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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Não sei se pelo nome do livro, mas São Pedro resolveu brindar-nos com um fim de tarde de temporal e trânsito infernal, correspondendo a tantas preces que há tantos dias todos faziam.
Mas nem assim se desmobilizou a manifestação de carinho com que me brindaram, a mim e a todos os responsáveis pela concretização de mais esta aventura - Graça Morais, que cedeu a imagem para a capa e contracapa, Fernando Pinto do Amaral, que prefaciou e o apresentou, José Teófilo Duarte, pela edição e realização gráfica, Natália Luíza, que lhe deu voz,e Manuel d'Oliveira, que lhe emprestou música e encanto.
Foi um fim de tarde inesquecível. Muito obrigada a todos, com um agradecimento especial à Biblioteca Camões e a Lithales, o nosso anfitrião e autor das fotos.
Falta-nos um dilúvio, Senhor Deus, um dilúvio de palavras e de estrelas que nos acalentem e nos guiem. Faltam-nos cajados de serpentes e ramos de oliveira para remarmos na água turbulenta dos anseios, mergulhados nos corpos, nas mágoas, nos filhos, nas mulheres, nos homens, em todas as coisas vivas ou mortas com que nos brindas diariamente, pelos infinitos que não conhecemos com os finitos que nos impões, por capricho ou por castigo.
Faltam-nos os gestos, Senhor Deus, com que oferecemos os frutos da razão, entrincheirados nos ruídos do mundo, nas mais diversas necessidades desnecessárias a que nos obrigamos e acrescentamos, entulhando as almas de detritos e tédios supérfluos.
Falta-nos a terra, a chuva, a luz do pão da partilha, dentro dos círculos que traçamos para a quietude da revolta, para a tranquilidade das tempestades com que ciclicamente nos dilaceramos. Faltam-nos árvores e fios de prumo, as geometrias de um universo que vamos trilhando, horizontes desconhecidos de mãos, de olhos, do fogo lento no amor que nos negamos.
Sobram-nos espaços de solidão em que o silêncio rasga os leitos e as janelas de tantos outonos cobertos da cinza do abandono, rugas que cavam o tempo, caminhos que se encurtam de medo, de luto, de esquecimento.
E no entanto, Senhor Deus, cada olhar que retenho, cada abraço que aconchego, a cada voz que se eleva em miraculosos sons irrepetíveis, a cada mundo que habito apenas porque me dou, me dispo, me sonho, a cada verso que escrevo, vou percebendo que a enorme e misteriosa arte de te saber ausente e presente, não é mais que o holograma do meu pensamento, tão divino e inconcebível como o mais humano dos seres.
Estão todos convidados
Não deixem de comprar esta pérola.
Assisti a este concerto na Gulbenkian, há cerca de um ano, maravilhada.
Será um belo presente de Natal.
Caetano Veloso
Gilberto Gil
Yo vide una garza mora
dándole combate a un río,
así es como se enamora
tu corazón con el mío
Luna, luna, luna llena menguante
Luna, luna, luna llena menguante
Anda muchacho a la casa
y me traes la carabina
pa' mata' este gavilán
que no me deja gallina
La luna me está mirando
yo no sé lo que me ve,
yo tengo la ropa limpia
ayer tarde la lavé.
Luna, luna, luna llena menguante
Luna, luna, luna llena menguante
PROSAS BÍBLICAS
Editor: José Teófilo Duarte (Estuário Publicações)
Autora: Maria Sofia Magalhães
Capa: Cortesia de Graça Morais (Série Perdiz, 2001)
Prefácio: Fernando Pinto do Amaral
Lançamento a 28 de Novembro/2017 - 18:30h
Biblioteca Camões - Largo Calhariz 17, Lisboa
com
Natália Luíza
Manuel d'Oliveira
Fernando Pinto do Amaral
28 de Novembro/2017 - 18:30h
Biblioteca Camões - Largo Calhariz 17, Lisboa
Não sabia o que me esperava, nunca sei. Mas tenho sempre a absoluta certeza de que valerá a pena, quando vou assistir a um espectáculo do Meridional. E este, que comemora os 25 anos de uma carreira excepcional, prometia reflexão – DEVÍAMOS ter parado.
