Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
(...) Assumindo-se explicitamente como representantes do Movimento Geração à Rasca, um grupo de pessoas atacou ontem, em Viseu, uma actividade do Partido Socialista. Não fizeram uma manifestação em espaço público contra o governo ou uma autoridade do Estado. Não. Não foi isso. Introduziram-se de má-fé (comprando bilhetes como se fizessem parte da agremiação) numa reunião partidária, numa acção de preparação do congresso do PS, para a boicotar. Dizem que a acção era pacífica. Nunca vi nenhuma reunião, onde os participantes estejam de boa-fé, na qual as inscrições sejam geridas recorrendo ao megafone e a vozearia. "Pacífica" quer dizer que não bateram em ninguém?! (...) As tentativas de condicionar as reuniões partidárias não são acções pacíficas. (...) É preciso dizer com clareza: estes comportamentos mostram a falta de cultura democrática de quem assim actua. (...)
Se alguma dúvida ainda houvesse quanto à irrelevância das medidas de austeridade em relação ao aplacar da ira dos mercados, a agência financeira Moody’s acabou de o demonstrar, mais uma vez. Para aqueles que continuam a defender que o pedido de ajuda ao FMI é, não só inevitável como desejável, para que se não agravem os custos da crise, gostaria de saber como justificam o contínuo castigo da Grécia.
J. S. Bach - BWV 147
Orquestra Barroca de Amesterdão
José Sócrates, perante uma manifestação de protestos contra uma medida impopular, que o seu governo decidiu, independentemente de ter cedido por compromisso com o PSD ou não, comportou-se de uma forma vergonhosa. Não sei quem ele tenta enganar, se aqueles que trata como papalvos, se a ele próprio. Qualquer das hipóteses o desqualifica muito mais do que o assumir que, ao contrário do prometido, tenha voltado atrás, como a muitas outras promessas, desde que iniciou esta legislatura.
A aliança entre todas as forças reaccionárias, demagógicas e populistas viu uma oportunidade na já célebre canção dos Deolinda. Que melhor causa para a união da alma nacional, das queixas contínuas, do mal dizer da vida, do aconchegar-se na ladainha do que se perdeu e da nostalgia do que nunca se alcançou, senão a bandeira da defesa do povo?
Vão-se reduzindo as pessoas que conheceram a fome, a censura a falta de oportunidades, a xenofobia, o racismo, a clausura de viver num país espartilhado entre as suas fronteiras, a reclusão cultural. A Europa era uma miragem ou uma dura realidade emigrante.
Crescem os extremismos de direita e de esquerda, os apelos ao pensamento único, o desprezo por quem assume responsabilidades políticas. A falta de ideias ou a presença delas requentadas e recicladas, temperadas pela inveja e pela preguiça, pelo esvaziamento da solidariedade e da partilha, da noção de comunidade, de esforço e de serviço público, é um rastilho fácil de acender.
A manifestação que se prepara, para pedir a demissão da classe política, as sondagens em França, que colocam a extrema direita à frente nas intenções de voto, a hegemonia da Alemanha no espaço europeu, o alargamento e a incapacidade dos estados membros, através dos seus cidadãos, decidirem os seus destinos, numa miscelânea de causas e consequências para a situação que hoje se vive, com tanta riqueza, tanto florescimento científico, tanto aumento da esperança de vida, desbaratadas e secundarizadas pela insegurança, incerteza, intolerância, consumismos desenfreados, poderes paralelos e não democráticos, como a desinformação e a ditadura dos media.
Substituir este regime por que outro regime, esta liberdade por que outra liberdade, estes protagonistas por que outros protagonistas? Será que esta geração que se manifesta à rasca, precária e suspensa, tem soluções, quer assumir o risco e o desafio de melhorar a situação do país e da Europa? Onde estão as suas alternativas? Que propõe? Onde estão os resultados da melhor educação, da melhor qualidade de vida, das melhores condições a que tiveram acesso?
Os políticos serão eles, os futuros e já os presentes. Será a eles que as próximas gerações pedirão conta, em democracia ou nas ditaduras que, larvarmente crescem dentro da mentalidade dos povos. É essa a resposta que podem dar?
Baden Powel
Está frio e chove
o diabo anda à solta
a morte passeia-se de negro.
Pai Velho e compadre
matrafona dos desejos
corridas de chocalhos
vozes por trás do madeiro.
entre carros trapaceiros
rei rainha e ministros
o governo apalhaçado
deste povo que trapaça
em cueiros sem dinheiro
este povo que tem raça
e escorraça
o mundo inteiro.
Um governo de salvação nacional, com o PSD, o CDS e o PCP. Uma solução brilhante. Não percebo porque se sugere que o BE fique de fora. Apenas o PS está a naufragar o país. O Presidente Cavaco Silva, numa iniciativa heróica, denominaria o Chefe do Governo, uma pessoa apartidária e apolítica, para acabar com os desvarios dessa classe de ladrões, os tais que corrompem o futuro. Poupar-se-ia o dinheiro que se desperdiça nas eleições, contribuindo para a poupança do estado.
Ficaríamos todos arrumados, bem comportados, a trabalhar para a unidade nacional, salvos, enfim.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
