por Sofia Loureiro dos Santos, em 20.11.05
Regressada da Invicta, retomo o ritual domingueiro do "café e jornal". Começa a ser difícil, mesmo para os espíritos mais optimistas, vislumbrar uma luz ao fundo do túnel. Somos completamente inundados por informações e comentários de desgraça, crise e previsões de catástrofe, mesmo por aqueles que consideramos merecedores da nossa atenção.
Ao mesmo tempo, nas páginas da revista, o-ócio-ao-domingo-para-as-esposas, lêm-se anúncios de televisões para as casas de banho.
É óbvio que as notícias, cirurgicamente libertadas, relativamente ao absentismo dos professores e ao número exorbitante de médicos em determinados hospitais, por exemplo, são manobras governamentais para facilitar a adopção de medidas que possam ser sentidas como ataques, por essas classes profissionais. Não é correcto nem ético. As generalizações e a criação de bodes expiatórios são demagógicas e populistas.
Mas como é que é possível que os representantes das mesmas classes profissionais defendam o indefensável? A ministra só divulga o número de faltas mas não divulga o número de presenças nas aulas??? Os médicos não fazem leis e portanto não são responsáveis pelos quadros hospitalares? Quem pede vagas? Quem faz concursos? Quem permite que não se cumpram minimamente os horários? Quem avalia o trabalho (ou a falta dele) de cada profissional?
Somos todos virgens e inocentes.