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O Presidente da República não se pode arrogar a presunção de estar acima de qualquer esclarecimento sobre as conversas alegadamente privadas com quaisquer interlocutores, quando usa o seu alto magistério para confortar e aclamar os cidadãos, afiançando a solidez e segurança de grupos económicos e de empresas bancários, como fez no caso do BES.
A vitória do Syriza na Grécia tem muita importância e deve ser por todos nós atentamente analisada em vários aspectos:
Espero sinceramente que as negociações, embora duras, corram bem, que se chegue a um equilíbrio e que haja, finalmente, pelo menos o início de uma mudança. A Grécia é um país soberano, tal como Portugal, Irlanda, Itália, Reino Unido, França, Espanha ou Alemanha e os seus cidadãos querem ser tratados como tal. De uma vez por todas que acabe a propaganda que tentou convencer toda a gente que os cidadãos só tinham direito àquilo que as contabilidades organizadas por 2 ou 3 países, chefiados pela Alemanha, podiam disponibilizar. Governar é mais que isso, tem que ser mais que isso.
A desigualdade gritante no acesso à Universidade tem décadas e é um assunto a que ninguém quer dar atenção. No último Expresso e, agora, na RTP 2, falou-se da divulgação de um estudo de Gil Nata e Tiago Neves, que demonstra que há uma acentuada inflação das notas, mais no ensino privado que nos público, mais em certas regiões do país que noutras, estudo esse que não consegui encontrar no portal InfoEscola.
Há vários anos que defendo que seria preferível fazer exames nacionais a todos os candidatos, sendo a nota de exame aquela que se considerava para o acesso à Universidade. Ou então permitir que cada Universidade tivesse as suas próprias provas de acesso. Pelo menos colocaria todos os candidatos em pé de igualdade. Por muito injusta que seja uma prova na avaliação de conhecimentos, é menos injusta que a situação presente, em que há uma elite que paga e compra as notas de entrada nas Faculdades.
É um escândalo que nada se tenha feito em tantos anos, permitindo esta claríssima violação do princípio Constitucional que se convoca para outras matérias (e bem) - o da igualdade.
Alexis Tsipras
A vitória do Syriza, na Grécia, é a demonstração de que, em democracia, o poder está no voto. Ao arrepio dos avisos que lhe fizeram os eurocratas, a Grécia decidiu dar a maioria, se calhar absoluta, a quem defende o fim da política de austeridade que tem dominado a Europa durante estes últimos anos.
Vamos ver o que se vai passar e como é que os outros países intervencionados se vão posicionar na necessária recomposição das negociações. Portugal, com Passos Coelho, tem feito sempre marcha atrás. Será que agora, também em período pré-eleitoral, vai desdizer tudo o que disse e fez, como parece ser a intenção ao ouvir o que o PSD e o CDS afirmam sobre a decisão de Mário Draghi, no BCE?
Pode ser o início de uma mudança que é urgente. A revolução vem do exercício democrático e de eleições livres. É tão bom relembrar estas verdades.
A insistência de António Costa na recusa do conceito de arco da governação é uma ruptura de grande impacto na dinâmica do sistema partidário português. Talvez a mais importante desde que Ernesto Melo Antunes garantiu que o PCP permaneceria legal, na sequência do 25 de Novembro. Resta saber que efeitos terá. (...)
(...) A lealdade do PCP ao bloco soviético e a sua posição contrária à adesão de Portugal à então CEE eram esteios suficientes para esta marginalização tão imposta pelos partidos do "consenso europeu" quanto desejada pelo próprio PCP.
Se o "arco da governação" rejeitou o PCP, também este sempre procurou fugir dele, mesmo quando teve oportunidades históricas para não o fazer. (...)
(...) PS ganhador é PS em busca do centro. Compreende-se. Com o PCP fora do jogo de formação de maiorias, afastar o PS do centro seria perder espaço eleitoral sem qualquer compensação política expectável. (...)
(...) Apesar da camada superficial cosmopolita, a dinâmica profunda do BE vive dos complexos da extrema-esquerda do PREC e amarrou este partido, para as grandes questões estratégicas, à posição do PCP quanto a possíveis convergências de governo à esquerda. (...)
