por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.02.06
Confesso que, para mim, é difícil discutir a gratuitidade e a universalidade do serviço nacional de saúde (SNS). De todos os papéis que atribuo ao estado, a garantia de prevenir a doença e de tratar os doentes, é dos mais importantes.
O aumento da esperança de vida aliado ao crescente recurso às novas tecnologias em diagnóstico e terapêutica, cada vez mais dispendiosas, disponíveis para quem precisa e não apenas para uma minoria que os possa pagar, pressionam os orçamentos que parecem sempre limitados.
Não se vê, portanto, no horizonte próximo, qualquer possibilidade, de diminuir o peso da despesa no sector da saúde. Pelo contrário, é previsível que continue a aumentar.
Então, como resolver este dilema?
Se calhar, redefinindo as obrigações do estado, para que se concentre naquilo que é mais importante.
Depois, na racionalização dos recursos técnicos e humanos, para tornar o sistema mais eficiente:
- acabar com as urgências mal equipadas e que não resolvem os casos urgentes, abertos 24 horas para atenderem (mal) 3 casos;
- formar unidades de urgência com profissionais especializados; acabar com o pagamento em horas extraordinárias daquilo que deveria ser feito durante o horário de trabalho;
- concentrar os meios em vez de os dispersar;
- premiar quem trabalha e punir quem o não faz;
- informatizar os serviços de modo a libertar o tempo dos profissionais e impedir a multiplicação inútil de informação;
- promover uma verdadeira competição entre o público e o privado, separando definitivamente os 2 sectores;
- investir nos cuidados primários de saúde;
- continuar a alteração da política do medicamento, liberalizando o sector farmacêutico, incentivando o mercado de genéricos, nomeadamente com a obrigatoriedade da prescrição por princípio activo. etc, etc, etc.
Ideias não me faltam!
O SNS já é financiado pelos cidadãos, não só indirectamente, com os impostos, mas também directamente, nos medicamentos, cuidados dentários e outros.
Se este não for o entendimento deste governo socialista, começo a questionar-me para que servem, de facto, os impostos que pago.
(pintura de Frida Kahlo)