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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
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Não é com surpresa que assistimos ao coro mediático de um jornalismo acrítico sobre os cortes de rating a Portugal. É conhecida esta prática.
O que é mais extraordinário é a replicação sem qualquer análise dos títulos mais ou menos alarmistas, esquecendo-se de todas as considerações sobre o resultado do ajustamento português feitas por várias Instituições internacionais, já para não falar da observação do que se passou ao fim dos 4 anos da política que tanto agradou às agências de rating, e à falta de credibilidade das mesmas.
Mais extraordinária é a desfaçatez de uma maioria que não acertou em nenhuma das suas previsões estar tão espantada e céptica com as deste governo. Mas ninguém aprendeu nada. Ou a barragem propagandística da direita continua a hegemonizar os media portugueses.
O que se espera é que o governo de Portugal, País soberano e membro da Europa, negoceie com os seus parceiros sem se dobrar a todas as exigências de Bruxelas, independentemente da vontade expressa dos seus cidadãos. Tudo isto é normal e desejável, ao contrário do que os protagonistas da direita (políticos assumidos e não assumidos) que nos tentam convencer de que é radicalismo a vontade de cumprir a democracia.
Quanto aos mercados e às agências de rating, esperemos calmamente pelo fim das negociações.
Ontem assisti a um espectáculo de excepção. Fiquei surpreendida, não pelo brilhantismo de Manuel de Oliveira, que admiro desde há muito, mas pela inesperada variabilidade e diversidade do que ouvi, uma mistura de guitarra portuguesa, flamenco, jazz, fado e cante alentejano, num crescendo de virtuosismo, com excelentes solos de guitarra Manuel Oliveira), baixo (Carles Benavent), acordeão (João Frade), piano (Paulo Barros), flauta (Jorge Pardo) e bateria (Marito Marques).
Paulo de Carvalho foi portentoso e a cantora de flamenco, da qual não retive o nome, acompanhou-o bastante bem. O momento do cante foi extraordinário, apenas com o ligeiro senão de ter sido difícil entender as letras, o que foi uma pena.
Muitos e muitos parabéns ao Manuel de Oliveira e ao seu grupo, e espero que tenha aproveitado para gravar todo o espectáculo, pois bem merecemos um CD.
Não percam, no Porto e em Guimarães. É mesmo extraordinário.
A partir de hoje Marcelo Rebelo de Sousa é o meu presidente e de todos os portugueses.
Discurso digno, curto e emotivo. Sampaio da Nóvoa despediu-se muito bem.
... será Marcelo Rebelo de Sousa. Sem surpresa, pois todas as sondagens o previam.
Tenho pena que não tenha havido uma segunda volta. Marcelo não foi o meu candidato mas será o meu Presidente. Depois de Cavaco Silva terá a ciclópica tarefa de restituir ao cargo e à função a dignidade e a importância que ele tem.
É triste, mas espectável, a colagem que já se vê o PSD e o CDS a fazerem à vitória de Marcelo, tirando conclusões de reduções de maiorias sociológicas de esquerda. Sem qualquer adesão à realidade. Marcelo Rebelo de Sousa não foi o candidato do PSD e do CDS, com aliás deixou bem claro durante a campanha. O PS desistiu destas eleições, quanto a mim muito mal, e desde há muito considero. Mas a maioria parlamentar que suporta o governo nada tem a ver com a soma das votações dos candidatos de esquerda. Muitos eleitores desse espectro político não terão sequer votado por não se reverem em nenhuma das candidaturas.
Uma coisa é certa: mudámos para melhor, sem qualquer dúvida.
Esperemos que o novo Presidente nos surpreenda pela positiva. Aguardo grande turbulência mas, ao mesmo tempo, algum divertimento.
Mais uma vez se prova o meu inconseguimento absoluto nestas matérias, eu que sempre defendi que Marcelo nunca se candidataria.
... VOTE
Não vá em cantigas de adormecer, não se dobre ao desânimo nem à descrença. O seu voto conta, tanto quanto o de cada um de nós, e todos juntos mudaremos o que quisermos.
Ainda vai a tempo. Não se divorcie do seu País.
VOTE
É mesmo muito importante. Como sempre.
Hoje é a nossa vez. A nossa voz.
Hoje, sem demora, após o cafezinho da manhã.
Numa mesa de voto. Somos nós a democracia.
1.
Crescemos em poemas trilhados de plenitude
os nossos olhos virados para dentro
nas mãos traçadas de infinito
escolhos do quotidiano embaraços de existir
secretas armas de arremesso
geminadas de contrários tórridos e celestes.
Crescemos plenos de incertezas e agruras
na terra as sementes do fortuito desempenho
no amor que espalhamos no amor que trituramos
debulhadas as arestas na suavidade das manhãs
protegidos pela dolência dos poemas
alimento e mortalha da vida que lavramos.
2.
Já me atirei contra o tempo
desfeita de névoa e espuma.
Agora encolho e definho
para que o tempo se resuma
e me consuma
no caminho.
Reduzo o espaço que ocupo
num tempo que se dilata
concentro o corpo e a alma
num mundo que desidrata
recolho membros e voz
afundo em forma de esfera
marco infinitas distâncias
grão de pó numa cratera.
Masao Yamamoto
1.
Entre beijos e palavras o dia começa morno.
Nem o gelo do mundo nem a vergonha do dia
que ainda se demora suspende estes instantes
nem surpreendem
a nossa vida.
2.
Entreabrimos a porta ao perfume
dos pequenos gestos com que construímos
uma segurança dúbia e débil uma conhecida
e certificada geografia de afectos
de vez em quando riscada
por um grito de susto
ou de êxtase.
3.
Naquela esquina em que a estrada
se acinzenta já não há banco de jardim
nem sombra de incertezas inaugurais.
Apenas o que seremos
no destino mortal que diariamente
enfrentamos adiamos
e desconhecemos.
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