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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
A obrigatoriedade da prescrição electrónica de receituário e de meios complementares de diagnóstico, assim como do processo clínico electrónico, já deveria há muito ter sido implementada. Infelizmente os equipamentos informáticos e a acessibilidade a computadores nos estabelecimentos pertencentes ao SNS nem sempre são os adequados, atrasando o arranque desta medida essencial para a segurança dos doentes e do pessoal de saúde, uma maior rapidez de informação fidedigna e uma enorme poupança de recursos.
Por isso aplaudo o facto do Ministro Paulo Macedo não aceitar uma nova prorrogação do prazo para que as receitas electrónicas sejam, finalmente, uma realidade. As Instituições de Saúde e os Médicos estavam avisadas, desde há vários meses, do limite do prazo, pelo que não me parece sério continuar a alegar falta de preparação e de conhecimento de softwares disponíveis. Penso que seria muito importante que a Ordem dos Médicos facilitasse a aquisição/utilização de aplicações informáticas, eventualmente com formação para que, o mais rapidamente possível e com menores custos, todos os médicos pudessem aceder à prescrição electrónica.
Por isso não deixo de me surpreender com a notícia do Público, de 26/07, de que centenas de médicos alegam não ter capacidade para se adaptarem a sistemas informáticos. Acredito que haja casos excepcionais que justifiquem tal incapacidade, mas serão muito raros e muito específicos. Não concebo como é que, em pleno século XXI, um médico pode fazer consultas bibliográficas, estar a par das últimas novidades editoriais, corresponder-se com colegas, inscrever-se em congressos, trabalhar em consultórios, hospitais ou centros de saúde que estão, melhor ou pior, todos informatizados, ou mesmo entregar declarações de IRS, sem ter capacidade para se adaptar a sistemas informáticos.
Mantenho também o aplauso a Paulo Macedo pelo facto de não ter aproveitado o facto de se terem que destruir vacinas compradas para a pandemia de Gripe A, em 2009, levando a um desperdício no valor de 9,7 milhões de euros, para atacar a Ministra Ana Jorge. Por muito que se critique a sua actuação, e eu sou uma das que critico, neste caso particular a Ministra e o governo fizeram o que deviam, seguindo as orientações da OMS. Se o não tivessem feito e a gravidade da pandemia fosse outra, essa sim seria razão para acusações.
Já não percebo muito bem o que significa a reestruturação das urgências de que fala o Ministro da Saúde. Não percebo como se avaliam as ofertas dos serviços de urgência públicos e privados, para se decidirem encerramentos – quais encerram? Os públicos ou os privados? Se forem os públicos, serão os privados a assegurarem as urgências? Quem paga? O Estado ou os cidadãos?
Temo que a interpretação das suas palavras – ser Ministro do Sistema de Saúde – tenha um alcance mais privatizador do que prestador.
E esta Ana?
Tomate esta botella conmigo
y en el ultimo trago nos vamos
quiero ver a que sabe tu olvido
sin poner en mis ojos tus manos
esta noche no voy a rogarte
esta noche te vas de deveras
que dificil tener que dejarte
sin que sienta que ya no me quieras
Nada me han enseñado los años
siempre caigo en los mismo errores
otra vez a brindar con extraños
y a llorar por los mismos dolores
(Salusita mi amor......)
Tomate esta botella conmigo
y en el ultimo trago....
me besas
esperamos que no haya testigos
por si acaso...
te diera verguenza
si algun dia sin querer tropezamos
no te agaches ni me hables de frente
simplemente...
la mano nos damos
y despues que murmure la gente
Nada me han enseñado los años
siempre caigo en los mismos errores
otra vez a brindar con extraños
y a llorar por los mismos dolores
Tomate esta botella conmigo
Y EN EL ULTIMO TRAGO NOS VAMOOOSSSS!!!!!!
Mitzi Linn
Sabemos vender sorrisos e mãos
corpos vazios ou completos às sedes redondas e ferozes
sabemos vender a língua que nos adeja pela pele
sabemos vender tudo que por dentro se move e até
o que se gastou entre segundos de um tempo infinito
mas nunca descobrimos o que fazer com o amor
que a brasa do anos de embalo não consome.
A vida corre-nos sem sobressaltos de maior, nascer, crescer, escola, trabalho, marido, filhos, casa, carro, férias, mesmo que pequena, velho ou dentro de portas, lá vamos despachando um dia atrás do outro sem sequer olharmos para fora da redoma opaca com que nos rodeamos.
Lá fora batalham pessoas como nós, com necessidades e anseios iguais aos nossos, mas sem as almofadas de segurança, materiais e de afectos que consideramos de tal forma adquiridos que nos choca o confronto com outras realidades.
