas 1.jpg

 

10.

 

Bebi a água sagrada

Junto à fonte da verdade

A minha face banhada

Êxtase de santidade

 

Subi ao trono bem alto

Degraus firmeza rigor

A vida sem sobressalto

A alma sempre em fulgor

 

Pensei que me era devido

O ouro o mel e o pão

O paraíso perdido

Na palma da minha mão

 

Caí do meu pedestal

Estilhacei os espelhos

Condenada afinal

A caminhar de joelhos

 

in Prosas Bíblicas, Livro 1 (pág.22)

na Ler Devagar

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publicado às 22:20

Caminhos magnéticos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.11.18

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publicado às 20:04

Ausência

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.11.18

bonsai.png

 

Ouvi dizer que se apagou uma das luzes

de outrora.

Mas na verdade não havia luzes que se apagassem.

Elas permaneciam mudas ou deslumbrantes

como agora

e mesmo que não se mostrem ardem em silêncio

e alumiam os cantos escuros das ausências

eternamente quedas e cintilantes

de transparências.

 

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publicado às 14:24

Intrusos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.11.18

jonathan-callan3.jpg

Jonathan Callan

 

Os óculos abandonados sobre a secretária, os papéis cobertos de anotações, números e letras ilegíveis, os jornais espalhados pela mesa, uma manta, o pijama passado a ferro e dobrado, a sensação constante de que vai aparecer à porta um vulto quase sem espessura, quase transparente, o som da voz ainda forte, a silabar os nomes. Os despojos, os artefactos que representam os dias, as pequenas tarefas quotidianas, os gestos que fazem o ritual de viver, o alimento do corpo e do espírito. Uma casa que repentinamente se despiu e esfriou, recolhendo os intrusos que devassam sem querer um santuário.

 

Papéis e livros, livros e papéis, assim se vai construindo uma história, uma tão exígua amostra de tantos anos de mudanças, vitórias, dúvidas, derrotas, pensamentos elevados e mesquinhos, amores e desamores, alegrias e tristezas, companhia e solidão. Tão pouco resta de nós, tão pouco significativos e importantes somos à luz do que nos julgamos.

 

Não é fácil encarar a ausência definitiva. Temos que esperar o dia em que o tempo faz as pazes para conseguirmos aceitar a nossa própria incapacidade de esquecer.

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publicado às 19:47

Hoje

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.11.18

IMG_3897 (2).JPG

Há sempre uma hora que tememos e que sabemos inevitável, aquela que teremos que viver. Todas as árvores morrem e o meu pai, qual árvore de tronco rijo, com as raízes bem presas nas suas convicções e na bravura do que conseguiu, partiu com o silêncio e a certeza do dever cumprido.

 

Foi muitas coisas, tantas como tanto já disseram e escreveram, mas para além de todas as coisas foi um homem honrado que honrou a sua vida e o seu País. Foi um modelo e uma razão, um exemplo e uma inspiração, com todos os defeitos e qualidades que todos os pais têm aos olhos dos filhos.

 

Por isso, hoje, sabendo que ninguém será nunca insubstituível, tenho a certeza de que, para mim, ele não é substituível.

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publicado às 19:06

Romãs

por Sofia Loureiro dos Santos, em 11.11.18

romas.jpg

Dmitriew George

 

Descasquei uma romã

e desfiz os bagos

como se aprendesse do sangue

a vontade de acabar.

 

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publicado às 22:06

100 anos depois

por Sofia Loureiro dos Santos, em 11.11.18

armistício 2.jpg

11 de Novembro de 1918

Assinatura do Armistício em Compiègne

 

armistício 1.jpg

 Imperial War Museum

 

100 anos.png

11 de Novembro de 2018

 

 

Levantados da lama

do fragor dos corpos

da explosão do mundo

levantados do inferno

que tão bem costuramos

e sofremos vamos

acumulando chuvas

e ventos desleixando

rios e cantos

refazendo cautelosamente

o lodaçal para que

nos enterremos

de novo na lama.

 

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publicado às 17:23

Um dia como os outros (188)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.11.18

UmDiaComoOsOutros.jpeg

 (…) Mas estes homens têm uma corte, porque o poder autocrático tem uma capacidade enorme de atrair a degenerescência da virtude, de poder ser usado para comprar e vender interesses e para dar aos pequenos da mesma espécie a ilusão de que também são grandes, porque estão à sombra dos gigantes. Aqueles a quem tenho chamado os nossos bolsonarinhos e trumpinhos desdenham Bolsonaro e Trump e não quereriam ver-se em sua companhia à mesa. (E daí não sei... Talvez, depende, não é impossível, podia ser, e se for uma selfie, não ficava mal, para pôr na mesa de cabeceira...) Por isso juram a pés juntos que não gostam deles. MAS GOSTAM DO QUE ELES ESTÃO A FAZER. Vai em maiúsculas por que é isso mesmo. (…)

 

(…) E não se iludam com as aparentes reticências e com as explicações rebuscadas, que não “reticenciam” nada, nem “explicam” nada, porque lhes falta o sentimento de nojo. E o nojo é o sentimento exacto. Eu vi a conferência de imprensa de Trump, em que ele disse que se os democratas investigarem os seus impostos, ele vinga-se investigando os democratas, coisa que ele diz que faz muito melhor. Senti nojo. Ponto.

 

Pacheco Pereira

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publicado às 15:32

A tentação do abismo

por Sofia Loureiro dos Santos, em 06.11.18

tancos.jpg

André Carrilho

 

 

Andamos numa vertigem de fabricação e exploração de casos, sem distinguir a sua gravidade e importância e sem cuidar de preservar as Instituições. O caso do desaparecimento/ reaparecimento das armas de Tancos é disso um exemplo. Na corrida para a visibilidade e para o protagonismo, mastigam-se os actores políticos e as Instituições. Responsáveis partidários, comentadores e jornalistas, na ânsia de se fazerem notados, baralham e envolvem ministros, militares, polícias e, como já é pouco, também o Primeiro-.ministro e o Presidente da República.

 

Cada vez é mais difícil tentar perceber o que se passou e o que se está a passar - houve ou não roubo? Se sim quem foram os ladrões, onde estavam e onde estão as armas que faltam? Vendidas, traficadas, destruídas, emprestadas? Se não, qual o objectivo da farsa? Quem a criou e com que fim? A sua restituição foi negociada para encobrir os criminosos ou não? Se sim, porquê? Quem é que se quis encobrir? Se não, porque se falou em encobrimento? A sensação que tenho é que nada disto é real e que tudo é uma manobra de diversão para distrair do foco principal - e qual é o foco principal? Voltamos ao princípio - houve ou não roubo?

 

O que mais destrói a confiança dos cidadãos no regime democrático são estas graves palhaçadas, em que a corrida para alcançar a fama vai destruindo e atropelando tudo o que aparece. As pessoas vêm-se perdidas, sem perceberem o que se passa, e cansam-se da repetição até à náusea das mesmas coisas. O novo mote, lançado por Marques Mendes, é o atrito entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, que se vai repetindo por todos os media.

 

No dia em que há eleições nos EUA, país que tem como Presidente uma criatura inominável que apela aos nossos piores instintos, deveríamos pensar bem no perigo do descrédito das Instituições que, por acção ou omissão, estamos a incentivar.

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publicado às 13:01

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