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E nós?

por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.04.10

A formação deste governo minoritário foi a única alternativa a uma esquerda que, desde a campanha eleitoral, se demitiu de assumir as suas responsabilidades. A mesma demagogia folclórica e deprimente do BE e do PCP manteve-se nas atitudes parlamentares, ao fazerem sempre que surgiu uma oportunidade, coligações negativas contra o governo PS. A última de que me lembro foi a recomendação parlamentar para reabrir o SAP de Valença do Minho. Para não falar na comissão parlamentar de inquérito ao caso TVI, que ninguém sabe o que é mas que ocupa os nossos ilustres deputados.

 

Obviamente que o governo não é isento de responsabilidades. O recuo em determinadas reformas iniciadas na legislatura anterior, a falta de política em muitas áreas, nomeadamente na saúde, que parece agónica, a má gestão política e a encenação das negociações para as coligações parlamentares, para o orçamento de estado e, por fim, para o PEC, enfraqueceram o governo e o PS.

 

A oposição do PSD não existiu durante anos. A luta política baseada na desconfiança, nas suspeitas e na profecia das desgraças, ao contrário de serem certeiras e premonitórias, foram de certeza indutoras e catalisadoras. (Havia um “adivinho” célebre que todos os anos previa a morte do Papa. Houve um ano em que acertou.)

 

A reunião de emergência entre Pedro Passos Coelho e José Sócrates é o Bloco Central em todo o seu esplendor. E é mesmo o que sobra – a esperança no bloco central, já que a maioria de esquerda não soube nem quis governar o país.

 

E nós? Estaremos dispostos a olhar para o que está em causa? As constantes greves marcadas e cumpridas como reivindicação de aumentos salariais, as sugestões dos patrões em acabar com o subsídio mínimo de desemprego (€419,22), o total desrespeito pelas orientações do governo quanto às remunerações e prémios dos gestores públicos, o nosso individual egoísmo e falta de solidariedade para quem mais precisa parecem indiciar que não.

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publicado às 20:44

Um dia como os outros (54)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.04.10

(...) De tudo o que aconteceu o que fez a S&P?


Valorizou os comportamentos, as teses e as análises dos investidores e dos analistas norte-americanos e desprezou todas as medidas adoptadas pro Portugal.


Com estas ajudas os investidores financeiros passam de facto a acertar nas suas previsões, grandes profetas das desgraças com a ajuda de quem tem medo de errar de novo.


As agências de 'rating' estão cada vez mais prisioneiras dos mercados e a contribuir cada vez para a instabilidade e não para a informação mais perfeita e rigorosa, razão da sua criação e existência. (...)

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publicado às 21:57

O que mudou?

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.04.10

Helena Garrido na RTPN.

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publicado às 21:52

O fim da União Europeia

por Sofia Loureiro dos Santos, em 27.04.10

Não sabemos se Portugal terá que sair da moeda única, se será a Grécia ou se será a Alemanha. Não sabemos se a saída do euro levará à bancarrota ou se o euro se vai, pura e simplesmente, desfazer.

 

Sabemos que a Alemanha não tem vontade nenhuma de apoiar a Grécia, como sabemos que não terá nenhuma vontade de apoiar Portugal, Espanha ou Itália. Constatamos que, na primeira grande crise séria que afecta os pilares da União Europeia esta se demite de ser união, assumindo que apenas alguns países são Europa.

 

E sabemos que, independentemente da eventual morte do euro, estamos a assistir ao funeral da União Europeia.

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publicado às 21:40

Estrela da tarde

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.04.10

Carlos do Carmo

José Carlos Ary dos Santos & Fernando Tordo

 

 

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

 

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

 

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

 

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

 

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

 

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

 

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

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publicado às 22:43

Do que somos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.04.10

Loel Barr: Waiting for the world

 

Nasce um dia brilhante filho de dias de chumbo

há poucas crianças para correr.

Olho os campos de flores vadias

crescem porque são flores e porque são vadias.

Saboreio a antecipação das pétalas

mas não me movo – metáfora quase sagrada

do que somos e do que desejamos.

