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Dos enganos mexicanos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.08.14

 

Hoje tem estado um verdadeiro dia de Verão, com sabor a férias. Pouca gente em Lisboa, o ar morno, uma leve brisa refrescante, ideal para se almoçar numa esplanada em frente ao rio.

 

E porque não o restaurante La Siesta? Já há muito tempo que não íamos lá, pois a penúltima visita tinha sido decepcionante e a última nem sequer se tinha concretizado. Mas os anos passaram e podia ser que as coisas tivessem melhorado.

 

Lá fomos, uns minutos antes das 13:00h. Muitos lugares de estacionamento, um homem velhote em calções (ou cuecas) em frente à porta, por baixo de uma palmeira, acompanhado por uma criança nos mesmos preparos, a gozarem banhos de sol. Uma parte da esplanada em obras, com os andaimes bem visíveis e os plásticos que os cobrem esvoaçando como roupa a secar em corda.

 

Mas isso são minudências de gente fina. Entrámos e o fresco e o ambiente ligeiramente sombrio foram muito acolhedores, com a decoração tal como a lembrava feita de chapéus, muito pau, palha, flores e cores garridas. Ninguém perguntou se havia reserva o que foi logo um alívio e uma surpresa muito agradável, pois a sala e a esplanada estavam praticamente vazias. Sentámo-nos e escolhemos: ensalada mixta con enderezo de aguacate (salada mista com abacate), tacos pastor (cubos de porco com queijo em totilhas de milho) e pollo con azafrán (frango com espinafres e açafrão). Nas bebidas as opções foram curtas - cervejas só de garrafa; das mexicanas - nem Sol, nem Dos Equis, só Corona. Portanto pedimos Corona e sangria a copo (estava bebível).

 

Para entreter fomos comendo totopos e salsa mexicana (salada de tomate em cubos com coentros e tiras de milho). O serviço não foi muito lento, felizmente, e os empregados são simpáticos, mas nada que nos envolva muito.

 

A comida, para dizer com franqueza, foi semelhante à que se comia num restaurante mexicano que existia no Centro Comercial Colombo, há bastante tempo já (não sei se ainda existe), na esquina daquela grande área de restauração, que ficou célebre porque, uma noite em que fomos lá jantar, a Empregada da recepção, devidamente paramentada com folclore mexicano, perguntou numa voz arrastada de quem está a fazer um frete monumental:

- Fumadores ou não fumadores?

Respondemos:

- Não fumadores.

Retorquiu:

- Só tem fumadores...

Houve logo quem se lembrasse de comentar, mais tarde e no recato de uma mesa dos fundos:

- Quer empregada esperta ou empregada burra?

- Empregada esperta.

- Só tem empregada burra...

 

Mas passemos adiante: a ensalada estava enjoativa, não sei se do abacate se do molho esbranquiçado e sem tempero, ou da cebola crua bastante potente; as tortilhas dos tacos pareciam ter sido compradas no Continente e descongeladas à pressa; o porco estava seco e a única coisa que ligava os vários pedaços era o queijo derretido, o que dificultava o trincar do taco, caindo inexoravelmente pedaços de porco para todo o lado; o frango estava razoável mas muito pouco condimentado.

 

As sobremesas ofereciam-se gulosas e ninguém resiste a um merengue con dulce de leche (caramelo) e manga ou a uma mousse de chocolate branco, que estava bastante boa e vinha com uma bola de gelado de chocolate e uma fatia de kiwi (dispensável).

 

O merengue, entre o pedido e a chegada à mesa, transformou-se em farófias; o dulce de leche desapareceu e a manga acompanhou-se de papaia. Não era mau, mas nem por sombras se aproximava do prometido. Café normal e conta astronómica!

 

À saída tinham desaparecido os veraneantes que deixaram, no entanto, um rasto de roupas e sacos amarrotados e pouco asseados.

 

Seguramente a não repetir. Estaremos outros 5 ou 10 anos sem nova investida experimental. Salva-se o espaço que é muito bom e a vista sobre o Tejo, de uma calma e uma paz deslumbrantes.

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publicado às 15:34

Democracia tutelada

por Sofia Loureiro dos Santos, em 11.08.14

Arriscando algum comentário de quem cada vez se sente mais perdida no meio das várias revelações sobre o sistema financeiro e o sistema político, o que se tem passado com o tipo de resgate ao BES condicionado pelo BCE, escassos dias depois do Banco de Portugal ter concedido um empréstimo ao banco à beira de implodir, demonstra bem a incapacidade e a impossibilidade das instituições nacionais poderem tomar decisões sobre os problemas do País. Os centros de decisão estão na Europa e tudo se passa por trás dos eleitores.

