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Receita para o desastre

por Sofia Loureiro dos Santos, em 29.01.25

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Embuste

É assim que se faz:

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publicado às 20:15

Cantata de Paz

Vemos, ouvimos e lemos/Não podemos ignorar

por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.01.25

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20 de janeiro de 2025

Ciclicamente, tudo o que entendemos ser a base comum do comportamento humano em sociedade, a matriz judaico cristã, em que os valores da solidariedade, da igualdade, o reconhecimento de direitos que fazem de nós seres humanos, transforma-se e desaparece, levando a situações de autoritarismo, de homogeneização num modelo idêntico, como se fossemos máquinas, a uma desigualdade e revolta que nos conduzem, inevitavelmente, ao papel de vítimas e algozes, de oprimidos e opressores.

A ignorância, a frustração, o racismo, o preconceito, o desprezo e desvalorização dos factos que transformam vacinas em opiniões políticas, o laxismo e a pobreza da linguagem, a violência, o deslaçar dos agentes culturais e dos que, quando nada mais há, nos asseguram a sobrevivência, a desqualificação de cada ser humano como único e irrepetível, como criador e executor do que imagina, como um dos pólos da infinita rede que se forma, sempre que se quebra a solidão.

Imigrantes ilegais, que tiveram o azar de nascer na miséria ou se transformaram em penas e pedras perdidas no mundo, gente com força suficiente para arriscar a própria vida, que tenta construir alguma felicidade e aconchego fora do seu país, que tenta conseguir alguma coisa que a transporte para condições mais dignas, mais fáceis, mais macias, têm peste.

Nestes tempos sombrios, os imigrantes são, por definição, criminosos, pelo que se transportam em aviões militares, algemados de pés e mãos. E o mundo que está a ruir vai ruir ainda mais. Não é só Trump, nos EUA, mas todos os governantes de extrema-direita dos países europeus, que deixaram de se envergonhar por dizerem os inimagináveis e perigosos absurdos que papagueiam, com poses de Estado e voz grossa.

Não faltarão ideias velhas, tristes, que querem reduzir a pó quem se lhes opõe: esvaziar Gaza de Palestinianos.

Sim, ele irá fazer o que prometeu. Ele e todos os outros que o têm como professor.

Temos ainda a certeza de que as tecnologias de informação, a nova comunicação, a inteligência artificial, manterão as realidades paralelas que servirem os seus interesses e desígnios. A transformação da inovação num instrumento do mais autoritário e aflitivo que existe – a perda da identidade como indivíduo, a perda da igualdade, da liberdade e a implosão das democracias.

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar [...]

Cantata de Paz

Sophia de Mello Breyner

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publicado às 17:33

Lenga Lenga

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.01.25

lenga lenga.jpg

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publicado às 22:24

Musikverein - Salão Maior do Clube da Música

Concerto de Ano Novo de 2025 – Orquestra Filarmónica de Viena

por Sofia Loureiro dos Santos, em 01.01.25

concerto ano novo 2025.jpg

Concerto de Ano Novo de 2025 em Viena

Começa-se pelas colunas e pela beautiful people. Sente-se no armazém o perfume da sofisticação, vestidos e fatos de gala, cabeleireiros em demostração, flores rosas, amarelas e vermelhas, expectativa de sons dançantes, saltitantes, como se o mundo tivesse congelado no pós guerra, a felicidade e a beleza como direitos dos felizes eleitos.

Mas eu gosto muito. Não há consciência de classe e fervor revolucionário que me distraiam deste concerto anual, quando nada ainda se escreveu ou desenhou do ano.

Novíssimo, mesmo a começar.

Toda a esperança é legítima.

Toda a felicidade sem mácula.

Concerto de Ano Novo de 2025 em Viena

Maestro: Riccardo Muti

Programa:

Johann Strauss Sr: Freedom March, Op. 226 
Josef Strauss: Village Swallows of Austria, Waltz, Op. 164 
Johann Strauss: Demolition Men’s Polka, Op. 269 
Johann Strauss: Lagoon Waltz, Op. 411 
Eduard Strauss: Airy and Fragrant, Polka, Op. 206 

Intervalo

Johann Strauss: Overture to The Gypsy Baron 
Johann Strauss: Accelerations Waltz, Op. 234 
Joseph Hellmesberger: Jolly Brothers March from The Violet Girl 
Constanze Geiger: Ferdinandus Waltz (Arrangement: Wolfgang Dörner) 
Johann Strauss: Either Or! Polka, Op. 403 
Josef Strauss: Transactions Waltz, Op. 184 
Johann Strauss: Annen-Polka, Op. 117 
Johann Strauss: Tritsch-Tratsch Polka, Op. 214 
Johann Strauss: Wine, Women and Song Waltz, Op. 333

Encores

Johann Strauss: The Bayadère, Polka, Op. 351 
Johann Strauss: The Blue Danube, Waltz, Op. 314 
Johann Strauss Sr: Radetzky-March. Op. 228

 

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publicado às 11:47

Ano Novo - 2025

por Sofia Loureiro dos Santos, em 31.12.24

just ensemble Olivier Messas.jpg

Just ensemble

Olivier Messas

 

Este foi um ano muito difícil, muito doloroso, um ano irreversível, cruel e abrupto.

