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Da enormidade consensual na sociedade portuguesa

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.06.13

 

 

Na sequência da greve geral, da entrevista que Teixeira dos Santos concedeu a Judite de Sousa e do último programa semanal da TSF, Bloco Central, há algumas coisas que me deixam ainda mais dúvidas (porque eu, ao contrário de Cavaco Silva, tenho cada vez mais dúvidas e estou sempre a enganar-me) das habituais.

 

Teixeira dos Santos foi sóbrio e discreto, fintando as perguntas telenovelescas de Judite de Sousa, cujo único objectivo era fazer alarde e publicidade da irascibilidade de Sócrates, e de quanto os seus colaboradores sofreram às suas mãos. A informação está tabloidizada e a sociedade vive num perpétuo mundo onírico, de tipo Walt Disney, desapegado da realidade e do mundo adulto com que temos que lidar. A apologia da inocência, da espontaneidade e da perpétua adolescência toca as raias do disparate. A maledicência e a coscuvilhice constantes sobre a política são dramáticas e envergonham. Não me interessa se Sócrates tem mau feitio, Teixeira dos Santos se ofendeu, Paulo Portas amua, a ministra Cristas tem fanicos, se há amantes a pulular ou amizades quebradas, vícios tabágicos ou virtudes eclesiásticas. O que me interessa é o serviço público, as ideias políticas, as decisões, os argumentos, os resultados.

 

Mais uma vez passou a ideia de que o chumbo do PEC IV foi totalmente irresponsável e que, mesmo que ninguém possa afirmar que teria sido evitado o pedido de resgate, tê-lo-ia atrasado e, quem sabe, como disse Pedro Adão e Silva, Passos Coelho tivesse sido substituído por alguém capaz e mais competente.

 

Quando falamos do enorme consenso que hoje existe na sociedade, constituído por todos os partidos da oposição, por facções dentro dos partidos do governo, associações sindicais e patronais e a tão propalada e diáfana sociedade civil, quanto à necessidade de substituição do governo (de que eu própria comungo), é preciso lembrarmo-nos de que, há pouco mais de 2 anos, também havia um enorme consenso social e político, protagonizados pelos partidos todos, facções do PS, sindicatos, associações patronais, sociedade civil e Presidente da República, em como Sócrates e o seu governo eram responsáveis por todos os males do universo e deveriam ser demitidos, tendo-se precipitado as eleições.

 

Será que estes enormes consensos, caso sejam invocados sempre que houver decisões governamentais impopulares e situações de crise, deverão associar-se a quedas de governos e eleições antecipadas? Onde está a democracia representativa e a base para mandatos que permitam a implementação de uma política minimamente estável e consequente? E, se poderia ter sido uma bênção a hipotética substituição de Passos Coelho, não seria também uma esperança maravilhosa a substituição de António José Seguro na liderança do maior partido da oposição e representativo da esquerda democrática?

 

Que tem o PS a sugerir, a mudar, a motivar, a envolver os cidadãos, que justifique a sua vontade repetidamente afirmada de ir já a eleições? Na verdade penso que é a certeza de que, quanto mais tempo passar, mais provável será que não chegue a Primeiro-ministro. Quanto ao PCP e ao BE, assim como as palavras de ordem que ouvimos – está na hora de o governo ir embora – elas são exactamente as mesmas desde 25 de Novembro de 1975 e foram gritadas a todos os governos, desde então.

 

Estamos perante um bloqueio político sem precedentes. Mas a repetição do assalto ao poder, visto que ninguém percebe bem qual a alternativa a formar após eleições antecipadas, incerteza que se multiplica ao perceber que este PS nem coragem tem para, claramente, explicitar se apoia ou não a greve geral, talvez não seja a melhor opção. Até porque, ao contrário do governo de Sócrates, este conta (ainda) com uma maioria Parlamentar. Soma-se a este quadro deprimente um Presidente da República que desprestigiou e anulou a função presidencial, instituição que deveria ser o garante do normal funcionamento da democracia.

 

Queda do governo – de que está o CDS à espera? Da saída da Troika? Do próximo orçamento? Será que António José Seguro prepara e espera uma aliança com Paulo Portas, num cenário de eleições antecipadas?

