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Política no feminino

por Sofia Loureiro dos Santos, em 23.11.06
A propósito de Ségolène Royal, à volta de um excelente vinho e não menos excelentes petiscos, discutíamos, eu e duas amigas, se a existência de poucas mulheres em lugares relevantes da política se deve ao menor número de oportunidades que as mulheres têm, na nossa sociedade habitual, ou se à sua menor apetência pelo jogo político.

Houve quem defendesse que a política é um jogo de estratégia e planeamento e, por isso, um jogo masculino, mediado pela testosterona. Que as mulheres são pragmáticas e que não têm paciência nem jeito para o poder, têm outros interesses, nomeadamente o apelo biológico da maternidade e do cuidar, que seria, penso eu, mediado pelos estrogénios.

Eu penso que, para além de ainda não existirem igualdade de oportunidades entre os dois géneros, pois não há uma verdadeira distribuição equitativa das tarefas domésticas e de apoio familiar, a verdade é que o tipo de poder exercido tem uma marca essencialmente masculina e que, a esse tipo de poder, as mulheres resistem e afastam. Mas também penso que, na medida em que houver cada vez mais mulheres a ascender a cargos políticos relevantes e de direcção, a forma de exercício da governação se transformará, levando as mulheres a procurarem mais a luta política, com armas e objectivos diferentes.

Será interessante observar o que se vai passar nas próximas décadas.

Numa coisa acordámos todas: as quotas de participação feminina são uma forma machista de resolver a questão!

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publicado às 23:40


7 comentários

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De Conceição Neves a 25.11.2006 às 01:05

Estou de acordo consigo, Sofia: também acho que ainda não existe igualdade de oportunidades. Sem ir tão longe como Simone de Beauvoir «on ne naît pas femme, on le devient» referindo-se à sociedade e até aos nossos pais, que nos constroem «meninas», penso que ainda falta um longo caminho e que não tem sido fácil para os homens esta transformação da sociedade.
Quando pensamos que Marie Curie não podia votar por ser mulher, mas que os homens analfabetos podiam, por serem homens, que uma Camille Claudel não foi apreciada no seu tempo e até dada como louca enquanto Rodin era endeusado; que Sarah Affonso se apagou (ou quase) para Almada poder brilhar, ficamos contentes porque, de facto, já algumas coisas mudaram: uma evolução lenta e por vezes muito mais teórica do que prática!! Todos os dias sentimos isso.
Quais quotas! Que bom será o dia em que homens e mulheres, deixando de se degladiar, de concorrer, desejarem caminhar lado a lado. Não é isso que verdadeiramente queremos?
Lá estou eu com os meus optimismos (ou será com as minhas utopias?)
Obrigado Sofia, pelos bons momentos de leitura e nos dar ocasião de reflectirmos sobre as coisas.

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