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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro
Have yourself a merry little Christmas,
let your heart be light.
From now on,
our troubles will be out of sight.
Have yourself a merry little Christmas,
make the Yule-tide gay.
From now on,
our troubles will be miles away.
Here we are as in olden days,
happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
gather near to us once more.
Through the years
we all will be together
if the Fates allow.
Hang a shining star upon the highest bough
And have yourself a merry little Christmas now.
(canta Katie Melua)
Hoje deveria ser o dia das mães.
Das mães que acabaram de parir pela primeira ou pela décima vez, com todo o espanto, dor e carinho de sentir que uma pequena parte de si se enrosca, dorme e chora.
Das mães que acordam e ficam na cama apenas mais um momento antes de arrumarem os despojos da véspera.
Das mães que acordam os seus filhos pequenos ou já adultos, de uma noite em que os sonhos foram mais doces que o habitual.
Das mães que lavam, limpam, arrumam, cozinham, vigiam as conversas, os olhares, os que endoidecem e os que cambaleiam.
Das mães que não querem saber de Natais nem de Páscoas, das mães que amam, das mães demoníacas ou santificadas, das mães novas e velhas, das mães que nunca foram mães, das mães viúvas e das mães desesperadas, das mães dos filhos perdidos e mortos, das mães que esperam e que se cansam, das mães que temos ou já tivemos.
Hoje deveria ser dia de ser mãe.
(pintura de Salvador Dali: Quadros Bíblicos)
(pintura de Ed Curry: Christmas Tree)
Sempre nestes dias em que todos os segundos se preenchem com necessidades de quem tudo tem, apetece-me o silêncio a um canto do mundo, com nuvens e ausência de coisas. Assim tenho algum tempo de alma para lembrar os que nos dão, com o seu esforço, o seu estar, a sua generosidade, a sensação de que tudo está certo e seguro, a nós tão poucos que tão pouco sabemos ser.
Panis Angelicus
Panis angelicus
fit panis hominum;
dat panis coelicus
figuris terminum;
o res mirabilis!
Manducat Dominum
pauper, pauper
servus et humilis.
pauper, pauper
servus et humilis.
Panis angelicus
fit panis hominum;
dat panis coelicus
figuris terminum;
o res mirabilis!
Manducat Dominum
pauper, pauper
servus et humilis.
pauper, pauper
servus, servus et humilis.
(César Franck; canta José Carreras)
(Salvador Dali: Quadros Bíblicos 66)
Caminhamos de mãos dadas
de mãos postas
de mãos nuas
caminhamos ao acaso
por acaso
por caminhos
demarcados
por destinos
arriscados.
Caminhamos sem temer
pois as tréguas
que queremos
estão na estrela
que seguimos
seja ela a razão
de moldarmos
os caminhos.
(pintura de Kazuya Akimoto: Moss Wall)
Arrumamos a árvore a um canto
a sagrada família à lareira
no musgo sujo de terra
compomos as bolas de vidro
alisamos toalhas bordadas
fritamos o tempo e o pão
que oferecemos sem mágoa
àqueles a quem tudo sobeja.
Somos todos amigos ou não
nestes dias de comunhão
de máscaras novas e velhas
de tristeza sem razão.
Bem, lá terá que ser, lá vamos nós a passos de gigante para mais um Natal.
Uma das coisas certas do Natal é que é igual, ano após ano, porque de tradições certas e seguras se fazem estas festas.
E assim é certo que há grandes confusões, negócios e diplomacia, da pura e dura, antes da noite da Consoada para se saber a distribuição dos vários membros da família.
Depois desse ritual anual passamos ao ritual de compras dos ingredientes para a comezaina. Mais uma ocasião de grandes negócios e mais diplomacia para ver quem vai buscar as filhós que, obviamente, só são maravilhosas se forem feitas pela avó, mas como a avó já não as faz só aquelas confeccionadas num determinado sítio, a centenas de quilómetros de distância, é que são quase iguais.
E recomeça a função: a encomenda das couves, a compra e o demolhar do bacalhau, ao qual se acrescenta uma cara de bacalhau que faz as delícias de um sofisticado cá do burgo, os 3 ou 4 pastéis de bacalhau para outro escravo da tradição, o grão cozido com a cebola picada e a salsa por cima, as batatas, a sopa de couve e massinha fininha, a parafernália das rabanadas, com o ovo, o leite, a fritura, a canela e o açúcar, a indispensável aletria com a massa de cabelo enrolado a partir-se e a espalhar-se por todo o lado, os sonhos que a avó faz aos quais sempre falta a calda de açúcar, canela e casca de limão, os figos com nozes, os pinhões e as passas de uva.
Para além, claro, dos vinhos: do vinho fino e dos licores da temporada. Este ano, após várias outras experiências, regressa o de café.
Para 1,5l de licor:
Faz-se café à antiga portuguesa. Ou seja - uma chávena de café cheia de café em pó num púcaro com 4 decilitros de água ao lume; ferve e mexe-se com cuidado para não vazar, até o pó depositar.
À parte - xarope com 0,5l de água e 250g de açúcar, ao lume a ferver durante 10 minutos. Depois de arrefecer - tudo para dentro de um frasco de boca larga com 2 paus de canela e 0,5l de aguardente vínica bem forte; tapar muito bem e deixar a macerar.
Ao fim de, pelo menos, 20 dias, tem que coar-se tudo (ou nos filtros de café, se houver paciência equivalente à de uma dúzia de santos, ou em panos de linho); engarrafar, rotular e beber!
Sócrates vs Magalhães
Chestnuts roasting on an open fire,
Jack Frost nipping on your nose,
Yuletide carols being sung by a choir,
And folks dressed up like Eskimos.
Everybody knows a turkey and some mistletoe,
Help to make the season bright.
Tiny tots with their eyes all aglow,
Will find it hard to sleep tonight.
They know that Santa's on his way;
He's loaded lots of toys and goodies on his sleigh.
And every mother's child is going to spy,
To see if reindeer really know how to fly.
And so I'm offering this simple phrase,
To kids from one to ninety-two,
Although its been said many times, many ways,
A very Merry Christmas to you.
(Ella Fitzgerald)
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