 

Não vejo o Primeiro-ministro nem o Presidente terem a coragem de dizer seja o que for. Segundo o governador do Banco de Portugal, o testa de ferro desta solução, estivemos na iminência de uma crise sistémica, mas nenhum daqueles que foi eleito para resolver os nossos problemas se deu ao trabalho de aparecer a esclarecer, a serenar, a dar confiança, a explicar.

 

Há realmente muita coisa a mudar no nossos sistema político e uma delas, que todos se recusam a discutir por cobardia política ou falta de interesse, é a submissão política não democrática que das instituições dos países membros aos organismos europeus sem mandatos eleitorais.

 

Não sou contra a Europa mas sou contra esta Europa. 

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publicado às 21:41

És o émulo sem rivAAaal do Dr. Câmara Pestana...

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.08.14
a partir do minuto 1:47

 

Foram dias de grande ansiedade e trabalheira – organizar um evento científico abrilhantado por alguém como o Professor, era uma subida honra e significava um estado de nervos acrescido e permanente.

 

A logística e a campanha para que o evento fosse um êxito, não só científico mas também um agradável e animado convívio entre os mais novos e os mais velhos (entre os quais já se contava), a somar ao facto de ser o primeiro sob a sua responsabilidade, garantiam insónias.

 

O dia iniciou bastante cedo, com a incumbência de transportar o Professor, nada de atrasos, chegada de estadão e início protocolar, rapidamente se iniciaram as conferências, as discussões, as exposições e as pausas para café e almoço voaram sem que quase desse por elas.

 

Estavam já a explicar-se as razões dos últimos intervenientes, preparava-se para a oferta do mimo final, em agradecimento e carinho (e bem podia inchar de orgulho e satisfação por aquele dia, corrido de feição, sem paragens nem atropelos, com a audiência interessada e participante), quando vibra no bolso o telemóvel silencioso. O que seria, àquela hora? Um estremecimento de premonição de desgraça percorreu o seu espírito.

 

Era um sms – em letras gordas, pode ler a voz que naquela mensagem cantava:

 

És o émulo sem rivAAaal do Dr. Câmara Pestana...

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publicado às 23:39

The Emperor of all Maladies - A Biography of Cancer

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.08.14

 

Nunca percebi muito bem os critérios para as edições de obras cuja língua original não é o português.

 

The Emperor ao all Maladies - A Biography of Cancer - um presente que me deram há uns meses. É um livro escrito por Siddhartha Mukherjeeum Médico Oncologista com especial interesse em Hematoncologia, nacionalidade americana mas nascido na Índia. Pelo que pude ver, a ideia do livro surgiu após um dos seus doentes lhe dizer que gostaria de perceber o inimigo contra o qual lutava.

 

Este livro ganhou inúmeros prémios e chegou à shortlist de muitos outros. Está muitíssimo bem escrito e traça, de uma forma empática e humana, a história do cancro desde os Egípcios até aos nossos dias - os diagnósticos, os sofrimentos pessoais e sociais, os radicalismos das terapêuticas, a ideia da doença sistémica, as causas, as investigações, as prevenções primárias e secundárias, as terapêuticas alvo, os genes. E tudo de uma forma simples e rigorosa, como uma história épica com vítimas e heróis, grandes entusiasmos e grandes desilusões.

 

Já há muito tempo que não leio um livro tão interessante e tão importante. E fiquei a saber, para além de muitas outras coisas, que Sidney Farber, um Patologista pediátrico, foi o primeiro médico a tratar um cancro com drogas, dando início à quimioterapia - os antifolatos para a leucemia linfoblástica aguda das crianças.

 

Nota: As minhas desculpas pela ignorância (que sempre foi muito atrevida). Segundo informações de um comentador, que a si próprio se apelida de Indivíduo, fiquei a saber que há uma tradução portuguesa publicada pela Bertrand. Aqui fica o linkO Imperador de Todos os Males, para quem estiver interessado. Mantenho, no entanto, o meu desentendimento quanto aos critérios editoriais (traduções) em Portugal. Pelos vistos, este não foi um bom exemplo.

