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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Estive a ouvir a entrevista a Azeredo Lopes, o nosso Ministro da Defesa, na RTP play.
Gostei muito e fiquei esclarecida de algumas coisas. Só tenho pena que estes esclarecimentos tenha vindo, quanto a mim, um pouco tarde.
Portanto, se bem percebi:
Posso ter sido demasiado célere em pedir a demissão do Ministro da Defesa. Mas sinceramente, não entendo porque ele próprio não esclareceu todos estes pontos mais cedo e à medida que surgiam os problemas e a barragem informativa, mais ou menos inventada, na comunicação social. Por isso mesmo continuo a pensar que estas situações são penosas e que trarão desgaste ao governo, mesmo que isso só seja sentido ao retardador. Acredito que a saída de Constança Urbano de Sousa e de Azeredo Lopes acabarão por acontecer, mais da primeira do que do segundo.
É difícil pensar com os dados viciados. O jornalismo também se demitiu da sua função de informar e aderiu ao tremendismo mediático das redes sociais. E isso está a matá-lo. E à discussão de ideias também.
Não compreendo a razão pela qual há várias notícias nos jornais espanhóis que, objectivamente, lesam a imagem de Portugal, e que ainda por cima são falsas (a ser verdade o que se lê no Diário de Notícias).
Será que há mesmo interesse em descredibilizar o governo português, para impedir uma solução política idêntica em Espanha?
Um mês depois da tragédia, evocando respeitosamente as vítimas, acompanhando a dor dos seus familiares, agradecendo o heroísmo anónimo dos que combateram o fogo e dos que testemunharam e testemunham solidariedade, relembro a exigência de apuramento total de factos e de responsabilidades, e de reconstrução imediata, em clima de trégua eleitoral local, aliás à medida da ilimitada generosidade do povo português.
Sessenta e quatro mortos interpelam-nos, exigindo verdade, convergência e reconstrução, com a humildade de assumirmos que os poderes públicos não corresponderam às expectativas neles depositadas.
Por muito que quiséssemos era obviamente impossível, a qualquer governo, ter resolvido os enormes problemas das pessoas que ficaram sem nada em Pedrógão Grande e nas restantes áreas calcinadas pelos incêndios. Como também é absolutamente demagógico dos nossos anteriores governantes, exigirem que o dinheiro da solidariedade já estivesse nas mãos de quem necessita, sem qualquer veículo estatal que o possa acautelar e colocar nas mãos de quem dele precisa, ou grandes responsabilidades em relação ao SIRESP, como se fossem alheios a tudo o que diz respeito ao Estado.
Mas também me parece que as críticas à PT e ao SIRESP da parte de António Costa são dispensáveis. O que se espera do governo é que actue, não que se queixe, mesmo que tenha razões para isso.
Não sei já precisar se foi ontem que ouvi, na televisão, uma responsável pela protecção civil assegurar que as falhas verificadas nas comunicações, através do SIRESP, não tinham tido consequências porque havia sistemas de redundância de comunicações para evitar ausência total das mesmas. Fiquei perplexa outra vez, pois está tudo a colocar-se exactamente ao contrário: o SIRESP deveria servir para que as comunicações não falhassem quando os sistemas normais deixam de cumprir.
Porque não acabam com um sistema que, pelos vistos, é caro e não serve para nada?
Confesso a minha total perplexidade pela renomeação dos Comandantes exonerados aquando do conhecimento público do roubo de material militar em Tancos.
Afinal já se sabe o que se passou? O Exército já concluiu quem roubou, quando, porquê, etc.? E se sabe, não será altura de também nós sabermos? É que o facto dos cinco Comandantes reassumirem as suas funções parece significar que estão isentos de qualquer tipo de responsabilidades.
Não percebo.
O que seria extraordinário e verdadeiramente miraculoso era a Geringonça, em cerca de ano e meio, recuperar o País da devastação em que os 4 anos de governo PSD/ CDS o deixou.
A ideia de que uma esquadra da polícia pode ser o local mais inseguro para um qualquer cidadão é aterradora, mas ainda se torna mais difícil de aceitar que um inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) tenha servido de nada para repor a justiça. (...)
(...) O uso ilegítimo da força por uma polícia é sempre condenável e esse crime é agravado se é cometido pelo ódio e discriminação racial em relação às vítimas. Não podemos dizer orgulhosamente que Portugal não é um país racista e aceitar que um caso como este se fique pelas meias-tintas da IGAI e pelo esquecimento dos políticos. Porque se trata de "terrorismo", a investigação foi feita pela UNCT, agora tem a palavra o Ministério Público e os tribunais. Faça-se justiça.
Esta sondagem continua a mostrar que as opiniões de quem foi interrogado, entre a Geringonça e a oposição de direita que temos, mantém a preferência no Governo e seus apoiantes. Mostra ainda que entre Passos Coelho e Assunção Cristas, António Costa continua a ser preferido e que o Presidente da República tém uma aprovação cada vez maior.
Mas não tenho dúvidas do que a gestão política a que temos assistido das situações de Pedrógão Grande e de Tancos fizeram e continuarão a fazer na credibilidade do governo. Espero bem que a Geringonça não se iluda. No dia em que a oposição for forte e credível (e a democracia assim o exige) e outros problemas surgirem, tudo isto vai ser somado.
A legislatura vai mais ou menos a meio. Há que estar muito atento e aprender com os erros. O arrastar de situações mal resolvidas, por muito interessantes que sejam os argumentos, será um desgaste a curto, médio e longo prazo.
Totalmente de acordo com o Coronel Rodrigo de Sousa e Castro (a partir dos 12:48 minutos).
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