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publicado às 15:33

Um tempo que passou

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.04.10
 

Chico Buarque & Sérgio Godinho

Canta Sérgio Godinho

 

Vou
uma vez mais
correr atrás
de todo o meu tempo perdido
quem sabe, está guardado
num relógio escondido por quem
nem avalia o tempo que tem

 

Ou
alguém o achou
examinou
julgou um tempo sem sentido
quem sabe, foi usado
e está arrependido o ladrão
que andou vivendo com meu quinhão

 

Ou dorme num arquivo
um pedaço de vida
a vida, a vida que eu não gozei
eu não respirei
eu não existia

 

Mas eu estava vivo
vivo, vivo
o tempo escorreu
o tempo era meu
e apenas queria
haver de volta
cada minuto que passou sem mim

 

Sim
encontro enfim
iguais a mim
outras pessoas aturdidas
descubro que são muitas
as horas dessas vidas que estão
talvez postas em grande leilão

 

São
mais de um milhão
uma legião
um carrilhão de horas vivas
quem sabe, dobram juntas
as dores colectivas, quiçá
no canto mais pungente que há

 

Ou dançam numa torre
as nossas sobrevidas
vidas, vidas
a se encantar
a se combinar
em vidas futuras

 

Enquanto o vinho corre, corre, corre
morrem de rir
mas morrem de rir
naquelas alturas
pois sabem que não volta jamais
um tempo que passou

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publicado às 12:58

25 de Abril de 1974 - 25 de Abril de 2010

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.04.10

Há 36 anos começou um tempo diferente, em que era possível sonhar com a liberdade, outras condições de vida, com a tão simples e difícil vontade de participar.

 

Hoje olhamos para a democracia e queixamo-nos das suas imperfeições. Das desigualdades, da corrupção, da justiça morosa e injusta, das listas de espera, da falta de médicos, da edução deficiente, do desemprego.

 

São muitas e graves as falhas de um percurso de 36 anos. Mas a melhor conquista de todas foi a recuperação da liberdade. Para nos queixarmos do que não gostamos, para criticar os jornalistas e os deputados, para abrir a internet, ler os jornais que nos apetece, ouvir a música que queremos. Para apoiarmos os candidatos da nossa predilecção, irmos para a rua com cartazes gritar contra este governo, o capital, os mercados. Ir para a rua e gritar que era melhor quando não havia liberdade.

 

Durante estes anos podemos orgulhar-nos de ter sistemas de saúde e de educação universais, uma segurança social que apoia os mais velhos e os desempregados. É pouco, mal fiscalizado, com insuficiências, mas antes do 25 de Abril não era.

 

Este é um dia para comemorar aqueles que há 36 anos arriscaram e acreditaram que era possível fazer diferente e melhor. E é nisso que, agora, eu acredito também.

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publicado às 12:33

Pensamento único

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.04.10

 

Estamos numa escalada perigosa na lógica do pensamento único, do fundamentalismo moralizador e dos polícias do pensamento. Tanto se fala na liberdade de expressão que se esquece a suprema liberdade de pensar, argumentar, rebater, discutir. Criam-se novos tabus numa sociedade que se diz cada vez mais aberta.

 

A comissão de inquérito parlamentar é um palco para uma luta política que perdeu de vista o objectivo proclamado, tendo permanecido o objectivo subjacente – desgastar o governo como um todo e o Primeiro-ministro em particular. O deputado Ricardo Rodrigues, com as saídas intempestivas de cena, ajuda à descredibilização da sua bancada. É uma peça de teatro sem qualidade. Mas no Parlamento, na casa da democracia, o facto de alguém se remeter ao silêncio é motivo para escândalo e protestos de indignidade, por parte de quem deveria defender o direito a falar ou a calar-se. A Assembleia da República travestida de tribunal inquisitório.

