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Lampiões

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.09.20

lampiao e banco.jpg

 

Não sei o que se passa com os candeeiros. Não alumiam. Não percebo porquê. São os mesmos há trinta e tal anos e deve ser por isso. Foram perdendo vigor.

O que é um enorme aborrecimento porque ler está a transformar-se num exercício de grande exigência. Inclino-me para o candeeiro para iluminar a página, afasto o livro e levanto o queixo, tentado usar a progressividade dos óculos. O livro fica de novo na sombra. Tiro os óculos e tento usar a miopia não corrigida.

Viro e reviro o candeeiro mas ele de mortiço não passa.

Acho que vou ter que comprar uns lampiões para colar ao lado da cama, que se transformará num óptimo banco de jardim.

Ou então ler ao microscópio.

 

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publicado às 21:02

Cigarras

por Sofia Loureiro dos Santos, em 26.07.20

cigarra.jpg

Cigarra

 

O ar completamente parado, sufocante, de uma luz amarelada e bafienta. As tardes de Verão na província, a obrigatória sesta nos quartos insuportavelmente quentes, com as portadas de madeira que abriam riscas de pó dançante, até que o sono vencia as mais resistentes pálpebras. Ao longe o canto das cigarras era a única coisa que se ouvia.

Outro dia surpreendi-me a ouvir cigarras no Jamor, enquanto me preparava para o treino. Repentinamente senti-me outra vez com 10 anos, naquelas imensas tardes suspensas, como se a vida sustivesse a respiração.

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publicado às 19:32

À atenção do Prof. João Ferreira do Amaral

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.09.16

Ficção ou realidade futura mais ou menos próxima, a saída do euro tem vários defensores, entre os quais, e talvez o mais conhecido, o Prof. João Ferreira do Amaral.

 

Não tenho qualquer capacidade para ter uma opinião sobre o assunto. De qualquer forma, se não em termos económicos ou políticos, a adopção de uma moeda própria, diferente do euro, seria muito interessante, nem que fosse pela nostalgia do coleccionismo.

 

Por isso aqui deixo um estudo que alguém com grande imaginação, sentido estético e conhecedor destas matérias, gentilmente me cedeu, dando um excelente contributo para o nosso eventual regresso ao escudo (que ele não defende, convém que se esclareça). Quem sabe se não seria mesmo uma boa ideia?

 

Proposta para novas notas de Escudo

Designação

  • Escudo Português (ISO: PTE)
  • Novo Escudo Português (ISO: PTS)
  • Euro (ISO: EUR)

 Câmbios

  • EURPTE = 200,482
  • PTSPTE = 200
  • EURPTS = 1,00241

O tema geral das notas são escritores e poetas do século XIX e XX. As notas devem ilustrar e expressar aquilo que o Portugal contemporâneo é, não exortar glórias passadas. O Portugal contemporâneo vive da sua maior herança ao mundo, a lusofonia. Por isso faz sentido que as notas sejam de escritores e poetas do século XIX e XX.

Todas as notas têm na frente um busto da República, seguido das palavras “REPÚBLICA PORTUGUESA” e um escudo português. As notas têm uma faixa de segurança e uma parte em branco com uma marca de água das armas da república. As figuras centrais são sempre acompanhadas da assinatura da figura.

O verso tem o mesmo desenho da frente, com uma figura central que varia entre fauna e flora típica de Portugal, com a respectiva descrição em Português e o nome científico da espécie. No verso estão duas imagens alusivas à cultura portuguesa, uma caravela e um astrolábio. O verso tem também uma citação ou um trecho da obra do escritor que figura na frente da nota.

No geral, cada nota tem um desenho com um jogo de relevos e uma cor dominante para melhor identificação. Além disso há um desenho decorativo de uma linha de cruzes da Ordem de Cristo e no verso uma linha adicional de esferas armilares.

  • 5 Escudos (5 PTS = 4,99 EUR = 1.000 PTE)

A nota de 5 escudos é em tons de cinzento e tem como figura central a Florbela Espanca. No verso tem uma estrofe de um soneto de Florbela Espanca e a figura de um sobreiro típico do Alentejo de onde era natural.

Dimensões – 120mm x 62mm

5 escudos frente.jpg

5 escudos verso.jpg

  •  10 Escudos (10 PTS = 9,98 EUR = 2.000 PTE)

A nota de 10 escudos é em tons de azul e tem como figura central o Miguel Torga. No verso tem uma parte dum poema seu e a figura de um Lobo Ibérico muito comum no norte de Portugal de onde era natural.

Dimensões – 127mm x 67mm

10 escudos frente.jpg

10 escudos verso.jpg

  • 20 Escudos (20 PTS = 19,95 EUR = 4.000 PTE)

A nota de 20 escudos é em tons de azul-marinho e tem como figura central a Sophia de Mello Breyner Andreson. No verso tem uma parte dum poema seu e a figura duas cegonhas brancas típicas por todo o país.

