por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.09.06
Estudos sobre a sustentabilidade financeira da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde, a Reforma da Função Pública, dossiers que todos os governos de todos os partidos evitaram até agora, vão sendo noticiados com mais ou menos pompa.
Estamos na era das decisões difíceis, estamos na época da moda neoliberal, estamos no tempo em que a ideologia se asfixia com o mercado.
Este é o momento deste governo socialista mostrar que são as ideias que comandam o mundo. O dinheiro é importante, não se pode distribuir o que se não tem, mas a forma como se destina e a quem se destina o dinheiro faz a diferença na política. É aos políticos que compete governar, foi para isso que foram eleitos.
Mas a tão falada sociedade civil deve controlar, apreciar, comentar, reivindicar. Os sindicatos têm cada vez mais um papel menos importante na defesa dos interesses dos trabalhadores, porque ainda não perceberam que se transformaram em associações de defesa de privilégios corporativos.
E os trabalhadores necessitam de representantes conscientes das mudanças ao longo destas últimas décadas, que reivindiquem o que é justo e possível, que defendam a qualidade, o mérito e o rigor.
Sou a favor das progressões por mérito, sou a favor das remunerações diferenciadas por desempenho, sou a favor da informatização dos serviços, da formação contínua de todos os profissionais, dos apoios sociais às famílias, às mulheres e aos homens que trabalham e têm filhos e pais e mães a seu cargo, aos solteiros e solteiras, às pessoas.
Não tenho medo que se reforme o que está mal, desorganizado, ineficiente, ineficaz e gastador. Mas as reformas têm que ter em vista os cidadãos, porque os serviços servem para os cidadãos, os impostos são para gastar com os cidadãos, para que vivam melhor, aprendam mais, sejam mais felizes.
Adenda: Já começaram a surgir associações “pró-vida”, de "famílias numerosas", de "biólogos pela natureza", de "médicos pela consciência" e outros que mais ainda surgirão contra a despenalização do aborto. Mas o Ministro da Saúde tem uma necessidade, quase diria patológica, de abrir a boca. Porque é que ele não está calado???