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publicado às 22:14

Boléro

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.08.14
Boléro - Maurice Ravel

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publicado às 21:58

Dos especialistas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.08.14

 

Nestes dias, meses anos de grande confusão, em Portugal, ma Europa e no mundo, confesso-me cada vez menos especialista e cada vez mais consciente de que o que sabemos é apenas o que julgamos saber. Confesso-me ignorante no que diz respeito ao conflito Israelo-palestiniano, ao do Iraque, da Líbia e da Síria, dos separatismos ibéricos e da ex-URSS, das crises do sector financeiro, do BCE, do BP, do BES, do GES e da decisão de dividir o banco em bom e mau.

 

Ao contrário da enorme quantidade de especialistas que debitam palavras, audíveis e/ou legíveis, sobre todos os problemas do mundo, da queda dos aviões e dos seus desaparecimentos até ao aquecimento global e à epidemia do Ébola, a falta de confiança nas informações que se recebem e naqueles que as transmitem é tal que, se ouço que vai estar de chuva tiro o fato de banho do armário.

 

Marcelo Rebelo de Sousa não pertence ao grupo dos ignorantes: fala rápida e assertivamente sobre tudo. António josé Seguro fala lenta e assertivamente sobre nada. Estilos bem diferentes mas semelhantes para o ruído que paira sobre a nossa sociedade.

 

As sondagens sucedem-se e as evidências sobre o governo e a oposição continuam a aparecer. Não tenho receio de partidos que se dividem e de novos partidos que apareçam. Só tenho medo da total inércia e desinteresse da população pela causa pública. Não são só os partidos políticos que não respondem aos anseios dos cidadãos, são todas as suas organizações representativas que estão em colapso: partidos, associações patronais, sindicatos, ordens profissionais, igreja, justiça, informação, tudo se desmorona e se mostra pouco eficaz e pejado de processos e protagonistas duvidosos.

 

Somos mesmo assim. De tantas raivas e fogos fátuos, sem consistência, mergulhamos no imediato do momento, subservientes com os poderosos, cruéis quando caem do pedestal que lhes fazemos.

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publicado às 20:51

A partir das 22:30h

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.08.14

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publicado às 22:21

Do arremedo democrático

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.08.14

A condução política dos assuntos mais sérios e delicados do país deixaram de ser da responsabilidade do governo, pois este demite-se de cumprir o mandato para o qual foi eleito. Só assim se pode compreender que seja o Governador do Banco de Portugal a apresentar a solução para o BES.

 

Há muitas semelhanças entre o BPN e o BES mas também há algumas diferenças. Uma das mais importantes é termos tido um governo à altura dos problemas que se nos colocavam - e essa é uma diferença determinante para uma sociedade que ainda se crê democrática.

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publicado às 18:29

Violação dos direitos humanos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.08.14

O conflito Israelo-Palestiniano é de uma enorme complexidade. Basta tentarmos informar-nos do que se passou ao longo dos vários séculos, ou mesmo milénios, da história do povo judeu e daquela área do globo, para nos apercebermos das inúmeras razões de parte a parte e dos extremismos de todos os lados.

 

Independentemente dos motivos e das razões que a tantos assistem, nada pode justificar a sistemática violação dos direitos humanos por parte de Israel ao bombardear agrupamentos de cidadãos que estão sobre a protecção da ONU.

 

Em qualquer guerra e nesta em particular não há inocentes. Mas são sempre os inocentes que sofrem as consequências deste descalabro humanitário.

 

Nota: Há um dossier muito interessante sobre Israel e a Palestina no Observador, que vale a pena ler.

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publicado às 18:07

Evidências

por Sofia Loureiro dos Santos, em 02.08.14

Vítor Constâncio foi insultado e vilipendiado por causa do falhanço da supervisão no caso BPN.

Carlos Costa fez o que pode.

 

A nacionalização do BPN foi um acto criminoso de José Sócrates e de Teixeira dos Santos.

A nacionalização do BES é inevitável.

 

Havia uma rede internacional de tráfico de crianças que incluía diplomatas, políticos, gente muito importante e muito influente.

José Sócrates era culpado de corrupção nos processos Freeport, Face Oculta e, mais recentemente, do Monte Branco.

O único sobrevivente da tragédia da praia do Meco era um estupor que obrigava os colegas às mais vis torturas de praxe.

Ricardo Espírito Santo é o pior mafioso que se passeou por Portugal, desde que há memória escrita.

 

João Duque é chamado pela TSF a comentar a hecatombe do GES e do BES.

Os comentadores económicos têm as suas opiniões modeladas apenas por critérios de competência, nunca são influenciados por nada nem por ninguém.

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publicado às 18:57



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