Dimensões – 133mm x 72mm

20 escudos frente.jpg

20 escudos verso.jpg

  • 50 Escudos (50 PTS = 49,88 EUR = 10.000 PTE)

A nota de 50 escudos é em tons de verde e tem como figura central a de José Saramago. No verso tem um trecho do Ensaio Sobre a Cegueira e figura um Lince Ibérico, animal icónico tanto no sul de Portugal como em Espanha.

Dimensões – 140mm x 77mm

50 escudos frente.jpg

50 escudos verso.jpg

  • 100 Escudos (100 PTS = 99,76 EUR = 20.000 PTE)

A nota de 100 escudos é em tons de vermelho e tem como figura central Fernando Pessoa. No verso tem uma parte de um poema da Mensagem. Figura também uma imagem de pinheiros bravos em alusão à ideia na Mensagem de que D. Dinis tinha plantado os pinheiros para construir embarcações.

Dimensões – 147mm x 82 mm

100 escudos frente.jpg

100 escudos verso.jpg 

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publicado às 19:43

Do estado turístico

por Sofia Loureiro dos Santos, em 06.06.15

Hoje é sábado, amanhã é domingo.

(...)

O dia é sábado.

(...)*

turista.png

 

É o melhor dia da semana. Então quando solarengo e quente, à beira rio, nada melhor para nos apaziguarmos com o mundo. Além disso, para além de não haver nada como o tempo para passar*, há sempre a apreciação das regatas, do sol coado pelas lentes escuras, do brilho reflectido no Tejo e dos passeantes.

 

E se há gente nestes dias, uma classe de gente que se multiplica e prolifera por todas as cidades turísticas – os turistas. De todas as etnias, de todos os continentes, de todas as idades, em comum a ser e estar-se turista.

 

Essa comunhão no ser e no estar forma uma espécie de irmandade com os seus códigos de conduta. Desde o aspecto vincadamente despreocupado e alegre à estudada indumentária para passear, usufruindo das delícias indígenas e documentando aplicadamente momentos para publicar nas redes sociais, os turistas cumprem a sua função com um profissionalismo empenhado.

 

E assim podemos distinguir aqueles que se passeiam obrigatoriamente vestidos de calções, blusas fluidas de cores berrantes, preferencialmente com motivos florais, óculos escuros coloridos de verde, rosa choque, azul ou preto, sempre espelhados, chapéus que se evidenciam pela enormidade das abas (mesmo a ausência das copas) e nos pés as globalizadas havaianas, sandálias rasas de sola fina, totalmente incómodas, fazendo com que cada pedra da calçada seja sentida pelos doridos pés (a modalidade sandálias-com-meias reduz este problema); em alternativa há ténis com as cores o mais diferentes possível das flores das blusas. Não esquecer as mochilas, as garrafas de água e os telemóveis para as selfies. Há uma minoria mais sofisticada que se passeia com máquinas fotográficas (retro) a tiracolo.

 

Importantíssima a atitude de boca escancaradamente aberta em sorrisos admirativos, a voz suficientemente alta para se ouvirem as arrebatadas exclamações de felicidade. Podemos imaginar qualquer pacata e discreta criatura, no seu dia-a-dia de trabalhadora, comedida no falar e no vestir, transfigurada neste estado turístico passageiro e cíclico, tal qual as estações do ano.

 

*Dia da Criação

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publicado às 22:21

Dia(s) da(s) mãe(s)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.05.15

mothers_day_829165.jpg

 

Olá, boa tarde.

 

Que lindo dia está, que lindo dia da mãe. Chove um pouco, é verdade, está ligeiramente cinzento (e frio também), é certo, mas é aquele dia dedicado às mães, a todas as mães, grandes, pequenas, gordas, magras, novas, velhas, muito velhas, aquele em que é suposto darem-se-lhes muitas prendas, muitos beijos, escrever nos facebooks muitos poemas e muitos carinhos.

 

Enfim, já que um dia não são dias, toca lá a despachar mais esta efeméride e a marcar um restaurante para o jantar em família, juntando avó e filha (as homenageadas), marido e filhos. Ultrapassando o facto de todos serem longe, caros e estarem fechados aos domingos, arranja-se um que, pelo nome, pode ser que não seja mau (a ver vamos, darei notícias posteriores).

 

Depois, para que possa desfrutar deste dia da mãe, descansadíssima como mãe que sou, já ontem despachei a pilha de análises por resolver, a compra dos legumes e da fruta, enchi e esvaziei máquinas de louça e roupa, para que o dia da mãe chegasse livre e escorreito, prometendo gozo e descanso.

