por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.05.06
As avaliações são sempre injustas porque é impossível reduzir a zero os imponderáveis que podem influenciar a prestação de um indivíduo num determinado momento.
Mas as avaliações são indispensáveis, principalmente se feitas por actores externos a quem está a ser avaliado, e se forem usados critérios objectivos.
Vem isto a propósito da anunciada avaliação dos professores, para efeito de progressão na carreira.
Hoje os títulos dos jornais são menos bombásticos que os de ontem. Hoje os pais já só vão participar, juntamente com as autarquias, os alunos e os próprios professores (auto avaliação) numa nota final. Continuo sem conhecer o documento.
Mais uma vez, somos bons a produzir documentos esdrúxulos, que contém muitas palavras que querem dizer pouco. Muitas (boas?) intenções, mas pouco rigor e pouca aplicabilidade.
A avaliação dos professores faz-se determinando se os alunos aprendem ou não. Ou seja, através dos resultados de exames nacionais.
É claro que a assiduidade, o bom humor, o número de complementos de formação, etc, que fazem parte da vida escolar, também são importantes. Mas o que demonstra que um professor consegue ensinar é comparar as notas que ele dá, no fim de cada período, com as notas que os seus alunos têm em exames nacionais, em que os factores locais e circunstanciais estão esbatidos.
O que quer o ministério dizer com o conceito de ser necessária uma maior responsabilização dos pais? Que eles têm que fazer os trabalhos dos filhos, com os filhos, até altas horas da noite? Que são obrigados a perceber de matemática, história ou português para lhes tirarem as dúvidas? Que devem obrigatoriamente ter um computador, internet, impressoras, “scanner”, etc, para fazerem os elaborados trabalhos que são pedidos às suas crianças?
Tanto se fala da integração dos imigrantes, da luta contra a pobreza, o analfabetismo funcional, o abandono escolar. O que deveria preocupar o ministério, a par de uma avaliação rigorosa dos seus professores, deveria ser uma responsabilização dos conselhos directivos, que têm como função orientar e avaliar, uma remodelação total dos curriculae, abandonando a facilitação e instalando uma cultura de disciplina, rigor e verdadeira formação, com componentes lectivas e não lectivas asseguradas pelos professores, que deveriam dedicar-se a tempo inteiro à sua escola e aos seus alunos. Desenvolver o orgulho de pertença a uma instituição, premiando o mérito dos alunos. Melhorar as instalações escolares, de forma a ser possível, de facto, professores e alunos permanecerem na escola a trabalhar.
É claro que já há ameaças de greves da parte dos sindicatos (tudo como dantes). Gostaria de, nem que fosse só por instantes, ouvir os sindicatos a defenderem e a pedirem exames nacionais.