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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Saboreio o dia como o couro
de uns sapatos velhos
o conforto meigo
da pele macia da manhã
que estreia o ar
e o cheiro da chuva.
Aliso as rugas
com a cascata do banho
e preparo a alma enxuta
para a próxima luta.
Tenho perdido palavras
petrificadas no desalento.
Cristais de silêncio reaparecem.
Cíclicas e renovadas as mãos
que se abrem e descobrem
a permanência da vida.
Discurso de força e esperança de António Costa, contrastando com o lúgubre e azedo discurso de Cavaco Silva.
Catorze dias depois da rejeição do governo de Passos Coelho e Portas, cinquenta e dois dias depois das eleições, Cavaco Silva finalmente marcou a data de posse do governo de António Costa, não se coibindo de atropelar as regras da boa convivência Institucional, agendando a cerimónia para a mesma hora do início da sessão plenária na Assembleia da República.
Não é bonito de se ver, este fim de época, independentemente do que se opine sobre a reviravolta política a que temos assistido desde as últimas eleições. Cavaco Silva ficará na memória como um Presidente que nunca soube assumir a postura que a sua função lhe exigia, optando por um magistério que, objectivamente, favoreceu a sua família política, para não dizer que boicotou e conspirou contra o leque partidário à esquerda. Este arrastar do tempo entre a queda do governo de Passos Coelho e a decisão de empossar o governo socialista foi inqualificável. Nada o justificava, nada esclareceu ou clarificou, nada resolveu.
Quarenta anos depois do 25 de Novembro de 1975, altura em que a democracia foi reposta em Portugal resistindo ao golpismo radical do PCP e dos movimentos extremistas de esquerda, António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins conseguiram concordar em que era melhor unirem esforços para que a direita não governasse. E este acordo mínimo, mesmo que de curta duração, é já um feito assinalável e foi suficiente para que todos nos espantássemos com a marcha dos acontecimentos.
Estou céptica, mas desejo muito que este seja um governo de viragem, um governo que demonstre que é possível fazer melhor sem empobrecer ainda mais os cidadãos. Que é possível sentir que o centro e o objecto da governação sejam o bem-estar das pessoas.
O governo precisará de muita sorte, muito engenho e muita arte. E nós também.
Paris en colère
Maurice Vidalin & Maurice Jarre & Mireille Mathieu
Que l'on touche à la liberté
Et Paris se met en colère
Et Paris commence à gronder
Et le lendemain, c'est la guerre
Paris se réveille
Et il ouvre ses prisons
Paris a la fièvre
Il la soigne à sa façon
Il faut voir les pavés sauter
Quand Paris se met en colère
Faut les voir, ces fusils rouillés
Qui clignent de l'œil aux fenêtres
Sur les barricades
Qui jaillissent dans les rues
Chacun sa grenade
Son couteau ou ses mains nues
La vie, la mort ne comptent plus
On a gagné, on a perdu
Mais on pourra se présenter là-haut
Une fleur au chapeau
On veut être libres
À n'importe quel prix
On veut vivre, vivre, vivre
Vivre libre à Paris
Attention, ça va toujours loin
Quand Paris se met en colère
Quand Paris sonne le tocsin
Ça s'entend au bout de la terre
Et le monde tremble
Quand Paris est en danger
Et le monde chante
Quand Paris s'est libéré
C'est la fête à la liberté
Et Paris n'est plus en colère
Et Paris peut aller danser
Il a retrouvé la lumière
Après la tempête
Après la peur et le froid
Paris est en fête
Et Paris pleure de joie
O horror do terrorismo dentro das portas da nossa casa europeia, em Paris, símbolo da liberdade. Que o medo não possa fazer vergar a democracia e a sociedade livre.
Sinto-me um autêntico cata-vento, com distúrbio bipolar.
As minhas opiniões variam como as voltas da montanha russa, um carrossel de prós e contras, de achismos e opiniões de tudo e o seu contrário, em ritmos circadianos. Não há pílula que me devolva a estabilidade dos bons princípios.
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