 

Por isso mesmo fui logo de manhã ao hipermercado: compras já arrumadas, sopa preparadíssima e legumes guisados para a semana. Falta apenas acabar o workshop que tenho pendurado pois, durante a semana, não há tempo de o organizar. Tudo para que o jantar deste dia (da mãe) seja o êxito que se quer e se merece.

 

Não é (foi) um dia (fim de semana) soberbo? Muito diferente dos outros, ou não fosse ele dedicado às mães que, neste seu dia anual, podem descansar das fadigas rotineiras e habituais.

 

Um feliz dia a todas aquelas que hoje são lembradas e mimadas - as mães.

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publicado às 16:03

Não houve quem ouvisse...

por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.03.15

DiaPoesia_Web.jpg

 

Aqui

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publicado às 12:55

Do diletantismo (pouco) militante

por Sofia Loureiro dos Santos, em 17.01.15

compota abobora chocolate.png

Hoje lembrei-me desta minha amiga e colega por duas vezes. Primeiro porque ouvi, por acaso, um programa na TSF (Património à mesa) sobre história da alimentação e dos alimentos, hábitos culturais ligados à gastronomia e à mesa, dos ricos e dos pobres. Ana Marques Pereira foi uma das convidadas e ainda bem. Desde há muito tempo que lhe conheço o gosto e a curiosidade por estes e outros temas, que ela não é pessoa para se esgotar num único interesse. Há cerca de 1 ano organizou uma exposição sobre licores, publicou um livro, e até eu participei numa aula sobre a confecção dos mesmos.

 

A segunda foi ao ver um episódio de uma série com a Miss Marple, detective amadora criada por Agatha Christie. E lembro-me de discutirmos as nossas adaptações preferidas dos detectives de Agatha Christie: Poirot e Miss Marple. Na realidade, embora concorde que a série protagonizada por David Suchet é a que melhor representa a personagem de Hercule Poirot, um detective belga muito vaidoso, pequeno e de cabeça ovóide, com um bigode magnificente e umas células cinzentas bem activas, não a acompanho quando considera que a Jane Marple de Joan Hickson é fiel ao retrato que dela faz a sua criadora.

 

Confesso  que não conheço nenhuma série nem nenhum filme que, a meu ver, consiga mostrar-nos uma velhota solteirona frágil, ligeiramente anafada, um pouco atarantada, coberta de malhas fofas, com uns olhos azuis penetrantes e inteligentes e que, sempre em conversa com os outros, deslinda os mais complicados e misteriosos crimes. A que está a passar agora no FOX Crime é muito interessante mas, mais uma vez, longe daquilo que eu imagino que seja a Miss Marple.

 

Não sei se a minha Miss Marple gostaria de cozinhar, mas suspeito que sim e que apreciaria a experimentação e a curiosidade de combinar produtos diferentes. No seguimento dessa minha hipótese já despachei uma das abóboras, fazendo um doce de abóbora com chocolate, cuja receita encontrei neste blogue fantástico, tal como o outro da mesma autora.

 

Juntei abóbora aos bocadinhos (enfim, mais aos bocadões) com açúcar (650 g por cada quilo de abóbora), canela (em pau, 2 por quilo), sumo e raspa de laranja (1 por quilo) numa grande panela que foi ao lume, e esperei mais ou menos pacientemente que começasse a fazer ponto. Nessa altura triturei a abóbora com a varinha mágica (é melhor retirar os paus de canela antes) e deixei que chegasse à tão ambicionada estrada. Depois parti chocolate de culinária (com 70% de cacau, 100 g por quilo) aos quadradinhos e deixei derreter, mexendo sempre. Foi um êxito, mais fora do que dentro de casa porque, como em tudo, Santos da casa não fazem milagres, dá Deus nozes a quem não tem dentes, etc.

 

Resta-me encontrar mais novidades para as outras arrumadas na cozinha, a estorvarem um pouco os passos de quem quer chegar à roupa. Enfim, tudo a seu tempo, que a vida não está para pressas nem inconseguimentos.

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publicado às 21:38

Laboratório da palavra dita

por Sofia Loureiro dos Santos, em 08.01.15

Aproveitem esta oportunidade:

 

laboratorio palavra dita.png

 

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publicado às 21:33

Do prazer de viajar

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.01.15

80dias.jpg

Viajar é das coisas que mais gosto de fazer. O absoluto prazer de ver outras paragens, outras pessoas, outras realidades, misturar-me com as culturas locais, ver as ruas, os rios, os barcos, os automóveis, os trajes, as casas, as comidas e bebidas, os hábitos, a língua, enfim, experimentar bocadinhos do resto do mundo.

 

Confesso, no entanto que, à medida que os anos passam, me vou transformando numa viajante mais exigente e mais burguesa, pois a aventura de dormir ao deus dará, sem certezas nem conforto, são-me cada vez menos apelativas.