E elas são tão vastas e duras, pesadas e duradouras que, em vez do hábito entranhado de dizer mal da sorte, deveríamos perceber que pertencemos a uma escassa minoria que vive, ao lado de multidões que tentam sobreviver.
Maria Lúcia Lepecki foi uma das professoras que gravavam as aulas do Ano Propedêutico transmitidas pela RTP1, nos idos de 1978/1979, para a disciplina de Português. Não me recordo de mais nada do programa ou das aulas, nem de mais nenhum professor ou convidado. Apenas me lembro dela, da sua voz, do seu sotaque, do seu entusiasmo e do seu saber. Era uma aula sobre O Delfim, de José Cardoso Pires. Nunca até aquele momento tinha assistido ao estudo de uma obra literária, com aquele enquadramento histórico, cultural, social e literário, tudo dito num tom encantatório e melodioso, como era a sua forma de falar.
Ouvi-a ao longo dos anos nalguns programas de televisão e, pela última vez, na apresentação do 3º volume da biografia de Álvaro Cunhal, escrita por Pacheco Pereira, em que nos aguçou a curiosidade e o interesse pelo livro. Com a sua morte perdeu-se uma verdadeira especialista e apreciadora em literatura portuguesa, que era capaz de marcar profundamente quem a ouvia.
Não assisti ao debate entre Alfredo Barroso e Teresa Caeiro. Mas, via Câmara Corporativa, tive oportunidade de ver o referido debate, se é que se lhe pode chamar isso, moderado pelo sempre inqualificável Mário Crespo.
Alfredo Barroso começou por ler um artigo de Filipe Santos Costa, que citava frases de Paulo Portas, em que este referia os montantes exactos das várias específicas despesas a cortar pelo governo, essa direita que não aceitava o aperto fiscal e a recessão. Teresa Caeiro, incapaz de justificar o injustificável, arrastou a conversa para uma troca de insultos, falando de lamaçal repetidamente, sendo ela própria a primeira a atirar lama.
É muito difícil para a direita - nomeadamente o Presidente da República e os líderes do PSD e do CDS - que durante anos insultou os governantes do PS, chamando-lhes mentirosos, fazendo campanhas de descredibilização e de ataques de carácter, que justificava toda a situação económica do país pela incúria, incompetência e mentiras de Sócrates, ser agora confrontada com o facto do país se aperceber das campanhas, das calúnias, das manipulações e das mentiras dessa mesma direita.
Cajueiro velho
Vergado e sem folhas
Sem frutos, sem flores
Sem vida, afinal
Eu que te vi
Florido e viçoso
Com frutos tão doces
Que não tinha igual
Não posso deixar
De sentir uma tristeza
Pois vejo que o tempo
Tornou-te assim
Infelizmente também é certeza
Que ele fará o mesmo de mim
Já trago no rosto
Sinais de velhice
Pois da meninice
Não tenho mais traços
Começo a vergar como tu, cajueiro
Que foi meu companheiro
Dos primeiros passos
Portanto
Não tens diferença de mim
Seguimos marchando
Em uma só direção
Agora me resta da vida o fim
E da mocidade a recordação
Não deixa de ser interessante que, alguns dos que sempre atacaram e desprezaram blogues que apoiavam o PS e Sócrates, denunciando bloguers como criminosos e espiões a soldo do governo, para manipular e desinformar, se insurgem agora quando são aplicadas as mesmas regras, antidemocráticas, censórias e atentatórias à liberdade de expressão.
O recrutamento para a política de pessoas que escrevem nos blogues e nos jornais não me incomoda nada. O que de facto me incomoda muito é o facto de não haver a coragem e a transparência para se assumirem as respectivas orientações partidárias. Mais me incomoda a forma como determinados seres, para além de não terem coluna vertebral, são capazes de mudar de pele, de estilo literário e de ódios de estimação, que rapidamente reciclam em amor incondicional. Tudo bastante previsível, universal e perene.
O terrorismo é igual à direita e à esquerda, o fundamentalismo une as mais diversas ideologias numa só. A intolerância, o desprezo pela vida humana, a ausência de qualquer sentido democrático, a noção de que vale tudo, mesmo tudo, para se impor aquilo que se pensa ser a verdade.
Na Noruega o pesadelo vai crescendo a par da estupefacção. Ainda não se sabe grande coisa, para além do horror na contagem dos mortos e dos feridos. Louros ou morenos, a Deus ou a Alá, os loucos são loucos e matam.
De vez em quando a dolorosa realidade do terrorismo bate à porta da Europa. Hoje foi a vez da Noruega. O repúdio, o medo, o nojo, a solidariedade para com as vítimas, para com todas as vítimas do terrorismo.
Adenda: Também em Utoeya houve um tiroteio que matou, pelo menos, 4 pessoas, num encontro de verão do partido trabalhista.
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