Quando acabou, as mais fortes sensações que me ficaram foram as de deslumbramento por um espectáculo belíssimo, e uma grande interrogação sobre tudo o que vi.
Esta não é uma peça de texto escrito ou falado, é uma peça de texto mímico e sensorial, em que o que se passa no palco conta uma história diferente para cada um dos espectadores. Aliás quem faz a história é cada um de nós, sendo os actores, a cenografia, a música, tudo, provocações de uma coisa que parece totalmente desligada e desconexa, mas que é uma forma de nos mantermos em interrogação permanente, de adaptarmos o que vamos vendo aos nossos percursos de vida. As personagens vestem e despem continuamente roupagens, que os fazem diferentes. Umas vezes experimentam, como se medissem as consequências, outras fazem-no rápida, repetida e atabalhoadamente, atropelando-se pelas mesmas roupas, outras normalizam-se e adquirem um tom executivo, assertivo e apressado, agressivo e devorador, outras ainda acabam por preferir a própria pele sem adereços, mergulhando numa posição quase fetal e isolada, à parte, como se se auto marginalizassem.
E por vezes encontram-se, como na cena em que duas actrizes têm vestido iguais, se movem da mesma maneira e olham espantadas à sua volta, meio crianças, meio bonecas, de mãos dadas. Por vezes encontram-se, como as que caiem nos braços uma da outra, como se desistissem e se amparassem mutuamente. Por vezes encontram-se, como se descobrissem o amor. Por vezes encontram-se, como se pudessem substituir ou acrescentar pormenores uns aos outros, adaptando-se a circunstâncias extremas.
E há algumas revoltas isoladas e inconsequentes, como a vontade de cantar de uma personagem que lembra as bailarinas da Paula Rego, que não sabe “o que querem que faça” e desafia “quem quer” com uma voz poderosa, há alguns desesperos, há um guarda-chuva que faz rir, um espelho que roda vagarosamente numa interpelação directa (somos nós que ali estamos), alguém que se passeia com nariz de palhaço e flores, murmurando palavras como silêncio e pausa.
A última cena é indescritível de bela. A música, as vozes, a luz, a melancolia, tudo misturado com a sensação de que não percebemos nada de nada, nada do que passámos, do que vivemos, do que somos, e ao mesmo tempo que, apesar de tudo, aquilo é connosco. Que, apesar de tudo, continuamos a procurar a nossa própria personagem, individual e colectiva.
Seria isto o que o Meridional pretendia? Penso que cada um fará uma interpretação diferente.
Mais uma vez estão todos de parabéns. Não percam, mesmo.
Why should I feel discouraged, why should the shadows come,
Why should my heart be lonely, and long for heaven and home,
When Jesus is my portion? My constant friend is He:
His eye is on the sparrow, and I know He watches me;
His eye is on the sparrow, and I know He watches me.
I sing because I'm happy,
I sing because I'm free,
For His eye is on the sparrow,
And I know He watches me.
"Let not your heart be troubled," His tender word I hear,
And resting on His goodness, I lose my doubts and fears;
Though by the path He leadeth, but one step I may see;
His eye is on the sparrow, and I know He watches me;
His eye is on the sparrow, and I know He watches me.
I sing because I'm happy,
I sing because I'm free,
For His eye is on the sparrow,
And I know He watches me.
Whenever I am tempted, whenever clouds arise,
When songs give place to sighing, when hope within me dies,
I draw the closer to Him, from care He sets me free;
His eye is on the sparrow, and I know He watches me;
His eye is on the sparrow, and I know He watches me.
I sing because I'm happy,
I sing because I'm free,
For His eye is on the sparrow,
And I know He watches me.
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