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Do meu próprio inconseguimento (2)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 05.10.15

resultados eleitorais.JPG

 

Já por diversas vezes ficou bem provado a minha total ausência de clarividência política. Confesso a minha incapacidade para perceber vários fenómenos na sociedade portuguesa.

 

O primeiro é o fato de uma enorme percentagem dos meus concidadãos pura e simplesmente se absterem de votar. O alheamento e o encolher de ombros, a par do permanente ruído dos queixumes, são uma marca identitária que me custa a aceitar.

 

O segundo é o sentido de voto que resulta destas eleições, após quatro anos de empobrecimento e retrocesso. Escusamos de versejar e tentar relativizar a perda de maioria absoluta da coligação de direita. Para mim é mesmo incompreensível que tenha ganho, por muito ou por pouco.

 

O terceiro é a atitude de António Costa que, desde a primeira hora, teve o meu apoio. Após tão estrondosa derrota – não esqueço que defendi que era ele que poderia levar o PS ao governo, substituindo António José Seguro da sua liderança invertebrada, não tem uma palavra para o combate interno que, fatalmente, se seguirá. Mesmo que não se demitisse, e admito que até seja importante manter a serenidade neste período imediatamente anterior às presidenciais, o que estaria à espera era que, pelo menos, anunciasse a realização de um Congresso extraordinário onde poderia reforçar (ou não) a sua liderança. O PS vai precisar de ter um líder incontestado e, neste momento, ou António Costa assume o risco de pedir que o desafiem e lhe disputem o lugar de Secretário Geral, ou o PS vai continuar em lutas internas enfraquecendo-se e esboroando-se.

 

Mas claro, isto sou eu que não entendo o resultado das eleições. Uma coisa é certa – teremos PAF por mais uns belos tempos. Este modelo foi sufragado e o PS terá que ter força para conseguir negociar algumas das suas bandeiras eleitorais.

 

Quanto às presidenciais – e que tal o PS repensar também a sua estratégia? É que se anuncia mais uma estrondosa derrota, seja ela com Sampaio da Nóvoa ou com Maria de Belém.

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publicado às 10:34


7 comentários

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De Niki a 05.10.2015 às 11:22

Não sei se teremos uns bons anos de PAF, porque se António Costa se manter parece-me que irá votar contra todas as medidas e a primeira será a do OE.
Acho que um dos principais motivos pelos quais perdeu, foi a fraca campanha eleitoral que o PS teve.
Até a sua atitude de que o PS não precisaria de ninguém para governar caso ganha-se mostrou que ele não estaria aberto e disponível a negociações.
Acho que num momento como este em que não existe uma maioria absoluta, é necessário e urgente um entendimento entre PS e coligação, para o bem do país, pois a instabilidade política ira fazer tremer os mercados e vamos ficar pior do que estávamos.
Quanto as presidências também sou a favor que os possíveis candidatos do PS não me parecem grandes alternativas, lá esta a não ser que mudem algo, de certo iram ter nova derrota.
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De Célia a 05.10.2015 às 21:52

Sim, sim, os papões dos mercados. Não acordemos a besta sem rosto!
Estou saturada desta linguagem do medo, esta linguagem obscena dos neoliberais, dos neocapitalistas, do raio que vos parta.
Irra!
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De A.Teixeira a 05.10.2015 às 11:32

Sobre as presidenciais, ouviu-se de Jorge Coelho (quem diria?!) na noite eleitoral a proposta que me parece mais assisada: «PS deve abster-se de apoiar algum candidato na primeira volta das presidenciais»
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De Jaime Santos a 05.10.2015 às 12:16

Relativamente a António Costa, parece-me que é cedo para anunciar o que quer que seja. Acho que ele ontem esteve bem, sobretudo fartou-se de gozar com os jornalistas que já lhe tinham tirado as medidas do caixão. O PS deverá agora conduzir uma discussão interna, em que provavelmente Costa terá mesmo que oferecer um Congresso e Primárias à oposição interna. Mas julgo que esta se enfraqueceu e muito com a candidatura de Maria de Belém e outras facadinhas nas costas do Secretário-Geral, por muito que o Dr. Beleza jure o contrário
(alguém o imagina a ele ou a Brilhante Dias como sucessores de Costa?). Quanto à proposta de Jorge Coelho, não tem pés nem cabeça, é atirar a toalha ao tapete antes da luta, ou um candidato presidencial tem o apoio da máquina do PS, ou perde clamorosamente para o PáF-Marcelo à primeira volta, como bem disse Pacheco Pereira. O ideal era mesmo que aparecesse um terceiro candidato/a. Mas se a escolha for entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, devolvam a palavra aos militantes e simpatizantes, façam primárias e ponham os dois a discutir um com o outro, para percebermos o que defendem e para ganharem espaço mediático ao Propagandista-Mor da Direita...
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De Francisco Clamote a 05.10.2015 às 12:22

