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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
A sensação difusa de que a União Europeia se está a esboroar está cada vez mais intensa e real. Quando António Vitorino, ex-comissário e europeísta convicto, na rentrée política do PS afirma que a divisão entre os grupos dos ganhadores e perdedores é uma ameaça ao projecto europeu, podemos estar certos de que, no PS, começa o afastamento ao europeísmo militante.
Já não é possível ignorar os sinais que se foram acumulando ao longo de tantos anos e que se agudizam diariamente. A desigualdade, a falta de solidariedade e de coesão entre os países da Europa Central e do Norte e a Europa do Sul, o desemprego galopante, o esfarelamento da democracia nos países da periferia sob o jugo das dívidas e da recessão económica e a crise dos refugiados, confluem para a tempestade perfeita.
O populismo e a xenofobia aumentam e estão predominantemente (mas não apenas) do lado dos euro-cépticos. O afastamento entre as populações e os representantes europeus é cada vez maior e está a ser arregimentada pelos extremismos. A crise dos refugiados ameaça ser a gota de água pela incapacidade demonstrada na sua resolução, com a proliferação de muros entre fronteiras e o alargamento das sensações de insegurança e de medo por entre as populações.
Angela Merkel está a perder o seu eleitorado sendo uma das poucas vozes que se mantém fiel ao seu compromisso com a integração e o acolhimento dos refugiados. Mas as opiniões públicas revoltam-se contra o que pensam ser a razão da sua própria pobreza e insegurança. Os líderes extremistas têm sido muito bem sucedidos em integrar o pensamento de que o que é diferente é perigoso.
Infelizmente estou convencida que as forças centrífugas são cada vez mais fortes e que não há arte, engenho nem vontade para dar a volta à situação, de forma a que os europeus se possam reconciliar uns com os outros, vencendo a desconfiança de que falava António Costa, recuperando os valores que estiveram na fundação desta União.
O terrível e triste desperdício que foi a governação da Troika e da coligação PSD/CDS serão algumas das conclusões do estudo da Fundação Manuel dos Santos - Portugal desigual. Os jornais adiantam que os pobres, os jovens e as pessoas mais qualificadas foram aqueles que mais perderam com a crise. Hoje 1 em cada 5 portugueses vive com menos de 422 euros.
A desigualdade aumentou muito durante estes anos e quem menos perdeu foi precisamente o pequeno grupo de pessoas mais ricas. Isto não é populismo, é a realidade. Por isso, quando ouço falar de imóveis no valor de 600.000 euros facilmente adquiridos por quem pertence à classe média, sinto que a falta de vergonha não tem limites.
Ficção ou realidade futura mais ou menos próxima, a saída do euro tem vários defensores, entre os quais, e talvez o mais conhecido, o Prof. João Ferreira do Amaral.
Não tenho qualquer capacidade para ter uma opinião sobre o assunto. De qualquer forma, se não em termos económicos ou políticos, a adopção de uma moeda própria, diferente do euro, seria muito interessante, nem que fosse pela nostalgia do coleccionismo.
Por isso aqui deixo um estudo que alguém com grande imaginação, sentido estético e conhecedor destas matérias, gentilmente me cedeu, dando um excelente contributo para o nosso eventual regresso ao escudo (que ele não defende, convém que se esclareça). Quem sabe se não seria mesmo uma boa ideia?
Proposta para novas notas de Escudo
Designação
Câmbios
O tema geral das notas são escritores e poetas do século XIX e XX. As notas devem ilustrar e expressar aquilo que o Portugal contemporâneo é, não exortar glórias passadas. O Portugal contemporâneo vive da sua maior herança ao mundo, a lusofonia. Por isso faz sentido que as notas sejam de escritores e poetas do século XIX e XX.
Todas as notas têm na frente um busto da República, seguido das palavras “REPÚBLICA PORTUGUESA” e um escudo português. As notas têm uma faixa de segurança e uma parte em branco com uma marca de água das armas da república. As figuras centrais são sempre acompanhadas da assinatura da figura.
O verso tem o mesmo desenho da frente, com uma figura central que varia entre fauna e flora típica de Portugal, com a respectiva descrição em Português e o nome científico da espécie. No verso estão duas imagens alusivas à cultura portuguesa, uma caravela e um astrolábio. O verso tem também uma citação ou um trecho da obra do escritor que figura na frente da nota.
No geral, cada nota tem um desenho com um jogo de relevos e uma cor dominante para melhor identificação. Além disso há um desenho decorativo de uma linha de cruzes da Ordem de Cristo e no verso uma linha adicional de esferas armilares.
A nota de 5 escudos é em tons de cinzento e tem como figura central a Florbela Espanca. No verso tem uma estrofe de um soneto de Florbela Espanca e a figura de um sobreiro típico do Alentejo de onde era natural.
Dimensões – 120mm x 62mm
A nota de 10 escudos é em tons de azul e tem como figura central o Miguel Torga. No verso tem uma parte dum poema seu e a figura de um Lobo Ibérico muito comum no norte de Portugal de onde era natural.
Dimensões – 127mm x 67mm
A nota de 20 escudos é em tons de azul-marinho e tem como figura central a Sophia de Mello Breyner Andreson. No verso tem uma parte dum poema seu e a figura duas cegonhas brancas típicas por todo o país.
Dimensões – 133mm x 72mm
A nota de 50 escudos é em tons de verde e tem como figura central a de José Saramago. No verso tem um trecho do Ensaio Sobre a Cegueira e figura um Lince Ibérico, animal icónico tanto no sul de Portugal como em Espanha.