(...) Na verdade, a teoria do arco da governação construiu em Portugal um espaço político tripolar: (...) o PS ou governa sózinho (como entre 1976 e 1978, 1995 e 2002 e 2005 e 2011) ou à direita (como entre 1978 e 1979 e entre 1983 e 1985). (...)
(...) o sistema político transformou esta tripolaridade numa espécie de triângulo em que cabe ao PS reformar sózinho, apertado sempre por uma tenaz direita-esquerda (muitas leis importantes foram aprovadas pelo PS sózinho no Parlamento com cómoda rejeição com argumentos cruzados da direita e da esquerda). Assim, a direita, quando em maioria, avança no sentido conservador, o PS quando em maioria avança no sentido progressista-realista e o PCP e o BE ficam isentos de jogar o jogo da definição do futuro, numa especialização de funções muito conveniente para a capitalização de descontentamentos, mas contrária à governação progressista equilibrada.
As declarações de António Costa ameaçam este equilíbrio perverso e prejudicial para a possibilidade de governar Portugal pela esquerda e são um ponto de viragem. Não creio que elas tenham qualquer impacto no comportamento de curto prazo do PCP e do BE em relação ao PS ou em relação à governabilidade do país. Mas têm méritos tácticos e estratégicos e podem, quem sabe, abrir uma janela de oportunidade.
No plano táctico, o PS pode agora dizer aos portugueses que a exclusão do PCP e do BE das eventuais soluções de governo para o país é apenas e só uma auto-exclusão. O que nunca fez com a clareza com que António Costa o faz agora.
No plano estratégico, inicia um degelo necessário entre os partidos de esquerda que há-de dar frutos em futuras direcções, daqui a uma ou duas décadas que seja, quando estiverem verdadeiramente reformados os protagonistas que vêm de 1975. Põe uma porta onde havia uma parede. Algum dia, alguém, a abrirá. (...)
Chico Buarque
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
Ana Carolina
Edu Krieger
Não levei o seu sorriso
Porque sempre tive o meu
Se você não tem assunto
A culpada não sou eu
Nada te arranquei do peito
Você não tem jeito faz drama demais
Seu retrato, seu trapo,seu prato,
Devolvo no ato pra mim tanto faz
Construí meu botequim
Sem pedir nenhum tostão
A imagem de são francisco
E aquele bom disco estão lá no balcão
Não matei nosso amor de vingança
E deixei como herança um samba também
Seu violão nunca foi isso tudo
E se hoje está mudo por mim tudo bem
Seu Jorge
O Chico falou que a Rita levou
O sorriso dele e o assunto
Eu sofri seu sofrer mas pergunto
Se o meu ele ia aguentar
A quem tanto queria um presunto
Dei meu corpo morrendo de amar
Onde havia horizonte defunto
Pois o sol a brilhar
(O Chico falou)
O Chico falou que a Rita levou
O sorriso dele e o assunto
Eu sofri seu sofrer mas pergunto
Se o meu ele ia aguentar
A quem tanto queria um presunto
Dei meu corpo morrendo de amar
Onde havia horizonte defunto
Pois o sol a brilhar
Num instante eu tirei
Suas mãos lá do tanque
Presenteei
Máquina de lavar
Contratei pra passar
Dona Sebastiana
Testemunha ocular do esforço que eu fiz
Para ver tudo azul
E até Carvão e Giz
Teria final feliz na África do Sul
Acontece ô Chico
Você mesmo disse
Que a Rita levou o que era de direito
Acontece que a Dora sem ter o direito
Levou tudo que eu já iria lhe dar
Se não deu pra formar um conjunto
O meu som não podia dançar
Se não deu pra gente ficar junto
É um lá, outro cá
Lhe dediquei
Lhe dediquei
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Mas é que a danada não tem coração
Tem não, tem não
Sem mais e sem menos, resolve ir embora.
Lhe dediquei
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Mas é que a danada não tem coração
Tem não, tem não
Sem mais e sem menos, resolve ir embora.
