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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
O artigo que Medina Carreira escreveu no Correio da Manhã, no Domingo, embora apocalíptico como é habitual, foi mais transparente e apontou uma direcção, que se adivinhava em todas as últimas intervenções que fez.
A única eventual solução para este país à deriva é um governo de salvação nacional, do bloco central e de iniciativa presidencial.
Talvez Medina Carreira seja um mensageiro de Belém, preparando o terreno para o que há-de vir. Talvez assim se expliquem as intervenções e os silêncios cirúrgicos do Presidente, assim como o abandono da postura de estado.
Nota: Também aqui.
Agora com outro formato, continua o debate. Hoje escreve o Palmira Silva, pelo SIMplex:
e o José Eduardo Martins, pelo Jamais.
Realmente hoje é um dia de que a democracia não se pode orgulhar. A total irresponsabilidade perigosa de José Aguiar Branco e de muitas outras personalidades ao acusar José Sócrates e o PS de terem forçado a demissão de Manuela Moura Guedes, é um desrespeito total pelas regras de um estado democrático.
É inaceitável que se levantem este tipo de suspeitas e calúnias gravíssimas sem que haja qualquer resquício de factos que comprovem as acusações.
A última pessoa a ganhar com esta demissão é, precisamente, José Sócrates. A decisão de demitir Manuela Moura Guedes, que conduzia um programa em que se praticava muita coisa, mas não jornalismo, muito menos jornalismo de investigação, é da competência da administração da empresa. Manuela Moura Guedes até já tinha afirmado que se a nova administração a demitisse era muito estúpida. Por coincidência Manuela Moura Guedes tinha uma reportagem fantástica sobre o caso Freeport.
Mas as coincidências não se ficam por aqui. É que hoje foram conhecidas as pressões exercidas pelo governo sobre Alexandre Relvas, chantageando-o a propósito dos negócios que tinha com o Estado. Também por coincidência, um dos pilares da estratégia eleitoral do PSD, iniciada há algum tempo por Pacheco Pereira, é o slogan da asfixia democrática e da falta de liberdade na sociedade portuguesa.
É estranho que, para toda a oposição, a única coincidência que existe em todo este processo é mesmo a pouca inteligência de José Sócrates.
Para mim, Manuela Moura Guedes é a negação do que deve ser uma jornalista. Sou totalmente contra qualquer condicionante da liberdade de expressão. A possibilidade de se praticarem pressões políticas conducentes a qualquer tipo de censura, velada ou explícita, deve ser imediatamente repudiada, accionando-se todos os instrumentos legais para punir quem o fizer.
Tanto a nova administração da TVI como quem acusa o governo, o PS e Sócrates de condicionarem a demissão seja de quem for, devem de imediato apresentar os factos em que se baseiam para o afirmar. Era muito importante que a TVI divulgasse a reportagem sobre o Freeport a que se refere Manuela Moura Guedes.
Senão a única conclusão a tirar é que, para que José Sócrates perca as eleições, todas as armas, mesmo as mais abjectas, são permitidas. Estamos num novo PREC, em que se acusava o PS e os próximos do PS de fascistas, reaccionários, antidemocráticos, controladores, pidescos, etc.
Espero as declarações do Presidente a propósito deste assunto. Ou será que este ambiente de suspeição e calúnias não o preocupa, tanto como os graves problemas do país, como o desemprego e a recessão económica?
Nota: Também aqui.
Este combate, que se adivinhava agressivo e difícil, acabou com alguma vantagem para José Sócrates, que conseguiu desmontar a enorme demagogia de Portas em relação à segurança: fazer perceber aos eleitores que as acusações do CDS em relação ao aumento da insegurança pela alteração às leis penais foi, ao fim e ao cabo, aprovada no Parlamento pelo CDS.
Foi um momento de enervação extrema para Paulo Portas que disparou em todas as direcções, agarrando rapidamente o discurso dos idosos sem direito à reforma. Só comparável à pergunta mortal que Vasco Rato fez a Aguiar Branco, no debate do referendo da IVG. Aguiar Branco, depois de ter defendido que a pergunta apresentada no referendo não tinha qualquer sentido, teve que confessar que a tinha votado favoravelmente.
José Sócrates insistiu, talvez um pouco em demasia, no passado governativo de Portas, cujas responsabilidades não foram tão grandes como Sócrates tentou insinuar. O problema do Iraque foi forçado e podia ter sido poupado.
Em tudo o resto, desde a segurança social às reformas educativas, desde o aumento do ordenado mínimo até à redução do défice (pergunta inicial a que Paulo Portas fugiu, visto que não foi capaz de negar que as propostas do seu programa aumentam o défice), o governo tem obra para mostrar e o CDS passeou a sua demagogia o mais que lhe foi possível. Mais uma vez a atitude do Primeiro-ministro, que tem contra si todos os partidos da oposição, foi firmemente convicta.
Este modelo de debate é um pouco estranho. Não percebi muito bem qual o papel de Constança Cunha e Sá.
Nota: Também aqui.
Agora com outro formato, continua o debate. Hoje escreve o Bruno Cardoso Reis, pelo SIMplex:
Sócrates e a diplomacia económica
e o Paulo Lopes Marcelo, pelo Jamais.
The Duck Variations
David Mamet
Rippon College
Já vai sendo tempo de nuvens gordas
vento frio e sol envergonhado.
Já vai sendo tempo de virar a bússola
de voltar às folhas secas
ao chão molhado.
Já vai sendo tempo de retirar o véu
mergulhar os olhos no abismo do outro
no fundo dos silêncios
nas ausências disfarçadas.
Já vai sendo tempo de regressar à ilha
de novo despida e dormente.
Já vai sendo tempo de voltar
a ser eu.
Da entrevista de Judite de Sousa ao Primeiro-ministro:
Resumindo: José Sócrates assume uma atitude confiante, de alguém que sabe que tem um enorme desafio pela frente, preparando-se para o vencer; Manuela Ferreira Leite comporta-se como se soubesse antecipadamente que não terá a confiança da maioria dos cidadãos.
Nota:Também aqui.
Agora com outro formato, continua o debate. Hoje escreve o Carlos Santos, pelo SIMplex:
e o Rodrigo Adão Fonseca, pelo Jamais.
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