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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
No cais da vida espero
A barca do meu amor
Abafo o meu desespero
Asfixio a minha dor
Chegará de madrugada
Guiada pelo clarão
De uma lua iluminada
Pelos olhos da paixão
A alma que se quebrou
No dia em que tu partiste
Em asas se transformou
Num voo que não desiste
No cais desta vida aguardo
O momento de embarcar
Que eu meu amor já não tardo
Na ânsia de te abraçar
Depois deste fim do debate entre Vance e Walz, por muito polido e bem falante que tenha sido Vance, nada pode justificar o voto em Trump. A verdade é que Trump não aceitou os resultados eleitorais de 2020 e, se tivesse sido Vance o Vice-Presidente, a democracia não tinha prevalecido.
Nunca entenderei a dúvida entre a escolha da democracia e a escolha da mentira, da vigarice e do crime.
Debate entre Tim Wlaz e JD Vance
2 de outubro 2024
Marcelo Rebelo de Sousa é incontinente verbal.
Em vez de deixar aos partidos, ao Parlamento e ao Gverno o papel de negociarem o Orçamento, imiscui-se no que não deve e profere declarações incendiárias quanto à hipótese de dissolução do Parlamento em caso de cumbo do OE.
É inadmissível.
Isté é mau de mais
O meu amor é de pedra
E mora no vento norte
Tal com a tristeza medra
No leito da sua morte
O meu amor é eterno
E mora na tempestade
Tal como o manto de inverno
Veste de branco a saudade
O meu amor já não parte
No lume da ventania
Tal como a min’ alma arde
Em permanente agonia
Caco Velho & David Mourão Ferreira
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
1.
Não sei para onde me dirigir. Para cima? Para o lado? Para a terra? Nunca irei outra vez ao jardim das gavetas de pedra, porque não é lá que tu estás, só o teu envelope.
Mas então para onde? Era tão mais fácil acreditar que, nalguma etérea dimensão, continuas e me ouves, e te ris de mim, e me aconchegas com o olhar, e que me recebes com a delicadeza das atenções que te envergonhas de assumir, mas que adoras que eu reconheça e tu diga.
Como explico que, antes, gostava de ir até ao rio sozinha, beber café, cirandar, ler o jornal, beber o ar, e agora me faltam as pernas, os olhos, a alma, o interesse, o ânimo? Como explicar o meu anterior gosto pelo isolamento, a minha economia de palavras, que acompanhavas e respeitavas, que agora se transformou numa prisão de letras, sons, significados, de tal forma que se avolumam em mim, não conseguindo impedir o transborde da tristeza? Como posso explicar que não consigo deixar de fechar a porta, já que não estás do outro lado para trocarmos impressões, cada um no seu canto, mas transmitindo opiniões e carinho entre paredes?
Hoje marquei na agenda vários concertos, para que a música me consiga preencher este vazio. Comprei até os bilhetes, muito arrumadinhos na pasta para isso criada no meu computador. Mas depois a quem conto o que ouvi, o que vi, o que senti? Com quem falo dos compositores, das orquestras, dos intérpretes?
Assim não. Assim não. Assim não.
2.
Dizem-me que devo chorar sem limites, nem pena, nem pejo, mas se choro lembram-me da força que é suposto ter, da inquestionável fortaleza da minha alma.
Dizem-me que tenho de superar, quando nem ideia fazem do que há para ultrapassar, ou sequer se o quero fazer.
Dizem-me para sair, para me distrair, quando nem desconfiam da revolta que sinto por a vida continuar sem que estejas comigo, quando não percebem que nada me pode distrair.
Dizem-me que tenho de viajar, para longe, para muito longe, quando não entendem que as viagens eram nossas, tu e eu, pelos caminhos de tantos mundos, imaginados ou calcorreados, abraçados ou detestados, tantos livros, tantos sonhos, tudo o que me interessava na vida.
E eu encolho no meio de tanta boa-vontade, no meio da culpa de ensurdecer a tantas sugestões, fechando portas, olhos, luzes, e ficando à espera de que, finalmente, resolvas regressar.
3.
Pela casa espalham-se pedaços de uma existência que já foi. Que vazias as roupas, transformadas em trapos sem préstimo nem brilho. Que velhos os livros, repentinamente amarelecidos e quebradiços, as folhas soltas, as letras desvanecidas.
Olho para estes restos que nada são, sem som nem cheiro, e não consigo tocar-lhes, dar-lhes destino. Pela casa estão espalhados fragmentos de uma memória que teimo em querer manter em matéria, quando tudo se tornou imaterial.
As minhas incursões pelo desporto obrigatório, mais comummente referidas cá em casa pelos tttttttttttrrrrreeeeeinos, prescritos por uma assertiva endocrinologista que se desesperava da minha difícil perda de peso, já há cerca de 7 anos, fez-me conhecer, também através da querida Enciclopédia que me acompanhava, e que adorava gozar comigo, nomes como Esbela da Fonseca, com quem era sempre comparada.
Esta minha PT, responsável por madrugadas bastante difíceis em que tenta flexibilizar-me, fortalecer o core, curar-me das várias maleitas que me vão acometendo, com uma paciência, um carinho e uma persistência que eu, por vezes, dispensava, desfez-me as contraturas do pescoço, devolveu-me a mobilidade da articulação do ombro e, mais recentemente, para além dos vários problemas rotulares, também fez a necessária fisioterapia ao braço, depois de uma fratura bem fraturada.
Pois para além da Esbela da Fonseca, que se transformou no meu nickname, também fiquei a saber que todos os dias me encontrava com uma das filhas de um grande atleta, de seu nome Vítor Mano, cujos principais feitos foram, segundo o site Atletismo Estatística:
Vítor Mano foi detentor de outras marcas e recordes pessoais e nacionais, treinador de hóquei em patins e professor de Educação Física.
Como outros atletas, Rosa Mota e os irmãos Castro, por exemplo, é de uma geração em que o atletismo era uma prática pouco apoiada mas que, como hoje, dava grandes alegrias e numerosos oportunismos políticos quando, à custa do abnegado esforço dos atletas, apareciam as medalhas, os recordes, o reconhecimento mediático.
Ontem a Câmara de Montemor-o-Velho dedicou o dia a uma homenagem precisamente a Vítor Mano. Fiquei feliz por uma vez ou outra os nossos representantes reconhecerem o esforço e a dedicação dos nossos atletas, e o seu exemplo de cidadania.
Parabéns ao Atleta Vítor Mano e a quem lhe dedicou esta homenagem. E também à minha PT, pelo orgulho de ter um pai com aquela estatura. E eu sou bem testemunha de quão bem lhe seguiu o exemplo.
E amanhã, há tttttttttrrrrrrrreeeeeeeino outra vez...
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