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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Já por diversas vezes ficou bem provado a minha total ausência de clarividência política. Confesso a minha incapacidade para perceber vários fenómenos na sociedade portuguesa.
O primeiro é o fato de uma enorme percentagem dos meus concidadãos pura e simplesmente se absterem de votar. O alheamento e o encolher de ombros, a par do permanente ruído dos queixumes, são uma marca identitária que me custa a aceitar.
O segundo é o sentido de voto que resulta destas eleições, após quatro anos de empobrecimento e retrocesso. Escusamos de versejar e tentar relativizar a perda de maioria absoluta da coligação de direita. Para mim é mesmo incompreensível que tenha ganho, por muito ou por pouco.
O terceiro é a atitude de António Costa que, desde a primeira hora, teve o meu apoio. Após tão estrondosa derrota – não esqueço que defendi que era ele que poderia levar o PS ao governo, substituindo António José Seguro da sua liderança invertebrada, não tem uma palavra para o combate interno que, fatalmente, se seguirá. Mesmo que não se demitisse, e admito que até seja importante manter a serenidade neste período imediatamente anterior às presidenciais, o que estaria à espera era que, pelo menos, anunciasse a realização de um Congresso extraordinário onde poderia reforçar (ou não) a sua liderança. O PS vai precisar de ter um líder incontestado e, neste momento, ou António Costa assume o risco de pedir que o desafiem e lhe disputem o lugar de Secretário Geral, ou o PS vai continuar em lutas internas enfraquecendo-se e esboroando-se.
Mas claro, isto sou eu que não entendo o resultado das eleições. Uma coisa é certa – teremos PAF por mais uns belos tempos. Este modelo foi sufragado e o PS terá que ter força para conseguir negociar algumas das suas bandeiras eleitorais.
Quanto às presidenciais – e que tal o PS repensar também a sua estratégia? É que se anuncia mais uma estrondosa derrota, seja ela com Sampaio da Nóvoa ou com Maria de Belém.
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