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Dos inevitáveis fins

por Sofia Loureiro dos Santos, em 20.05.17

Regressámos ao Luxemburgo, após uma excelente e repousante noite num motel absolutamente surpreendente pela qualidade, integrado num supermercado, com um quarto espaçoso, uma casa de banho excelente e uma oferta de café Nespresso à chegada. O pequeno almoço esteve à altura, com o melhor café da temporada, pão, queijo, fruta, enfim, uma delícia.

 

O sol despediu-se também, com o fim das férias. Intensa chuva, Luxemburgo caótica, cheia de carros, trânsito e obras.

 

Esta foi uma viagem desejada há bastante tempo. Visitar a zona de fronteira franco-alemã, local da permanente instabilidade na Europa ao longo dos séculos XIX e XX, desde a Guerra Franco-Prussiana à II Guerra Mundial, passando pela I Grande Guerra, é muito importante para entender as pulsões nacionalistas, como elas são importantes e podem ser manipuladas para se atingirem objectivos de poder expansionista, ver onde se sofreu e fez sofrer, onde se dizimaram populações, onde se praticaram coisas inimagináveis em nome de uma imaginada superioridade natural e genética. É mesmo uma das melhores formas de não repetirmos erros e massacres.

 

Nunca é demais percebermos que somos seres capazes do melhor e do pior, que a luta pela sobrevivência pode levar às maiores vilezas, mas que o sentimento de solidariedade e amor pelo próximo existem, são mais do que quimeras religiosas ou frases feitas, e são essenciais para a continuação da nossa espécie e até do nosso planeta. Novos perigos se aproximam, ou se calhar são velhos, mas com o verniz do tempo a reclamar actualidade. Saibamos ultrapassá-los com os olhos, o pensamento e o sentimento bem ancorado na reflexão do que se passou, porquê e como, para que não volte a passar-se.

 

Foram 10 dias muito felizes e intensos. Viajar é das melhores coisas do mundo. Pelo que de bom encontramos, de diferente aprendemos, do novo que nos inspira, mas também pelo apreciar do que de bom, ou mesmo de melhor nós temos para oferecer, neste nosso canto que tantas vezes diminuímos e desprezamos. E então quando se tem uma viagem tão bem planeada por um guia privado e particular, o sucesso está garantido.

 

Falta-me ainda referir a satisfação pela vitória de Salvador Sobral na Eurovisão, que me apanhou em Nancy. Confesso que já há muitos anos que não assistia ao festival. As músicas, convenhamos, têm sido horríveis e todas iguais. Este ano ouvi a canção portuguesa na Rádio Comercial e fiquei rendida. É melodiosa e despretensiosa e tem uma letra que cola com a música. Na realidade nunca pensei que Portugal ganhasse. Pode ser que seja um bom presságio e que o festival mude um pouco e deixe de ser um conjunto de inanidades a todos os níveis. Parece que o público está a fartar-se de idiotices. Parabéns a todos os que contribuíram para este desfecho, principalmente aos irmãos Luísa e Salvador Sobral.

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