Mas foi também um ano de carinho, de aconchego, de amizade, de aprendizagem.

A readaptação do corpo a uma nova realidade exterior, cuja impacto interior é desmesurável, obriga-nos a um reequilíbrio e a um reordenar de prioridades na vida.

A todos os que me vão acompanhando desejo que tenham um ano cheio de boas surpresas.

Que seja um ano de grandes e pequenas aventuras, de obstáculos ultrapassáveis.

Que seja um ano de realidade mais simples e fácil.

Que seja um ano tranquilo e sereno.

Que seja um bom ano e um ano bom.

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publicado às 18:46

Victor Mano

Carta da sua filha (Marita Mano)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.12.24

Vitor Mano 4.jpg

É com uma enorme dor e um vazio que me despeço da presença física do meu querido pai, Víctor Mano. Mais do que um pai, foste o meu exemplo de vida, a minha força e o meu porto seguro. A tua vida destacou-se não apenas pelas conquistas notáveis, mas sobretudo pelo coração generoso, pela humildade e pela forma como tocaste as vidas de todos à tua volta.

Para além de seres um atleta exemplar e um treinador dedicado, foste um verdadeiro mestre de valores. Ensinaste-me que a verdadeira grandeza não reside nos títulos, mas na forma como vivemos e como ajudamos os outros. Quem teve o privilégio de te conhecer ficou marcado pela tua sabedoria, pela tua bondade e por aquele espírito único que iluminava qualquer espaço onde estivesses.

A tua partida deixa um vazio que não consigo descrever, nem consigo acreditar. Sinto que uma parte de mim morreu contigo. Ainda preciso tanto de ti, do conforto das tuas palavras e da tua força. Mas sei que estarás sempre comigo, a viver em cada memória, em cada lição e em cada valor que transmitiste. O teu nome, Víctor Mano, será sempre uma inspiração, um símbolo de dedicação e humanidade.

Obrigada, pai, por tudo o que foste, por tudo o que nos deste e por tudo o que nos ensinaste. Prometo honrar o teu legado e levar comigo os teus ensinamentos. Descansa em paz, querido pai, sabendo que nunca serás esquecido. Continuarás vivo no coração de todos os que tiveram o privilégio de te conhecer. Amo-te para sempre.

Sport Lisboa e Benfica

Atletismo

CNN Portugal

DN

RR

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publicado às 22:02

À espera do nascituro

por Sofia Loureiro dos Santos, em 24.12.24

navidad_1946_dali.jpg

Salvador Dalí

 

Um ramo de folhas duras

Pedacinhos de luar

A alma feita em costuras

De feridas por sarar

 

Aconchega o olhar

No piso de tanta ausência

Apresta-se a respirar

Um mundo sempre em carência

 

Nesta branda consoada

À espera do nascituro

Tristeza bem arrumada

No fundo do seu futuro

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publicado às 14:07

Manhãs de Inverno

por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.12.24

Winter-In-Europe-By-Edward-Hopper.png

Edward Hopper

 

Manhãs de Inverno, claras e frias. O Sol coado pelas persianas, ainda baixas.

Ouço a água a correr de um duche.

Alguma paz e serenidade, neste Natal mais vazio.

Os sons da vida que continua, as cores de um mundo que não parou.

Como se não houvesse nada que ficasse, como se nada fosse perene.

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publicado às 11:12

Cinzas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.12.24

camille claudel.jpg

Camille Claudel

 
Aproximo a lareira
Pra aquecer meu coração 
Nas cinzas desta fogueira 
Vou soprar a solidão 
 
Rodo as paredes vazias
No branco deste Natal
Os olhos que me acendias
Mil estrelas num castiçal 
 
Regresso à névoa esfumada
De uma memória querida
Tua mão entrelaçada
No fio da minha vida

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publicado às 21:51

Fado de Natal

por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.12.24

Mario-Portugal-Fado-meu.jpg

Mário Portugal

 
Natal doce Natal quente
Ano a ano de seguida
Um Natal que se ressente
No arder da despedida
 
Não tenho mãos pra rezar
Ao Jesus que vai nascer
Nem o brilho do altar
Que me possa absolver
 
E o Natal que se aproxima
Vai escrevendo esta canção
Não há dor que nos redima
Nem nos ensine o perdão
 
Não fosse o Natal um fado
Um encontro sem idade
Um poema declamado
Na voz prenha de saudade
 
O Natal sempre resiste 
Aos atropelos da vida
Nesta alma que persiste
Há esperança comovida

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publicado às 12:42


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