 

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publicado às 15:45

Da descrença

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.06.13

 

 

Acho sintomático ler várias pessoas referirem-se aos que não fizeram greve com aqueles que tiveram necessidade de justificar esse facto. Realmente está de tal forma impregnado, na ala esquerda, que quem não é grevista está vendido, é amarelo, defende o patrão, é cobarde e outros epítetos, tal como para a ala direita se passa exactamente o contrário, que muitos se sentem compelidos a explicarem-se. No fundo, é o que estou a fazer.

 

Realmente respeito muito quem faz greve, se a faz porque está convencido que essa forma de luta terá consequências, é uma tomada de posição de dignidade e clamor. Tal como respeito quem a não faz, se pensa que não se revê nesse tipo de manifestação de desagrado. Mas há patrulhas ideológicas dos dois lados, que gostam de insultar quem não faz a escolha certa, dependendo da lateralidade em que se está.

 

A verdade é que acredito cada vez menos nas greves como meio de pressão. Parecem-me anacrónicas, um ritual que se repete sem consequências. Penso que a pressão sobre o poder político, pois esta é uma greve com fins políticos e não laborais, a cumplicidade e o ganho da opinião pública se conseguem através da capacidade de chegar aos media e influenciar a opinião pública. É só estarmos atentos ao bombardeamento a que, desde que sequestrou os subsídios no sector privado - o governo tem sido submetido, com comentadores de todos os tipos, jornalistas, politólogos, economistas e filósofos, a desdizerem o que ansiavam como terapêutica salvífica nos últimos tempos do governo anterior. Também foi assim que se criou a onda de crucificação do governo de Sócrates.

 

E temos também o fenómeno das redes sociais, que podem levar à desvalorização da representatividade dos eleitos, pois confunde-se a vontade do povo com o que se lê nas redes e com a organização das ditas manifestações inorgânicas. Fenómeno esse ainda não compreendido nem aproveitado pelo regime.

 

Os bloqueios da circulação das pessoas, como os tentados na ponte 25 de Abril, ou da saída de trabalhadores que não aderiram à greve, cpomo o que aconteceu na Carris, são ilegítimas e a polícia tem por função impedi-las. A democracia assenta no respeito pelas escolhas de todos, por muito que não sejam as nossas.

 

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publicado às 21:39

A derrota da crise (12)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.06.13

 

 Ana Marques Pereira

 

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publicado às 20:45

A derrota da crise (11)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.06.13

 

 Maria Celeste Pereira

Edita-Me

 

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publicado às 20:38

Da demagogia e do oportunismo político

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.06.13

 

Seguro culpa Governo por falta de acordo com professores

 

Ou seja, se o próximo governo for do PS e António José Seguro o Primeiro-ministro, na greve aos exames que, fatalmente, será convocada pela FENPROF e pelos retantes 7 sindicatos, não esquecer que não será apenas a FENPROF, Seguro aceitará mudar as datas de exame ao sabor dos pré-avisos de greve?

 

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publicado às 15:35

Das patrulhas dos camaradas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.06.13

 

 

Se o meu objectivo fosse ter muitos comentários aos posts que vou escrevendo, bastava fazer uma qualquer referência semanal que beliscasse a FENPROF, para que que as patrulhas dos camaradas me mimoseassem com os seus insultos. Assim tenho esse privilégio só de vez em quando.

 

Para que fique bem claro e explícito:

