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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
Mais uma cerimónia de comemoração da implantação da República, com muito menos pompa e circunstância da evocação do Regicídio. Estamos em tempos de branqueamento e de revivalismo, menorizando uns actos revolucionários e enaltecendo outros.
Tudo isto tem muito pouco a ver com rigor e objectividade históricas, aproveitando-se as várias efemérides para recados e mensagens políticas, neste momento dos sectores mais conservadores da sociedade que, com a cambalhota dos capitalismos desenfreados e da entronização do Mercado, entidade tão ausente e abstracta com o etéreo mas que tem servido de justificação para enormes e pesados despedimentos colectivos quando as empresas deixam de ter lucros milionários, parecem encontrar-se sem norte nem rumo.
Mais uma vez o nosso Presidente Cavaco Silva dissertou sobre a crise e a verdade, sobre a fibra dos portugueses e a ética republicana. Nada de original, motivante ou galvanizador de qualquer vontade.
Vamos vivendo o dia a dia, recuperando a ideologia da poupança, da redução do consumismo e do Estado como regulador e benfazejo, mesmo para os que passaram as últimas décadas a exigir que tudo seja entregue à regulação do mercado e à sacrossanta e caridosa sociedade civil.
Mas o nosso Presidente, tão cinzento, monocórdico, igual a si próprio, prepara-se para liderar a oposição a Sócrates e à maioria socialista. À frente do PSD já se colocou a sua pupila dilecta, que pede audiências urgentes para saber a opinião da Excelentíssima Primeira Figura sobre a independência do Kosovo!
O que vale é mesmo tudo, até esse submundo blogosférico em que nos movemos, todos os dias bafejada com o sopro da higienização que vem dos lados do Abrupto e de mais alguns assépticos como ele, que se transformam em damas sofisticadas e de nariz sensível quando à sua volta tudo tem aspecto lamacento.
Felizmente, e ao contrário dos monárquicos, temos periodicamente oportunidade de mudar e escolher outro Presidente.
Viva a República!
Há quem consiga aliar o conhecimento científico e a vivência dolorosa e diária numa enfermaria com a arte de saber aprofundadamente de gastronomia, história e arquitectura de cozinhas, alimentação, enfim, tudo o que tenha a ver com garfadas, garfos e restantes talheres, restantes adereços, coreografias e protocolos, assim como de cozinhas, separação de espaços de comedores e de confecção alimentar, chaminés, lareiras, utensílios, etc.
Para além de uma evidente erudição é um gosto poder saborear este Garfadas Online.
Num blogue perto de si!
Casas das Câmaras a preços controlados, para particulares, que têm a particularidade de ter relações privilegiadas com qualquer dos Presidentes ou vereadores, amigos ou conhecidos - porquê?
Que haja a hipótese de conceder espaços que sejam património das Câmaras para associações desportivas e culturais, organizações várias sem fins lucrativos, que tenham um qualquer papel na vida social e cultural da cidade ou do país, tudo bem, desde que os critérios de atribuição sejam claros e transparentes, desde que haja possibilidade de concursos a esses espaços.
Mas porque é que esse património de apartamentos e casas para alugar não é feito com preços idênticos aos do tal mercado? Ou porque é que essas casas não são leiloadas?
Não há justificações que satisfaçam a não ser a contemplação da total promiscuidade entre o que deveria ser o acautelar dos interesses públicos e os interesses privados, as cunhas, os conhecimentos, os compadrios, enfim, a forma como tudo em Portugal se faz e se troca, um telefonema, um café, umas palmadas nas costas, e que já é tão normal que ninguém se espanta da tranquilidade de certas consciências.
Nunca percebi muito bem a necessidade do movimento de alguma esquerda no sentido de legalizar a união de pessoas do mesmo sexo na forma de casamento, contrato que regulariza a união entre pessoas de diferentes sexos, tal como também nunca percebi muito bem a necessidade de se transformar as uniões de facto em casamentos sem assinatura.
Mas não tenho rigorosamente nada contra a existência de um contrato que regularize as cláusulas contratuais de uma união entre pessoas do mesmo sexo, chame-se ela como se chamar, assim como também não tenho nada contra as uniões de facto. Quem se quer casar tem os direitos e os deveres consagrados num contrato civil que se designa casamento. Quem não quer esses deveres e esses direitos não se casa.
Também não me parece que este assunto do casamento entre homossexuais seja assim tão importante e premente na nossa sociedade para tanto se falar dele e para tanta urgência no debate de uma lei no parlamento.
Mas o que acho mesmo totalmente inaceitável é o PS ter votado a obrigatoriedade da disciplina de voto na votação de uma lei que regularize o casamento entre homossexuais, em vez de ter dado liberdade de voto aos seus deputados.
Qual o objectivo político, a coerência, a dignidade de tal decisão?
Isto é atingir o grau zero da política, para além de ser totalmente estúpido e incompreensível.
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