 

Sabendo desse meu gosto inesgotável, fui presenteada com duas séries de viagem efectuadas e narradas por Michael Palin, interessantíssimas, leves e bem dispostas, com o picante do inesperado, de coisas que foram correndo menos bem e outras dentro ou acima do esperado. A volta ao mundo em 80 dias, em que se procurou reproduzir a viagem de Phileas Fogg, herói de Júlio Verne, inaugurou um determinado tipo de documentários sobre viagens e viajantes, penso eu. Em relação a Himalaias, estou a rever a série porque esta já passou num dos canais da televisão, não me lembro qual, e é deslumbrante.

 

himalaya.jpg

Não podendo eu mesma fazer este tipo de viagens, sabe-me imensamente bem partilhar as aventuras de quem as arriscou e aproveitou. Só tenho pena que a minha fluência em Inglês não me permita comprar mesmo as séries não legendadas que, mesmo em inglês, ajudam bastante.

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publicado às 19:00

Das tristezas que não pagam dívidas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 31.12.14

E como é tempo de começar, comecemos bem, comendo, bebendo e brincando (ai, ai), que é o que se leva desta vida.

 

Este Natal, mesmo não relatados, os repastos foram muitos e fartos, em quantidade e qualidade certificadas: rabanadas, filhós, azevias, aletria, sonhos, bacalhau com batatas, couves e grão, vinho tinto Cartuxa EA, licores dos mais finos da adega caseira, marca Dona Sofia & Companhia (marca reputada e habitual à mesa cá de casa). Não falo da calda maravilhosa que tentei repetir (para os sonhos), que desta vez ficou maravilho...samente espessa, impossibilitada de fluir e ensopar os ditos (esses sim, maravilhosos). O arroz de pato da Chefe Mais Sábia foi uma festa para os palatos mais exigentes. E esta Consoada teve um gosto muito especial, pois a família reuniu-se com os andarilhos pelo mundo de regresso a casa (ainda que momentaneamente para alguns), além de novos comensais, de paragens mais longínquas.

 

Mas isto é o preâmbulo para a descrição dos mimos que estão a ser preparados para degustar pela noite dentro e pela madrugada fora, em animação madura e contida mas não menos real. O Chefe prepara os Camarões à Tio Fausto (um must nestes réveillons), para além dos patés e dos queijos com as respectivas tostas e bolachas de água e sal, da salada de frutas especial (que chega, pelo menos, para 300 pessoas), da sempre eterna e omnipresente aletria, do vinho Chardonnay Borgonha Côtes D'Auxerre e do champanhe Veuve Émille, que nos acompanharão e ampliarão a alegria.

 

Com conversa, convívio e amizade, faremos figas e rogaremos uma praga à má sorte. António Costa será Primeiro-Ministro, António Guterres será Presidente da República, a Justiça será uma realidade e nós teremos confiança nela, os jovens começarão a ver uma luz ao fundo do túnel e a Europa regressará a si própria.

 

Que haja trabalho, música, poesia e romance e, mais importante que tudo isso, bom humor e disposição para esquecer os maus dias e aproveitar os bons. E como Carlos do Carmo foi agraciado com o Grammy latino, aqui deixo o Fado da Saudade cantado por ele, com letra de Fernando Pinto do Amaral e música de (envolto em polémica...), também agraciado com um Goya.

 

Fado da Saudade

Fernando Pinto do Amaral & Carlos do Carmo

 

Nasce o dia na cidade, que me encanta

Na minha velha Lisboa, de outra vida

E com um nó de saudade, na garganta

Escuto um fado que se entoa, à despedida

E com um nó de saudade, na garganta

Escuto um fado que se entoa, à despedida

 

Foi nas tabernas de Alfama, em hora triste

Que nasceu esta canção, o seu lamento

Na memória dos que vão, tal como o vento

O olhar de quem se ama e não desiste

Na memória dos que vão, tal como o vento

O olhar de quem se ama e não desiste

 

Quando brilha a antiga chama, ou sentimento

Oiço este mar que ressoa, enquanto canta

E da Bica à Madragoa, num momento

Volta sempre esta ansiedade, da partida

Nasce o dia na cidade, que me encanta

Na minha velha Lisboa, de outra vida

 

Quem vive só do passado, sem motivo

Fica preso a um destino, que o invade

Mas na alma deste fado, sempre vivo

Cresce um canto cristalino, sem idade

Mas na alma deste fado, sempre vivo

Cresce um canto cristalino, sem idade

 

É por isso que imagino, em liberdade

Uma gaivota que voa, renascida

E já nada me magoa, ou desencanta

Nas ruas desta cidade, amanhecida

Mas com um nó de saudade, na garganta

Escuto um fado que se entoa, à despedida

 

Bom Ano para todos!

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publicado às 19:19


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