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Mercado parcial

por Sofia Loureiro dos Santos, em 04.12.08

Nos últimos tempos tenho discordado quase a 100% com as posições de Manuel Alegre. Mas hoje partilho da sua indignação quanto ao processo pouco claro e de muito duvidosa inspiração socialista que levou à intervenção do Estado no BPP.

 

Aliás ninguém ainda conseguiu explicar exactamente a razão da premência do apoio. Todas as justificações que vão sendo dadas, uma a seguir à outra quando a primeira se demonstra ridícula, são estapafúrdias, dando a impressão de desculpas de mau pagador.

 

As leis do Mercado, aquela entidade sábia e abstracta que vogava e governava as economias, hoje em dia com a reputação pela lama, também se deveriam aplicar, para além das fábricas de sapatos e de têxteis, aos bancos que fazem a gestão das poupanças de alguns quantos pequenos e médios empresários (tal como Francisco Balsemão).

 

Além de que o risco sistémico e a vergonha nacional por essa Europa fora, resultante da falência de tão importante banco, são desconhecidos da própria Europa, a braços com falências e aflições financeiras bem mais importantes.

 

Pois é, bem fazia falta algum preconceito esquerdista nesta matéria. Mais espantosa ainda é a troca de papéis de alguns actores políticos. Paulo Portas também estava indignado pelo salvamento do BPP.

 

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publicado às 16:46

Vírus

por Sofia Loureiro dos Santos, em 04.12.08

Estamos rodeados de vírus por todo lado. Este deixou-me sem fala e sem ânimo. Dantes quando estávamos doentes ficávamos na cama a tentar ler e a dormir. Agora ficamos na cama e navegamos na internet.

 

Felizmente o vírus não me afectou os dedinhos.

 

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publicado às 15:20

A vitória da FENPROF e a derrota da Escola Pública

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.12.08

Não sei se a greve dos professores foi a maior de sempre mas foi seguramente a maior de que tenho memória e foi uma retumbante vitória da FENPROF. Basta ver que até o Ministério dá valores de adesão de 60%. Inegável.

 

Dito isto, e dito que è impressionante que Valter Lemos desvalorize esta histórica greve afirmando que apenas 30% das escolas fecharam, espero sinceramente que a Ministra e o governo não cedam.

 

Caso isso aconteça será uma retumbante derrota da escola pública e uma total demissão do dever do estado – o primar pela qualidade do ensino e pela qualificação dos seus profissionais, coisa que a FENPROF tem demonstrado à saciedade que é a mínima das suas preocupações.

 

Quantidade não é sinónimo de qualidade, portanto a histórica adesão não dá razão a quem a não tem. É obrigatório não ceder e implementar o modelo de avaliação do desempenho, melhorando-o naquilo que for necessário melhorar e adaptando-o à realidade de cada escola.

 

 

Adenda: um mail chamou-me a atenção de que eu não podia passar a mensagem de que todos os professores pertencem à FENPROF. Tem razão, não pertencem. Assim como acredito que a adesão à greve teve motivos variados para vários professores. Mas o que não podemos negar é que a FENPROF é o rosto mais visível e o motor desta contestação. Por isso me refiro à FENPROF. Mérito de Mário Nogueira, a verdade é essa.

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publicado às 20:00

Uma questão de imagens

por Sofia Loureiro dos Santos, em 02.12.08

Não consta que eu perceba algo de finanças. Mas gostava de perceber como é que o BPP, banco pequeno que geria fortunas, não era bem um banco onde as pessoas abrem contas para receber os ordenados, pagar as prestações da casa, as contas da água e da luz, etc., tem tanta importância para a imagem externa do país, tem tanta importância sistémica.

 

Pois a imagem interna que deu do país é que me preocupa, mesmo para consumo interno.

 

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publicado às 19:59

Dúvida

por Sofia Loureiro dos Santos, em 01.12.08

(Erato Tsouvala: lovers)

 

Se te amasse como me perguntas
sem tempo nem lume para mais
que não fosse o infinito abraço com que te olho
se te amasse mesmo que menos
que a dúvida com que olhas esse amor
líquido como o amor que de ti quero
se te amasse o suficiente
para que não perguntasses se te amo
seria certo que te não amava
tão profundamente como te amo.

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publicado às 16:15

Gracias a la Vida

por Sofia Loureiro dos Santos, em 01.12.08

 

(Violeta Parra)

 

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

 

Gracias a la Vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba noche y dia grillos y canarios
martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.

