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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Estou a ficar definitivamente velha e ranzinza. Embora desconfie que quando era nova e alegre (se é que isso algum dia aconteceu) nunca tenha percebido o fascínio pelos carnavais.
Mas agora, com esta nova moda do Halloween, mais uma importação ou aculturação, a juntar ao Valentine's Day, e com o jantar interrompido por uma miúda já bastante graúda a pedir doce ou travessura, faz-me grunhir de exaspero e enervação.
Truque ou travessura? Já nem o Pão-por-Deus, de que também nunca gostei, se salva neste estrangeirismo militante. Só me faltam mesmo as verrugas com pêlos no nariz, para me transformar numa bruxa de olhos vermelhos.
Nota: A propósito vale a pena ler este post que, embora tenha sido escrito já há 3 anos, continua cada vez mais actual.
A única assombração, nesta noite de bruxas, é mesmo a imagem das abóboras que tenho para transformar em alguma coisa natalícia...
Nos próximos tempos este blogue vai trabalhar para a imagem. Ainda não sei bem como, mas vais ficar diferente.
Aguardemos...
Uma das coisas de que gosto, quando vou a congressos e cursos fora da localidade onde moro, é a hipótese de me poder deslocar a pé, entre o hotel e o curso ou congresso, seja em Portugal seja no estrangeiro.
Neste momento temos várias ferramentas que nos ajudam a escolher o alojamento, que nos informam da localização precisa, do preço e das facilidades que oferecem aos hóspedes.
Animada destes princípios e com uma fé inabalável na internet e no rejuvenescimento da nossa oferta turística, que é muito melhor do que em muitos outros países com grande propaganda, procurei um local no Porto, onde pudesse, a um preço módico, ficar perto do Hospital de Santo António, onde iria decorrer o curso durante uns 4 dias.
Google maps e booking.com, duas indispensáveis ferramentas de que me socorro sempre nestas ocasiões, foram, mais uma vez, a resposta às minhas perguntas: na Praça Carlos Alberto, a 5 minutos a pé do Hospital de Santo António, um Hotel a 42,00/ noite, com pequeno-almoço e internet! Que mais poderia querer
Na estação de Campanhã, após uma viagem de comboio onde devorei The right attitude to rain, estranhei que o taxista não conhecesse o maravilhoso Hotel. Bem, mas lá fomos. A Praça Carlos Alberto é fabulosa, lindíssima e animada. Numa das pontas via-se uma porta com o nome do Hotel. Tive um instante de apreensão, ao ver a estreiteza da ombreira e a decadência da pintura, mas nada que encolhesse o meu optimismo.
Carregando a mala, franqueei a porta. Esperavam-me dois lanços de escada íngreme até ao 1º andar, seguindo as setas que indicavam a recepção. Esta constava de um balcão e de um senhor medianamente simpático, que me pediu a identificação, me indicou a sala do pequeno-almoço nesse andar (atrás de uma porta em mau estado reconheciam-se algumas cadeiras esquálidas). Quando me disse que o meu quarto era o número trezentos e qualquer coisa, no 3º andar, perguntei pelo elevador. Sorrindo o senhor medianamente simpático explicou-me que não havia. Ou seja, carreguei a mala por mais dois andares de escadaria tão íngreme como a anterior. A chave era uma chave verdadeira, amarelada, com a etiqueta do número pendurada; a porta do quarto era grande, pesada e abriu-se com bastante dificuldade. Lá dentro dei com das camas lado a lado, num quarto com as paredes mal pintadas, um chão de madeira corrida e que rangia, sem armário. A casa de banho tinha uma banheira xs, com uma cortina de plástico que já vira melhores dias, um chuveiro pendurado com uma cor baça e desocupada e, mesmo a um canto do tecto, sobressaía um termoacumulador, que aqueceria (ou não) a água do banho.
Bom, testemos a internet - funcionava. Procurei vários hotéis mas, tal como me tinham afirmado, o Porto estava repleto de turistas e não havia lugar em lado nenhum, com excepção do IBIS São João.
Telefonei e reservei um quarto para os dias seguintes. Quando fiz o checkout, o senhor medianamente simpático não perguntou nada, nem porque razão não aproveitava uma única noite. Concluí que não deveria ser a primeira pessoa a prescindir de tão humilde conforto.
Mas tive pena. Prefiro uma caminhada pela manhã e não preciso de grande estadão para passar as noites. Mas não é preciso exagerar. E bastava uma pequena remodelação para ser uma maravilhosa pensão Estrela, em vez de estiolar em Estrelinha.
É importantíssima a informação que, desde há uns dias, tem sido amplamente repetida e divulgada por toda a comunicação social, a par das pAAAtÉticas declarações de Passos Coelho - os resultados dos testes de stress aos bancos europeus.
Ficámos, portanto a saber que o BCP chumbou (nomenclatura originalíssima utilizada pelos jornalistas) nos tais testes de stress. Mas não ouvi nem li nada sobre a nota do BES nesses mesmo testes - sabemos que tinha passado em 2011 e que também estava em avaliação em 2013. Estranhamente não vejo nenhuma curiosidade em relação à sua performance; nem quais os restantes bancos europeus a sofrerem o tal chumbo.
Tenho muitas suspeitas de que estes resultados são totalmente irrelevantes e que não asseguram rigorosamente nada, muito menos a solidez de qualquer instituição bancária. Pior ainda - podem arrasar a credibilidade das Instituições avaliadoras.
Não conheço o teor das conversas entre Cavaco Silva e António Costa. Mas espero que tenham falado da antecipação das eleições legislativas. Era de todo o interesse que decorressem por volta de Junho ou Julho, antes das presidenciais. Aliás foi o próprio Presidente que primeiro falou de eleições antecipadas, na célebre sugestão de compromisso entre Passos e Seguro que fez há mais de 1 ano (que eu, ingenuamente, pensei ser para bom do país quando terá sido uma jogada para estrangular o PS).
Espero que tenham falado da nova posição de Portugal perante as exigências de Bruxelas – de defesa dos interesses dos seus cidadãos e dos serviços públicos de qualidade, de tentativa de inversão das políticas recessivas, de redução da pobreza e das desigualdades.
Espero que Cavaco Silva tenha compreendido que acabar o seu mandato com dignidade é facilitar o caminho ao fecho deste ciclo político de que foi um dos protagonistas que, agora, tenta apagar a sua responsabilidade.
De um poema inacabado a página
em branco fere sangue
que não estanca a dolorosa pressa
do corpo esvaído na mais assimétrica forma
de paixão.
Há gente que dedica a suta vida aos outros, à comunidade. São inspiradoras. Que este prémio o seja também para nós, tão fechados nos nossos problemas, muitas vezes insignificantes quando olhamosum pouco para fora.
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