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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
E agora mais este (desfio a colocar música e poesia no facebook - a mim calhou-me a letra P, a pedido de uma amiga):
Mariza
Fernando Pessoa
Mário Pacheco
Há uma música do povo,
Nem sei dizer se é um fado...
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado...
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser...
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver...
E ouço-a embalado e sozinho.
E essa mesmo que eu quis...
Perdi a fé e o caminho...
Quem não fui é que é feliz.
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção...
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração...
Sou uma emoção estrangeira,
Um eco de sonho ido...
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!
A este desafio (colocar poesia e música no facebook - pediram-me a letra A), respondo com:
Amália
Alexandre O'Neil & Alain Oulman
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
Estes apoios crescentes a Seguro que conduzirão à grande vitória nas primárias soam-me estranhamente familiares, exactamente como a grande descolagem da candidatura de Mário Soares nas Presidenciais de 2006.
É mesmo a nossa única hipótese - que António Costa consiga mobilizar Portugal.
As movimentações da direcção do PS, afecta a António José Seguro, demonstram bem a falta de liderança e de visão política, para não falar da indesmentível preparação de umas eleições que são tudo menos a expressão livre de uma vontade. Avizinham-se regimentos de simpatizantes que o nunca foram e que apenas serão instrumentos de manipulação eleitoral.
António Costa tem que começar já a fazer a campanha para as legislativas, tem que falar para fora do PS. A sua única hipótese é que a mobilização popular seja de tal forma avassaladora que o próprio aparelho do PS perceba que, com António José Seguro, se arrisca a não ganhar o poder.
A candidatura de António Costa tem que manter o distanciamento em relação aos ataques pessoais e aos assassinatos de carácter. De certeza que irão aparecer notícias sobre perfídias de José Sócrates e sobre actos de corrupção, compadrio e tráfico de influências protagonizadas por António Costa, família e amigos. É a arma dos cobardes. É muito importante que quem deseja que o PS tenha uma vitória retumbante nas próximas legislativas e, mais importante que isso, alguém à frente do governo que relance a esperança e mude alguma coisa, deve participar nas primárias do PS. E temo bem que esse grupo anónimo de gente seja menos militante que os seguidores de António José Seguro.
Temos a oportunidade de fazer alguma coisa. É mesmo bom que a aproveitemos.
António José Seguro tentou sempre, durante todos estes anos, afastar-se de Sócrates e dos seus governos. Nunca assumiu que houve mais coisas boas que más, nos governos anteriores à Troika e, por omissão, deixou que se instalasse em toda a sociedade a explicação para o desastre na culpa dos socialistas, mas apenas os socráticos.
Agora que António Costa lhe disputa a liderança, António José Seguro volta ao assunto, colando António Costa a Sócrates e aos seus governos, para passar a mensagem que com António Costa voltará Sócrates, a bancarrota, o desperdício de dinheiros públicos e a corrupção.
António José Seguro alia-se tacitamente à direita e à esquerda mais reaccionária para ver se consegue manter-se, a todo o custo, como candidato a chefe do governo nas próximas eleições legislativas. Ainda não percebeu que, quanto mais tempo se arrastar na liderança, mais perde o PS e, muito mais grave que isso, mais aumentam as hipóteses de termos um próximo governo idêntico ao presente.
Martelam-me na cabeça os nós
dos dedos de Deus.
Em cadência rítmica e dolorosa
chamam insistentemente
numa ladainha críptica
repetem segredos monótonos
que ecoam pela eternidade.
Dou a volta a um parapeito que sobrevoa o caos
estranho o silêncio e a subtil luz meridional
sem sol nem brilho arrefecida de névoa
e vagar. Inclino os olhos e suspendo a voz
numa surda aceitação do tempo.
Recolho os sentidos e instalo a esquina
de um limite numa vida que se refaz.
Está tudo a torcer por Portugal!
Vamos lá, equipa, lutar e vencer!
Temos que colocar a nossa bandeira na Rua da Copa.
Rua da Copa - Manaus
Estamos no país do inacreditável – o governo reage com raiva e vinga-se nos funcionário públicos, ameaçando-os de pagar a uns e não pagar a outros, após a decisão do Tribunal Constitucional, acusando-o de ser o responsável pelas atitudes de quase terrorismo a que vamos assistindo, desde há 3 anos.
Apenas um dia depois, os anunciadores da provocação são desmentidos por membros do mesmo governo.
António José Seguro esfrangalha o PS e qualquer hipótese de haver uma oposição credível, mobilizadora e ganhadora das próximas eleições legislativas, com uma cegueira política que só agrava a sua débil liderança, acusando António Costa de traição e oportunismo, em vez de, o mais rapidamente possível, clarificar a situação – demitindo-se e convocando eleições dentro do partido.
Entretanto há uma demissão em bloco dos Directores dos Serviços do Hospital de São João e a Administração compreende e está solidária mas… também se demitiu ou não? Porque se compreende e está solidária com os motivos das demissões - a qualidade na prestação de cuidados de saúde à população estar em risco – eu é que não compreendo a postura da Administração nem a falta de reacção do Ministério da Saúde.
Bem, na verdade eu não entendo absolutamente nada do que se está a passar.
É difícil escolher uma canção, de tantas e tão maravilhosas com que Chico Buarque nos tem presenciado.
Muitos e muitos parabéns para um dos grandes autores de música brasileira. Fica uma.
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?
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