Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



República Portuguesa

por Sofia Loureiro dos Santos, em 05.10.08

 

Mais uma cerimónia de comemoração da implantação da República, com muito menos pompa e circunstância da evocação do Regicídio. Estamos em tempos de branqueamento e de revivalismo, menorizando uns actos revolucionários e enaltecendo outros.

 

Tudo isto tem muito pouco a ver com rigor e objectividade históricas, aproveitando-se as várias efemérides para recados e mensagens políticas, neste momento dos sectores mais conservadores da sociedade que, com a cambalhota dos capitalismos desenfreados e da entronização do Mercado, entidade tão ausente e abstracta com o etéreo mas que tem servido de justificação para enormes e pesados despedimentos colectivos quando as empresas deixam de ter lucros milionários, parecem encontrar-se sem norte nem rumo.

 

Mais uma vez o nosso Presidente Cavaco Silva dissertou sobre a crise e a verdade, sobre a fibra dos portugueses e a ética republicana. Nada de original, motivante ou galvanizador de qualquer vontade.

 

Vamos vivendo o dia a dia, recuperando a ideologia da poupança, da redução do consumismo e do Estado como regulador e benfazejo, mesmo para os que passaram as últimas décadas a exigir que tudo seja entregue à regulação do mercado e à sacrossanta e caridosa sociedade civil.

 

Mas o nosso Presidente, tão cinzento, monocórdico, igual a si próprio, prepara-se para liderar a oposição a Sócrates e à maioria socialista. À frente do PSD já se colocou a sua pupila dilecta, que pede audiências urgentes para saber a opinião da Excelentíssima Primeira Figura sobre a independência do Kosovo!

 

O que vale é mesmo tudo, até esse submundo blogosférico em que nos movemos, todos os dias bafejada com o sopro da higienização que vem dos lados do Abrupto e de mais alguns assépticos como ele, que se transformam em damas sofisticadas e de nariz sensível quando à sua volta tudo tem aspecto lamacento.

 

Felizmente, e ao contrário dos monárquicos, temos periodicamente oportunidade de mudar e escolher outro Presidente.

 

Viva a República!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:45

Garfadas online

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.10.08

 

Há quem consiga aliar o conhecimento científico e a vivência dolorosa e diária numa enfermaria com a arte de saber aprofundadamente de gastronomia, história e arquitectura de cozinhas, alimentação, enfim, tudo o que tenha a ver com garfadas, garfos e restantes talheres, restantes adereços, coreografias e protocolos, assim como de cozinhas, separação de espaços de comedores e de confecção alimentar, chaminés, lareiras, utensílios, etc.

 

 

Para além de uma evidente erudição é um gosto poder saborear este Garfadas Online.

 

Num blogue perto de si!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:59

Grau negativo

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.10.08

Casas das Câmaras a preços controlados, para particulares, que têm a particularidade de ter relações privilegiadas com qualquer dos Presidentes ou vereadores, amigos ou conhecidos - porquê?

 

Que haja a hipótese de conceder espaços que sejam património das Câmaras para associações desportivas e culturais, organizações várias sem fins lucrativos, que tenham um qualquer papel na vida social e cultural da cidade ou do país, tudo bem, desde que os critérios de atribuição sejam claros e transparentes, desde que haja possibilidade de concursos a esses espaços.

 

Mas porque é que esse património de apartamentos e casas para alugar não é feito com preços idênticos aos do tal mercado? Ou porque é que essas casas não são leiloadas?

 

Não há justificações que satisfaçam a não ser a contemplação da total promiscuidade entre o que deveria ser o acautelar dos interesses públicos e os interesses privados, as cunhas, os conhecimentos, os compadrios, enfim, a forma como tudo em Portugal se faz e se troca, um telefonema, um café, umas palmadas nas costas, e que já é tão normal que ninguém se espanta da tranquilidade de certas consciências.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:58

Grau zero

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.10.08

Nunca percebi muito bem a necessidade do movimento de alguma esquerda no sentido de legalizar a união de pessoas do mesmo sexo na forma de casamento, contrato que regulariza a união entre pessoas de diferentes sexos, tal como também nunca percebi muito bem a necessidade de se transformar as uniões de facto em casamentos sem assinatura.

 

Mas não tenho rigorosamente nada contra a existência de um contrato que regularize as cláusulas contratuais de uma união entre pessoas do mesmo sexo, chame-se ela como se chamar, assim como também não tenho nada contra as uniões de facto. Quem se quer casar tem os direitos e os deveres consagrados num contrato civil que se designa casamento. Quem não quer esses deveres e esses direitos não se casa.

 

Também não me parece que este assunto do casamento entre homossexuais seja assim tão importante e premente na nossa sociedade para tanto se falar dele e para tanta urgência no debate de uma lei no parlamento.

 

Mas o que acho mesmo totalmente inaceitável é o PS ter votado a obrigatoriedade da disciplina de voto na votação de uma lei que regularize o casamento entre homossexuais, em vez de ter dado liberdade de voto aos seus deputados.

 

Qual o objectivo político, a coerência, a dignidade de tal decisão?

 

Isto é atingir o grau zero da política, para além de ser totalmente estúpido e incompreensível.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:34

Pág. 4/4



Mais sobre mim

foto do autor



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.




Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2011
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2010
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2009
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2008
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2007
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2006
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2005
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Maria Sofia Magalhães

prosas biblicas 1.jpg

À venda na livraria Ler Devagar



caminho dos ossos.jpg

 

ciclo da pedra.jpg

 À venda na Edita-me e na Wook

 

da sombra que somos.jpg

À venda na Derva Editores e na Wook

 

a luz que se esconde.jpg