  1. Este governo é o governo pior que alguma vez me lembro de ter havido, após o 25 de Abril.
  2. A maioria que nos governa, para além de tentar implementar a sua ideologia que nem sei bem classificar, fá-lo de uma forma totalmente incompetente.
  3. Como já muitas pessoas vão reconhecendo publicamente, houve um assalto ao poder em 2010/2011, com uma total manipulação da população protagonizada, entre outros, pelos partidos da oposição da altura, nomeadamente do PSD, do CDS, do PCP e do BE, que se aliaram para derrubar o governo minoritário do PS, cavalgando as ondas de descontentamento dos cidadãos, mentindo antes e durante a campanha eleitoral, como se prova pelo que têm feito desde então.
  4. A maioria dos sindicatos afectos à CGTP-in, entre os quais a FENPROF (federação de sindicatos), e que é uma correia de transmissão do PCP servindo a sua estratégia política, contribuíram decisivamente para a tomada do poder pela direita conservadora.
  5. Durante os dois governos anteriores, os representantes dos professores em geral e a FENPROF em particular, opuseram-se a tudo o que mudava a cultura de mediocridade, de facilitismo, recusando alguma meritocracia que se tentava implementar. Da fusão de escolas sem condições para os alunos, às aulas de substituição, passando pela avaliação de desempenho, nada escapou aos gritos de destruição da escola pública e de ataque aos indefesos professores.
  6. As alterações aos horários da função pública (que constam do orçamento rectificativo), de 35 para 40h semanais, correspondem a uma redução salarial de 12,5%, o que é totalmente inaceitável – não o aumento do horário de trabalho, mas a redução da remuneração decidida unilateralmente pelo governo, aliás como as reduções anteriores.
  7. O regime de mobilidade é, obviamente, uma forma de despedir funcionários públicos e o chamar-lhe requalificação é uma desvergonha inqualificável
  8. A razão para aumentar o horário de trabalho não é melhorar a eficiência e o atendimento aos cidadãos, é despedir pessoas – uma das gorduras do estado.
  9. Estas medidas não são específicas para os professores.
  10. Em 2005 foi convocada uma greve aos exames, tendo o governo da altura requerido que se decretassem serviços mínimos, em defesa dos alunos e das suas famílias, o que foi legalmente aceite.
  11. Desta vez, e mais uma vez, a FENPROF convoca uma greve aos exames nacionais, num braço de ferro com o governo, que este não pode aceitar, sob pena de continuar refém de uma das mais poderosas corporações existentes.
  12. Mário Nogueira, como líder da FENPROF, foi e é o protagonista destas posições, pelo que é nessa qualidade que o critico.
  13. Penso que este tipo de ações, de que a grave aos exames é um exemplo, descredibiliza a actuação e o papel dos sindicatos, contribuindo para a irrelevância dos protestos dos trabalhadores, sejam eles professores ou outros.
  14. Quando tanto se fala no divórcio entre os cidadãos e os políticos, convinha que os dirigentes dos sindicatos ponderassem o papel que tiveram e têm na descrença que alastra na sociedade, e na desesperança e alheamento em que nos refugiamos.
  15. O facto de a greve ser legítima não me faz concordar com ela. O facto da Colégio Arbitral ter decidido que não havia serviços mínimos não me obriga a concordar com ela. O facto de o Tribunal Central Administrativo do Sul ter considerado ser este um assunto não urgente é, para mim, incompreensível.
  16. Muito me penaliza não ouvir o PS a condenar esta greve e a ler opiniões de muitos quantos defenderam, e bem, Maria de Lurdes Rodrigues, numa situação idêntica à de agora. Os fins não justificam os meios.

 

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publicado às 13:14

João Pinto e Castro

por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.06.13

 

Cruzei-me com João Pinto e Castro no SIMplex, virtualmente, e pessoalmente uma ou duas vezes, em que não trocámos mais do que alguns cumprimentos. Já o lia no seu ...bl-g- -x-st- e continuei a lê-lo no jugular. Foi para mim um choque a notícia da sua morte. Era uma voz lúcida, esclarecida e bem humorada que vai fazer muita falta.

 

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publicado às 22:13

Gorduras

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.06.13

 

Estou a ouvir Eduardo Catroga explicar que as gorduras do estado corresponde aos salários, às despesas sociais, etc. Se acabarmos com tudo isso, o estado emagrece, definha e morre, que é a solução ideal, para estes senhores.

 

Também falou em equidade entre sectores publico e privado, em relação ao horário de 40h semanais. Eu estou de acordo quanto ao horário de 40h, mas será que Eduardo Catroga acha equitativo aumentar o horário de trabalho sem o consequente aumento do respectivo ordenado? Será que há equidade entre o ordenado de quadros como ele nos dois sectores?

 

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publicado às 21:30

Medidas cautelares

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.06.13

 

Pelos vistos, Nuno Crato tinha razão.

 

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publicado às 21:13

Dos ciclos grevistas aos exames

por Sofia Loureiro dos Santos, em 12.06.13

 

Os professores pedem a demissão de todos os ministros e já não é a primeira vez que ameaçam fazer greve aos exames. Com Maria de Lurdes Rodrigues passou-se o mesmo. Se Nuno Crato muda as datas, por causa do pré-aviso de greve, ficará refém dos sindicatos.

 

Por muito que discorde deste governo, neste caso concordo com Nuno Crato e com Passos Coelho.

 

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publicado às 21:18

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