Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
(...) Acho que só os tolos é que não olham à sua volta e não reintegram uma realidade na sua obra. O acto artístico é sempre um acto de reflexão. (...)
(...) Vivemos tempos de uma grande instabilidade. Não são os tempos dos anos 30 e 40, quando a nossa Europa sofreu aquela guerra horrível, mas são tempos de angústia e de medo. (...) Recentemente, nos tempos em que o nosso país foi ocupado pela troika, vivemos uma tristeza colectiva muito grande, foram tempos de apreensão e de grandes dramas pessoais. Neste momento, acho que estamos a viver um tempo, não digo bom, mas de esperança. (...)
(...) Aquilo que se passa com os refugiados é das situações mais dramáticas que se pode viver. A pessoa perde os bens pelos quais lutou durante toda uma vida, para ter algum suporte e dignidade, e perde também um bocado da sua identidade e do seu chão. Custa-me ver o que a nossa Europa está a fazer aos refugiados, que vêm de países em guerra ou de países onde há fome ou onde se pratica um verdadeiro genocídio. A Europa tem uma resposta muito fraca e muito cobarde perante esses seres humanos. (...)
(...) O dia-a-dia pode ser muito violento. Como artista, sinto muitas vezes que as forças se combinam para lutar contra um estado de criação, contra um estado de pensamento e contra um estado de reflexão, porque o dia-a-dia é, realmente, duro. (...)
(...) Mas gosto imenso de viver na aldeia porque na aldeia não tenho compromissos, e eu gosto de viver sem compromissos, vou cada vez menos a eventos sociais, cansa-me a superficialidade dos convívios, gosto de viver só com os amigos e com a família. (...)
(...) O facto de as pessoas visitarem cada vez mais exposições pode ter que ver com a necessidade de procurarem uma dimensão mais espiritual, até mais misteriosa, para a vida. Acho que as pessoas encontram, nessa visita aos museus, uma dimensão que antes encontravam nas igrejas, a dimensão do sagrado, essa dimensão que todos precisamos porque somos mais do que carne, somos espírito. Precisamos do encontro com a criação e alguém que vê uma manifestação de arte também começa a criar. (...)
(...) Ter alguém que nos fala com verdade é, realmente, uma grande sorte.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
À venda na livraria Ler Devagar