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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Torquato da Luz vai publicar mais um livro. A apresentação será na Livraria Barata (Lisboa), amanhã, pelas 19h00.
Estamos mesmo a precisar de poesia.
Craig Vender
Vakhtang Kakulia: Odd Fish
Estranho os dias que me passam por cima, como se estivesse permanentemente dentro de água, ouvindo os sons líquidos e irreais, vendo a vida turva e nebulosa. Transformo-me num peixe, os olhos de lado, sem convergirem para mapearem as sensações. Por isso me quedo em silêncio, aguardando de novos os pulmões e a existência de polegares.
Rui Herbon acabou de ganhar o Grande Prémio do Teatro Português SPA / Teatro Aberto com a peça Álbum de Família.
Amanhã será lançado o seu livro A Chave (Prémio Literário Branquinho da Fonseca do Conto Fantástico - edição de 2009) na Livraria Bulhosa de Entrecampos, às 18h30. A apresentação será feita por Teresa Sá Couto.
Se os serviços públicos de saúde e educação são sempre importantes, é em épocas de crise que eles se tornam indispensáveis, pois são a única alternativa para muitos cidadãos, cujos recursos financeiros não lhes permitem frequentar uma escola ou recorrer a consultas privadas.
Se não queremos causar uma enorme fractura social, se quisermos manter o mínimo de condições de igualdade de oportunidades, os sectores que deverão ser mais acarinhados e mais apoiados são, precisamente, os da saúde e da educação.
Rentabilizar e reorganizar com melhor utilização de recursos deverá ser um objectivo permanente de qualquer governo. Resta saber se não haverá alternativas mais adequadas à realidade e mais consentâneas com a optimização de recursos e a manutenção da qualidade dos serviços prestados.
Continua a barragem dos media contra o governo e Sócrates. Ontem Santana Lopes, na SIC notícias, disse, tal como Pacheco Pereira vem dizendo há anos, que mais ninguém aguenta Sócrates. Há pouco, no noticiário das 14h00, o autor da peça jornalística, após ter perguntado várias vezes a Sócrates e a Teixeira dos Santos quando começava a ter efeito a nova taxa de retenção na fonte do IRS, concluiu que os portugueses continuavam confusos e sem saber quando começava a subida de IRS. No entanto Sócrates e Teixeira dos Santos reafirmaram que só teria efeito a partir dos ordenados de Junho. A confusão não será dos portugueses mas de quem redigiu a notícia.
Apesar das eleições de Outubro o desmentirem, das últimas sondagens de opinião manterem o PS à frente nas intenções de voto, todos os comentadores, economistas, politólogos e semelhantes, na total e asfixiante censura existente e que faz perigar a liberdade de expressão, continuam a ladaínha do costume. Qual a credibilidade que Santana Lopes tem? Sugerir um governo de gestores - Belmiro de Azevedo, António Carrapatoso, António Mexia? Quem os elegeu? Afinal parece que a suspensão da democracia sempre serviria os propósitos de algumas pessoas.
Ninguém comentou a reforma financeira que Obama conseguiu que fosse aprovada pelo Senado - notícia, obviamente sem qualquer interesse.
Entretanto Mota Amaral, por esse mundo blogosférico, já foi comprado por Sócrates. E no elevador do DN (pág. 13), está a descer. É a noção que aqueles que se dizem defensores dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos têm do que é um estado de direito.
É muito interessante observar a gestão da importância da mentira na política. Pacheco Pereira continua a querer misturar escutas com avaliações políticas, numa cegueira e num fundamentalismo que já incomoda o seu próprio partido.
É muito interessante observar, para além da quebra das promessas eleitorais que o PS tem feito sucessivamente, da incapacidade de Portugal decidir sobre os seus processos económico-financeiros, a quebra de promessas recentes do líder do maior partido da oposição, de contradições nas opiniões de um destacado opinador social-democrata, da manipulação contínua da opinião pública pelos actores que, no ano anterior, protagonizaram as maiores queixas em relação à gravidade da crise, os maiores lucros durante a crise e as contínuas queixas na continuação da crise, mesmo que haja alguns sinais, a que ninguém quer dar importância, de que a economia, mesmo que debilmente, até pode estar a recuperar.
Um dos assíduos comentadores deste blogue chamou a minha atenção para uma notícia do Público: BE quer dar aos doentes "direito de optar livremente" por genéricos.
Já aqui defendi, por diversas vezes, que as receitas deveriam ser por denominação comum internacional (DCI), ou seja, os medicamentos deveriam ser prescritos por princípio activo, nas doses e duração da terapêutica que o médico entender, de acordo com a doença e o doente em causa. Se fosse essa a opção, a farmácia poderia dispensar qualquer medicamento que incluísse o princípio activo do medicamento, de acordo até com a escolha do doente.
Neste momento as receitas contemplam a hipótese de o médico autorizar a substituição do medicamento de marca que prescreve por outro qualquer genérico. Caso o médico não autorize essa troca, nem o farmacêutico nem o doente deverão escolher um genérico, mesmo que concluam que é semelhante.
Por uma simples razão - a responsabilidade de quem medica é do médico. A escolha da terapêutica é feita no acto da consulta, em que o doente e o médico têm oportunidade para conversar sobre a medicação mais adequada. Caso esse medicamento seja substituído sem a autorização do médico, está subvertida a relação de confiança entre doente e médico.
Em último caso a decisão de tomar um medicamento, seja ele qual for, ou de seguir uma qualquer terapêutica, seja ela qual for, é sempre do doente. Nada é feito (exames complementares, actos cirúrgicos ou toma de medicamentos) sem o consentimento esclarecido do doente. Faz parte do acto médico a explicação ao doente da patologia que o aflige, do tratamento possível e do prognóstico provável.
A racionalização dos recursos não pode ser feita à custa do esvaziamento do acto médico, que coloca em perigo o próprio doente. A prescrição por DCI é aquilo que mais fácil e seguramente pode reduzir o enorme custo de medicamentos.
José Sócrates já devia ter feito uma comunicação solene ao país, na altura em que foram decididas as medidas de austeridade, após o Conselho de ministros. A entrevista à RTP, que foi uma espécie de combate de boxe entre Judite de Sousa e o Primeiro-Ministro, foi um mau sucedâneo.
No entanto não lhe correu mal, com excepção da justificação da suspensão dos projectos do Aeroporto, do TGV e da 3ª travessia do Tejo.
A grande maioria da população não lê jornais, não ouve noticiários nem entrevistas aos políticos. Por um lado evita uma enorme quantidade de enfartes e duma depressão nacional ainda maior, pelas catástrofes iminentes que todos os dias estão a acontecer.
Estamos agora a aprender com as reacções dos partidos políticos e com os comentários dos comentadores o que pensar da entrevista.
O habitual, portanto.
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