 

Afinal a deputada Inês de Medeiros sempre tem direito a que lhe paguem as viagens para Paris. Depois de ter sido difamada e enlameada pelos jornais, blogues e comentaristas militantes, daqueles que se indignam pelo facto do dinheiro dos contribuintes pagar deslocações de deputados mas que se insurgem contra medidas de regularização de salários milionários dos apóstolos dos mercados, num país que assiste à extrema hipocrisia social e à desigualdade na distribuição da riqueza, obviamente vilipendiadas pelos mesmos apóstolos, mantém-se como alvo de ataques de carácter, uma das melhores contribuições da anterior direcção do PSD para a luta político-partidária.

 

O episódio do teste de Direito Constitucional do Prof. Paulo Otero deixa-nos uma amarga sensação de que é proibido falar, caricaturar, usar a palavra homossexual ou o conceito de homossexualidade, pelo perigo de ofensa grave. Pelo que fui lendo ao longo dos últimos dias, um Professor resolveu usar exemplos absurdos para que os estudantes, todos eles maiores de idade, usassem os seus conhecimentos e a sua capacidade argumentativa para defender o indefensável. Repentinamente o Professor passou a ser maldito por homofóbico e reaccionário, iniciando-se aquilo que parece uma uma caça às bruxas. Na opinião de alguém que o conhece e que lhe reconhece ideias ultraconservadoras, o Paulo Otero é um excelente professor, encoraja os alunos a exporem as suas ideias e premeia quem as defende, mesmo que sejam opostas às suas.

 

Como essa mesma pessoa disse, o primeiro que caricaturou George W. Bush como um macaco foi espirituoso e muito arguto; se alguém se atrever a fazer o mesmo a Barack Obama é, de certeza, racista.

 

Amanhã é 25 de Abril. E viva a democracia, a criatividade, a liberdade de pensamento, a transgressão, a provocação intelectual, o desalinhamento.

 

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publicado às 15:34

Sur le Pont de l'Alma mía

por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.04.10

cantam: Agnès Jaoui & Dimas MD

 

 

Rien qu’un regard, un simple regard qui vous frôle

Un seule sourire  et juste un sourire qui s’envole

Il suffit qu’il se pose en plein cœur pour qu’il vous désarçonne

Pour qu’un esprit battu capitule, abandonne.

 

Il était là sur le pont de l’Alma

En pleine conversation s’échappaient de si jolis sons que

Même dans le soir j’ai cru savoir.

 

Je pourrait tout quitter, partir, le suivre partout où il voudrait

Je pourrait l’embrasser, aller si loin, très loin autant qu’il le faudrait

Comment dit-on « coup de foudre » en espagnol ?

 

Pero qué linda que es esa chica que va

Que va pasando y cruzando me mira…

Si es así en Paris, si es normal su forma de mirar

Más pareciera que ella quisiera venirme a hablar.

 

Muy despacito ya va pasando

Y tan cerca de mí que puedo sentir palpitando

Su corazón en el mío.

 

Je pourrait tout quitter, partir, le suivre partout où il voudrait

Je pourrait l’embrasser, aller si loin, très loin autant qu’il le faudrait

Comment dit-on « Je t’aime» en espagnol ?

 

Je crois qu’il me regarde, me sourit, je m’égare

Je ralentis le pas un peu sans trop y croire

Est-ce qu’il est déjà derrière moi le temps de changer mon histoire?

Vais-je avoir le courage de forcer le hasard?

 

Quelle drôle de joie pour la première fois

Ce pont semble un peu court, alma mía

Est-ce toi, mon amour

Devant lequel je n’ose pas?

 

Ya su cuerpo pasó, ya se va alejando

Ya lentamente su espalda va saludando

Y si fuera hacia ella, a su lado y a decirle algo

Qué le diría, qué me diría, qué me dirá?

 

Podría yo acercarme y hablarle a ella así

Bajo la luz de sus ojitos, sus manitos tomaría ahí

La abrazaría hasta que se enamore…

 

Je pourrait tout quitter, partir, le suivre partout où il voudrait

Je pourrait l’embrasser, aller si loin, très loin autant qu’il le faudrait

La abrazaría hasta que se enamore…

La abrazaría hasta que se enamore…

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publicado às 21:40

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