Dimensões – 140mm x 77mm
A nota de 100 escudos é em tons de vermelho e tem como figura central Fernando Pessoa. No verso tem uma parte de um poema da Mensagem. Figura também uma imagem de pinheiros bravos em alusão à ideia na Mensagem de que D. Dinis tinha plantado os pinheiros para construir embarcações.
Dimensões – 147mm x 82 mm
Faltam-me as palavras para dizer o que penso do que se está a passar com a Operação Marquês. Vão-se ultrapassando os limites que julgamos já serem inultrapassáveis. É assustador.
São realmente extraordinários os argumentos que se ouvem contra o novo imposto sobre o património. As classes médias, na boca de vários comentadores políticos e económicos, repentinamente tem poder de compra e rendimentos que lhes permitem ter património imobiliário que ultrapasse os €500.000. Exactamente, a escassíssima quantia de €500.000 que, segundo o inefável José Gomes Ferreira, facilmente se atinge.
Na opinião de Helena Garrido, outra comentadora altamente competente e imparcial, que apenas se preocupa com a economia, o problema deste populismo de esquerda é que tem um enorme perigo de abrandamento da economia. É difícil de acreditar, mas vale a pena ouvi-la dizer que o prometido imposto irá levar os desgraçados pagadores a não comprarem nem construirem casa, logo mais arrefecimento da economia.
Também é interessante ouvir/ ver a entrevista que o mesmo José Gomes Ferreira fez a Maria Luísa Albuquerque (que, por curiosa coincidência, está acessível na PSD TV). Foi uma conversa amena, em que Maria Luísa Albuquerque foi aproveitando as deixas simpáticas que lhe foi deixando o entrevistador, para explanar a sua opinião, mostrando como esta Geringonça está a desgraçar o País, que estava em tão bom caminho com o seu próprio governo.
Confesso que ainda conseguem surpreender-me.
"(...) Ora, "em qualquer país que leva os impostos a sério", este grupo de privilegiados garante habitualmente cerca de 25% da receita do IRS do ano (palavras de Azevedo Pereira). Por cá, os nossos multimilionários apenas asseguravam 0,5% do total de imposto pessoal. Ou seja, (conclusão nossa), como estamos em Portugal, onde estas coisas da igualdade perante a lei e a equidade tributária são aplicadas com alguma flexibilidade, os "multimilionários" pagam 500 vezes menos do que seria suposto. (...)" - Elisabete Miranda - 12 Dezembro/2015
É difícil de acreditar, mas é mesmo verdade. Florence Foster Jenkins foi uma herdeira rica que, provavelmente, poderia ter sido uma excelente pianista se não sofresse uma lesão no braço. Incapaz de aceitar a impossibilidade de continuar uma carreira como artista, Florence Foster Jenkins volta-se para o bel canto.
É um desastre inimaginável. Canta horrivelmente mal, desafina, não tem a menor noção do ritmo. Mas a sua paixão pela música, o dinheiro que tinha e que distribuía prodigamente pela elite local, que se aproveitava da sua generosidade, impediam-na de perceber a anedota em que os seus recitais se transformavam.
O seu amante - St. Clair Bayfield - tudo fazia para que as suas performances se mantivessem mais ou menos privadas, comprando jornalistas, críticos e amigos para que a fossem aplaudir e para que escrevessem boas críticas.
Florence Foster Jenkins é um filme que se vê com ternura. Apesar de ser de amor, não deixa de nos dar um olhar cruel sobre os artistas e sobre quem se acotovela e se acoita à sua volta, fazendo-nos reflectir nos salamaleques e nas trocas de favores que existem neste, como noutros meios.
Meryl Streep, que fez questão de ser ela própria a cantar, faz (mais) um excelente papel, tal como Hugh Grant e Simon Helberg, o pianista. A não perder.
A morte de dois militares, o internamento de outros dois (ainda) e a necessidade de assistência médica a mais alguns, na sequência de um exercício incluido no Curso de Comandos, é algo que nos deve causar a maior consternação e preocupação.
Não sabemos o que se passou. As notícias que têm vindo a público - "golpes de calor", rabdomiólise, insuficiência hepática aguda - devem ser olhadas com grande cautela. Seja como for, algo de terrivelmente errado aconteceu. É preciso que tudo seja apurado, com rigor, calma e celeridade, para que as decisões subsequentes não resultem de pressões mediáticas mas de responsabilidades apuradas.
Não faço ideia se o Regimento de Comandos tem ou não cabimento no tipo de Forças Armadas do nosso País, nem me parece que este seja o melhor momento de o apurar. Mas este terrível acontecimento faz aumentar na opinião pública o sentimento de rejeição a toda a Instituição Militar. Por outro lado convinha que, de uma vez por todas, se questionem a viabilidade e a necessidade de um Hospital das Forças Armadas (HFAR). Pelo que pudemos ver, o HFAR não tem capacidade nem meios para socorrer um grupo de 10 militares. E se houvesse um acidente com muitos mais? É preciso que haja coragem política para o desmantelar, de uma vez por todas, assumindo que não há razão para o manter, ou, pelo contrário, para investir no seu reequipamento, em material e recursos humanos, rapidamente.
As responsabilidades são dos decisores políticos e militares. O status quo não serve a ninguém, e muito em particular às próprias Forças Armadas.
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