por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.02.06
Não sou particularmente fã de comemorações e efemérides: Padre Manuel Antunes, Prof. Agostinho da Silva, pessoas de quem pouco se sabe ou fala e que, depois de morrerem, ocupam, em datas determinadas, as primeiras páginas dos diários e as aberturas dos telejornais. Durante três ou quatro dias todos os conheceram e admiraram, recordam-se as vidas daqueles quase santos, ou definitivamente santos, para se esquecerem imediatamente a seguir, sem ficarem no imaginário colectivo, nos livros da escola, na memória de quem não foi seu contemporâneo.
Portugal não reconhece os seus valores, enquanto vivem, e não sabe enaltecê-los, depois de mortos. Mastiga-os em efemérides grandiloquentes e bacocas, o contrário do que os personagens homenageados representavam, arrasando a sua modéstia, transformando-os em “gente da moda”, tão perecíveis como a própria moda.
Mereciam mais dos seus concidadãos.