O Chico falou que a Rita levou
O sorriso dele e o assunto
Eu sofri seu sofrer mas pergunto
Se o meu ele ia aguentar
A quem tanto queria um presunto
Dei meu corpo morrendo de amar
Onde havia horizonte defunto
Pois o sol a brilhar
Num instante eu tirei
Suas mãos lá do tanque
Presenteei
Máquina de lavar
Contratei pra passar
Dona Sebastiana
Testemunha ocular do esforço que eu fiz
Para ver tudo azul
E até Carvão e Giz
Teria final feliz na África do Sul
Acontece ô Chico
Você mesmo disse
Que a Rita levou o que era de direito
Acontece que a Dora sem ter o direito
Levou tudo que eu já iria lhe dar
Se não deu pra formar um conjunto
O meu som não podia dançar
Se não deu pra gente ficar junto
É um lá outro cá
Lhe dediquei
Lhe dediquei
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Mas é que a danada não tem coração
Tem não, tem não
Sem mais e sem menos, resolve ir embora.
Lhe dediquei
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Mas é que a danada não tem coração
Tem não, tem não
Sem mais e sem menos, resolve ir embora.
(Lere...)
Lhe dediquei
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Mas é que a danada não tem coração
Tem não, tem não
Sem mais e sem menos, resolve ir embora.
Hoje lembrei-me desta minha amiga e colega por duas vezes. Primeiro porque ouvi, por acaso, um programa na TSF (Património à mesa) sobre história da alimentação e dos alimentos, hábitos culturais ligados à gastronomia e à mesa, dos ricos e dos pobres. Ana Marques Pereira foi uma das convidadas e ainda bem. Desde há muito tempo que lhe conheço o gosto e a curiosidade por estes e outros temas, que ela não é pessoa para se esgotar num único interesse. Há cerca de 1 ano organizou uma exposição sobre licores, publicou um livro, e até eu participei numa aula sobre a confecção dos mesmos.
A segunda foi ao ver um episódio de uma série com a Miss Marple, detective amadora criada por Agatha Christie. E lembro-me de discutirmos as nossas adaptações preferidas dos detectives de Agatha Christie: Poirot e Miss Marple. Na realidade, embora concorde que a série protagonizada por David Suchet é a que melhor representa a personagem de Hercule Poirot, um detective belga muito vaidoso, pequeno e de cabeça ovóide, com um bigode magnificente e umas células cinzentas bem activas, não a acompanho quando considera que a Jane Marple de Joan Hickson é fiel ao retrato que dela faz a sua criadora.
Confesso que não conheço nenhuma série nem nenhum filme que, a meu ver, consiga mostrar-nos uma velhota solteirona frágil, ligeiramente anafada, um pouco atarantada, coberta de malhas fofas, com uns olhos azuis penetrantes e inteligentes e que, sempre em conversa com os outros, deslinda os mais complicados e misteriosos crimes. A que está a passar agora no FOX Crime é muito interessante mas, mais uma vez, longe daquilo que eu imagino que seja a Miss Marple.
Não sei se a minha Miss Marple gostaria de cozinhar, mas suspeito que sim e que apreciaria a experimentação e a curiosidade de combinar produtos diferentes. No seguimento dessa minha hipótese já despachei uma das abóboras, fazendo um doce de abóbora com chocolate, cuja receita encontrei neste blogue fantástico, tal como o outro da mesma autora.
Juntei abóbora aos bocadinhos (enfim, mais aos bocadões) com açúcar (650 g por cada quilo de abóbora), canela (em pau, 2 por quilo), sumo e raspa de laranja (1 por quilo) numa grande panela que foi ao lume, e esperei mais ou menos pacientemente que começasse a fazer ponto. Nessa altura triturei a abóbora com a varinha mágica (é melhor retirar os paus de canela antes) e deixei que chegasse à tão ambicionada estrada. Depois parti chocolate de culinária (com 70% de cacau, 100 g por quilo) aos quadradinhos e deixei derreter, mexendo sempre. Foi um êxito, mais fora do que dentro de casa porque, como em tudo, Santos da casa não fazem milagres, dá Deus nozes a quem não tem dentes, etc.
Resta-me encontrar mais novidades para as outras arrumadas na cozinha, a estorvarem um pouco os passos de quem quer chegar à roupa. Enfim, tudo a seu tempo, que a vida não está para pressas nem inconseguimentos.
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