 

Gracias a la Vida que me ha dado tanto.
 

 

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publicado às 15:50

Da refundação das esquerdas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 01.12.08

Quando se fala da refundação das esquerdas convém perceber de que esquerdas estamos a falar.

  1. Se das esquerdas protagonizadas por grupos de cidadãos que não se revêem nos partidos políticos já existentes, como por exemplo o MIC, formado na sequência do resultado de Manuel Alegre nas últimas eleições presidenciais.
  2. Se das esquerdas protagonizadas pelos partidos considerados à esquerda do PS, ou seja, PCP e BE.
  3. Se das esquerdas protagonizadas pela discussão dentro das várias facções do PS.
  4. Se de todos estes movimentos em conjunto.

Analisando uma a uma estas hipóteses:

  1. Os grupos de cidadãos são uma mais valia na discussão política, porque aproximam as pessoas que não têm nem querem ter filiação partidária, da actividade política e da intervenção pública, o que abre a sociedade a novas formas de discussão e de intervenção. O problema é que estes movimentos tendem a agregar-se em volta de pessoas e não por comungarem um conjunto de princípios e valores, de uma determinada ideologia. Por isso estes grupos são importantes para a defesa de determinadas causas mas dificilmente poderão disputar eleições com vista ao exercício de poder. Acresce o perigo da “fulanização” e de um populismo perigoso.
  2. O BE e o PCP têm demonstrado, infelizmente, a sua natureza totalmente anti-poder e arcaica, com o entrincheiramento dos comunistas num beco próximo dos fundamentalistas religiosos, em que a defesa de regimes ditatoriais como o de Cuba ainda está na agenda do dia. O PCP continua com a mesma retórica desde há 30 anos, se não mais, colocando-se cada vez mais à parte do leque da discussão da esquerda moderna e amante da liberdade. O BE tem protagonizado o que de melhor existe no populismo demagógico, tendo-se especializado em ser o simétrico de Paulo Portas.
  3. Os vários movimentos de esquerda dentro do próprio PS têm tido pouca visibilidade, primeiro porque é muito difícil levantar a voz contra as teses oficiais de Sócrates, e a colagem ao poder é uma das constantes da vida dos partidos apoiantes dos governos, principalmente em épocas de maiorias absolutas. Só assim se entende a abulia de Alberto Martins, o relógio de repetição de Augusto Santos Silva, o ventriloquismo de Vitalino Canas, para citar só alguns, e a tentativa de calar vozes incómodas como a de Ana Gomes, por exemplo. Por outro lado se os próprios militantes do PS, como Manuel Alegre, abdicam de discutir e de fazer ouvir a sua voz dentro do próprio partido, demitem-se de um indispensável e saudável contra-poder. Esperemos os resultados de movimentos que se formaram como a Corrente de Opinião Socialista e a Res Publica.
  4. A conjugação de todos estes movimentos é impossível, pelos desmentidos e ataques sucessivos que se fazem uns aos outros. O frentismo de esquerda seria tudo, mesmo que existisse, menos uma renovação das esquerdas.

Sendo assim estou muito céptica em relação a este fenómeno. No entanto a contribuição de grupos de opinião dentro e fora do PS, com pessoas que aceitem as regras da democracia e que estejam dispostas a participar no exercício responsável do poder seria desejável, se não mesmo indispensável para a renovação do debate ideológico em Portugal.

 

É claro que a crise à direita ainda é pior, pois o afastamento da esfera do poder tem sido funesta. Mas também aí seria indispensável a discussão e a renovação das direitas.

 

Embora compreenda que a política e as concessões sejam o cerne da governabilidade, é preciso não esquecer que tem que haver uma ideia, ou várias ideias que estejam na base da concretização das acções governativas e/ou das alternativas da oposição democrática.

 

E temos assistido a um paupérrimo debate de ideias, de alternativas, de políticas e de projectos de concretização das mesmas. À esquerda e à direita. Este seria o momento ideal para um enorme e aceso debate de ideias, visto que a crise financeira, a redefinição dos papéis dos estados na economia e na política social, a modificação do paradigma do trabalho com um aumento enorme do desemprego e a consequente e previsível instabilidade nas nossas sociedades ocidentais, com as imigrações e o regresso dos fundamentalismos religiosos, tudo pede exasperadamente para se repensarem atitudes e se descobrirem novas soluções.

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publicado às 11:57

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