Uma (fraca) palavra de conforto: não está só no inconseguimento. Saudações amigas.
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De Manuel Pacheco a 05.10.2015 às 18:26

Assim começou a noite das facas longas:
António Costa tem de se precaver porque os Seguristas não lhe vão dar descanso. Ainda não digeriram a derrota nas Eleições directas. Mas o mais bonito e´ que estes Seguristas neste momento não se apercebem que estão a dar ouro ao bandido. Estão a fazer o jogo da direita.
Não se lembram do que foi noticiado nos jornais após o debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa que elementos da Coligação PAF avisaram a CDU que estavam a perder simpatias no eleitorado. A partir daí a Coligação CDU começou com ataques e mais ataques ao PS e António Costa. Ao ouvir esses ataques a Coligação PAF regozijava-se de contentamento. E´ o que acontece neste momento. PAF e comunicação social estão nas suas quintas. Só que agora quem faz esse “trabalho” são quem se intitula PS.
Daqui faço um apelo a António Costa que não desista e quando marcar o congresso extraordinário que se candidate a novo mandato. Que dê oportunidade aos simpatizantes do PS que possam votar nas directas. Depois quero ver quem tem dedos para tocar viola.
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De Zé T. a 06.10.2015 às 10:52

O PS está mal e não é de agora...

1º- Apesar do 'palavreado' e das referências históricas, de facto, o PS abdicou de ser "republicano" e "socialista"/social democrata, desde o 'Blairismo/nova via', seguindo-se a sua captura ideológica e prática pelo neoliberalismo ...

2º- Tal como o PSD (ambos partidos do centrão de interesses e negociatas), o objectivo da 'entourage/corte dirigente' é o benefício próprio, a subida a todo o custo, a obtenção de 'tachos' e benesses, o controlo de grupos e apoiantes, com o associado atropelo de regras democráticas, manipulação, falta de ética, falta de crítica e liberdade de expressão, o mascarar de malfeitorias e incompetências, o engano e burla de militantes e simpatizantes -- que, não sendo parvos nem tendo estômago para tal, afastam-se desmotivados, desinteressados do convívio com este tipo de 'políticos' e aprendizes. O objectivo destes politiqueiros é o assalto/instalação (rotativa e partilhada com o PSD) no poder político para repartir 'tachos' e benesses entre os seus 'barões', familiares, amantes, sócios de negócios/empresas e jotas mais 'aguerridos' ... , destruindo a militância e secções, fechando sedes, não discutindo política, nem medidas, nem moções, nem programas, nem candidaturas, nem métodos, nem resultados, ... transformando o Partido (associação política sem fins lucrativos)numa sociedade anónima de capitais/ 'donativos/ investimentos' privados e públicos, com uma minoria de grandes accionistas, um grupo de accionistas/ dirigentes/tachistas/ cortesãos e uma maioria de micro-accionistas acéfalos e papalvos.

3- Não tendo sido feitas as imprescindíveis reformas e o afastamento das 'maçãs podres', o partido tem vindo a decair (tal como o desinteresse/ abstenção dos cidadãos tem vindo a aumentar). Fala-se em 'facas longas' mas não havendo 'tomates' para as usar, vão utilizando facadinhas, armadilhas e venenos- o resultado é bem pior, e não se limpa nem levanta o Partido.
Afastar o Secretário-geral (este, o anterior, o próximo...) é apenas esconder a porcaria debaixo do tapete... e aumentar mais divisões/ facções, deixando espaço para os mais aguerridos/matreiros subirem ao poder ...independentemente da sua (in)competência, da avaliação crítica das causas e factores, da responsabilização, da definição de rumo ... e da necessária "revolução" interna... e externa, da política portuguesa e europeia.
...
Zé T.

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