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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
Estamos muito muito muito, mas muito muito muito melhor.
Estamos todos muito muito muito, mas mesmo muito muito muito melhor.
Estamos mesmo tão tão tão melhor, que nem percebemos quão tanto tanto tanto melhor estamos.
Muito muito muito, mas mesmo muito muito muito melhor.
North Bennington Train Yard
1.
O campo à minha espera
a tarde de um Março por nascer
a corrida das árvores no horizonte
plácidos insectos encostados à janela.
O campo que me desespera
a chuva de um Março por colher
o abraço do silêncio revoltado
os teus braços abrigos que alimentam.
2.
Mesmo que salte para o fundo da vida
não largo a corda da lucidez
nem esta impenetrável inabilidade em persistir.
3.
Pergunto-me se o lugar que ocupo é meu
ou foi roubado a alguém que se esqueceu
de existir.
E quem poderia imaginar que, depois de um dia soalheiro, frio que baste mas não demais, São Pedro desabaria ondas de chuva e vento traiçoeiro, alagando as ruas de Lisboa e molhando sem piedade os incautos passeantes, que aproveitavam uma tarde de domingo para visitar a exposição Rubens, Brueghel, Lorrain. A Paisagem do Norte no Museu do Prado? Foi uma exposição interessante, dividida por várias salas onde se pode apreciar pintura paisagística flamenga dos séculos XVI e XVII, a representação de cenas da vida campestre, o branco da neve, o espelho do gelo e os bosques, o aspecto velado dos quadros, os pormenores, a exiguidade de luz e de cores vibrantes.
A seguir ao banho de pintura deambulámos em busca de um restaurante muito recomendado, com pré-reserva e tudo, para não nos arriscarmos a ouvir dizer que não havia lugar, mesmo com o restaurante vazio, que é o que mais acontece nos dias que correm. Primeiro, uns pingos, depois molha tolos, por fim um dilúvio que transformou botas e chapéus em arcas de Noé.
Lá conseguimos encontrar o dito restaurante ao qual batemos desesperadamente à porta. De certo que ainda era cedo mas, totalmente encharcados, perguntámos se não podíamos entrar, que chovia que Deus a dava e tínhamos mesa marcada para daí a uma longuíssima meia hora. O porteiro de ocasião foi perguntar se era possível e para isso precisava de reunir em conclave. Minutos passados e a conclusão foi que não, que apesar da molha dos promitentes comensais teríamos que aguardar debaixo do toldo que despejava certeiramente água para cima do espanto incréu dos nossos ouvidos.
Pois não experimentámos a dita Taberna Ideal e penso que nunca a experimentaremos. Nem faro comercial houve - sempre poderiam ter servido uns aperitivos e umas entradas enquanto se fazia tempo - já que não existiu educação ou simpatia. Foi um excelente cartão de visita. Não recomendo, portanto.
Rico Eastman
Perdi-me neste labirinto em que persigo
uma alma que quero e não tenho
em que me desencontro das causas
que perdidas nos atapetam o caminho.
Perdi-me de nós entre as voltas do mundo
que a vida mudou
perdi-me dos dedos que tocam
nas voltas que o amor nos traçou
perdi-me de sonhos e de medo
nas dobras que o mundo mostrou
perdi-me da morna quietude de te amar.
Meu amor não percas nunca a coragem de me procurar
que eu serei de novo o labirinto das voltas
em que te hei de encontrar.
Zuvi! zuvi zevá, vá vanovi!
Zuvi zevá! vá, vá, vá vanovi.
Zuvi zeva novi? zuvi zeva novi.
Zuvi zava zivi zeva novi!...
Salta no ar, rebola de lado!
Sépia salmão, cheiro alvado...
Salta no ar, rebola de lado!
Sépia salmão, cheiro alvado...
Ele aí cai, zuvi vai ver,
Mirar a montra, sorrir de prazer,
Caixinha, cor, mar, corinto, então?
Ainda a dança jinga na mão!
Taste a mar, hortelã gel,
Rola no ar, patinha no mel!
Taste a mar, hortelã gel,
Rola no ar, patinha no mel!
Ele aí está, zuvi vai ter
Hálito bombom, bom a valer!
Caixinha, cor, mar, corinto, então?
Ainda a dança jinga na mão!
Zuvi zeva zuvi zeva zuvi zeva novi,
Zuvi zava zivi zeva novi ah!
Zuvi zeva zuvi zeva zuvi zeva novi,
Zuvi zava zivi zeva novi ah!
Âh!...Ah!...Zuvi zeva novi?
Ah!...Ah!...Zuvi zeva!
Aproximam-se as eleições europeias. Alguém sabe o que defende o PS para a Europa, quais as políticas de combate ao desemprego, de manutenção da sustentabilidade do estado social, de incentivo à economia?
Alguém sabe o que pensa o PS sobre o fim da assistência financeira, para além da abstrusa proposta de tribunais especiais para os grandes investidores estrangeiros, para além de reabrir os tribunais que este governo fechou? Alguém sabe quais os protagonistas dos próximos combates eleitorais, quais as prioridades, os objectivos, o rumo para o país? Alguém sabe qual a estratégia para as europeias, para a legislativas, para as presidenciais?
O PS transformou-se num partido irrelevante. António José Seguro, tão cheio de apoio partidário, não tem ninguém credível para surgir como líder para os vários confrontos eleitorais. É natural, pois não tem pensamento. Vive entre a negação da governação socrática e a preocupação de ser populista. Dentro do PS há muitas vozes críticas, mas nenhuma que arrisque romper o status quo.
O PSD e o CDS preparam-se para vencer as eleições europeias e as legislativas. Para as primeiras não precisam de ter mais votos, basta-lhes ficar muito perto do resultado do PS para que a derrota do maior partido da oposição seja estrondosa, num país desgastado, deprimido e sem esperança. Para as segundas a campanha está em marcha – tudo melhorou, desde o desemprego à economia, passando pelas reformas do estado, até já se pode falar em moderação de impostos em 2015 - coincidência das coincidências.
A anorexia e adinamia à volta das supostas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril mostram bem o valor que esta geração política dá ao momento fundador deste regime. Uma maçada a cumprir e que gasta dinheiro, a juntar aos funcionários públicos, aos devaneios culturais e à socializante mania de ter direito à educação, à saúde, à justiça e à segurança, a uma vida e a uma velhice dignas.
E para quando uma tempestade, um terramoto, uma explosão dentro do PS?
Regressam os sentimentos xenófobos e racistas. Esta Europa, que durante tantos anos permitiu a vivência das fronteiras abertas, da tolerância para os outros, da interligação cultural, retoma temores e ódios de um passado que quereríamos esquecido.
Mas o esquecimento é o que permite que estas ondas cíclicas nos afoguem.
Esta Europa está a ficar perigosa. As sondagens mostram o afastamento cada vez maior entre os cidadãos e os seus representantes, nacionais e europeus. A política arrasta-se e os líderes parece viverem num planeta diferente do comum dos mortais. A descrença e o abatimento larvares são o pior inimigo da democracia e da liberdade.
Os horizontes estão sombrios.
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