por Sofia Loureiro dos Santos, em 31.03.06
Há cerca de três anos precisei de passar uma procuração para resolver um assunto, pois não me encontrava presente na altura aprazada.
Pensando que estava a realizar um grande feito, resolvi escrever o documento no computador, com letra Arial 11, a espaço 1,5, com justificação à direita e à esquerda, sublinhados e bolds, datas e nomes completos, todos os números de que me consegui lembrar, enfim, a parafernália dos documentos oficiais.
Faltava apenas a assinatura, que tinha que ser presencial e reconhecida. Daí a ida ao notário.
Foi antes da privatização. O notário ficava no 2º andar de um prédio velho, sem elevador, e deitava filas por fora, já na escada do 1º andar.
Depois da senha e da respectiva espera, por acaso até nem foi muita, apresentei o papel impresso com os dizeres e as identificações, preparada para assinar, pagar e sair.
Que não, que não podia ser assim, que tinha que ser um documento manuscrito, presencial, assinado na altura, em frente dela (a funcionária), que era o que a lei dizia.
Apeteceu-me pedir-lhe logo a tal lei, para que constatasse com os meus próprios olhos o anacronismo da mesma, mas estava com pressa.
Por isso, estiquei-me toda (sou muito baixa) para escrever com letra legível (o que para mim é sempre uma tarefa árdua) um documento na presença da funcionária, para que ela atestasse da veracidade do dito.
Qualquer medida que este governo tome para mudar este estado de coisas (burocracia e funcionário(a)s pouco iluminado(a)s) tem o meu apoio incondicional, aplaudido e agradecido!